Tramas do cuidado nos limiares da vida e da morte: violência, gênero e tempo nas periferias da cidade de São Paulo

Auteurs

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https://doi.org/10.22409/antropolitica.i.a56478

Mots-clés:

Périphérie, Violence d'État, Care, Marqueurs sociaux de la différence, Rapports de genre

Résumé

Neste texto, trato dos efeitos da violência decorrente de guerras envolvendo homens do Estado e do crime que recaem sobre famílias que moram nas periferias da cidade de São Paulo. Demonstro que os impactos vão muito além dos corpos diretamente vitimados, imiscuindo-se nas relações de familiares e vizinhos, perdurando no tempo. Argumento que a violência, absorvida pela vida ordinária, é experimentada e enfrentada não somente por linhas de raça e classe social, mas também por gênero. Enquanto são os homens que estão diretamente envolvidos em conflitos ligados ao controle de territórios produzidos pela necropolítica – sendo, portanto, as vítimas e os perpetradores diretos de homicídios, agressões e prisões –, sobre as mulheres recaem a dor da perda e as sobrecargas financeiras e emocionais acumuladas pela responsabilidade do cuidado, demandada por aqueles que estão vivos e pela tarefa cotidiana de (re)construir mundos devastados. Sem reafirmar dicotomias de gênero, o objetivo do artigo é demonstrar como a infiltração da violência na vida ordinária produz territórios e subjetividades generificadas. Defendo, enfim, que agenciamentos e estratégias cotidianas realizadas por mulheres para manter a vida são também dimensões produtivas desses territórios, profundamente ancoradas em experiências femininas relacionadas ao árduo, silenciado e criativo trabalho do cuidado.

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Biographie de l'auteur

Milena Mateuzi Carmo, Universidade Federal do ABC

Pós-doutoranda na Universidade Federal do ABC. Doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo.

Publiée

2023-08-02

Numéro

Rubrique

Dossiê Temático