“Por que eles não olham para si mesmos?”: as raízes violentas da modernidade sob a perspectiva das contra-modernidades indígenas
DOI :
https://doi.org/10.22409/antropolitica2025.v57.i3.a64702Mots-clés :
Crítica à Modernidade, Contra-Modernidades, Descolonização, Pensamento Indígena Brasileiro.Résumé
Este artigo propõe uma reflexão sobre os processos de violência da modernidade, que desumanizaram de diferentes maneiras as populações nativas das Américas, por meio das ciências, do imaginário mítico religioso e das ordens jurídico-políticas em cada contexto, contribuindo à consolidação de um regime político racial, cuja hegemonia segue naturalizada nas sociedades ocidentais. O objetivo foi entender como este cenário é confrontado e interpelado ao longo da história, a partir da resistência indígena a se incorporar a esse modelo civilizatório e ao produzir suas contra-modernidades. As fontes foram bibliográficas e adotou-se como ponto de partida a perspectiva do pensamento e da prática política dos povos indígenas brasileiros, articulando leituras de cunho histórico e antropológico à produção de autores indígenas da atualidade. Foi destacada a relevância da retomada indígena, um movimento abrangente de resgate existencial, por meio da qual reivindicam novos pactos sociais, que incluam tanto as populações desumanizadas quanto as múltiplas agências não humanas. Concluiu-se que a urgência do ocidente em olhar para si, a fim de compreender suas catástrofes e crises, imprescinde da contribuição indígena, tanto para reconhecer as contradições insuperáveis da modernidade quanto para imaginar futuros e construir possibilidades de vida viáveis. Por fim, espera-se que esta reflexão ofereça aportes a uma agenda de descolonização de metodologias e práticas.
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