Memórias em rasura: arte e tecnologia na reinterpretação do passado
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2025.v57.i1.a65614Palavras-chave:
Arte contemporânea, Acervos, Tecnologia, Museus, Memória.Resumo
Como a arte tem revisitado passados históricos “oficiais” e seus acervos institucionais? A partir dessa questão, propomos uma análise sobre como artistas contemporâneos têm se debruçado criticamente sobre a historiografia e seus arquivos coloniais. A pesquisa, resultado de uma colaboração entre dois pesquisadores-curadores-artistas, reúne alguns casos internacionais e nacionais, entre os quais se inclui nossa própria atuação no campo, com o intuito de investigar como a arte articula preocupações memorialistas, práticas museográficas e novas tecnologias. Abordamos obras que envolvem expografia crítica e o uso de imagens de arquivo, bem como procedimentos técnicos contemporâneos, como a manipulação de documentos digitais de alta resolução. O texto destaca como essas ferramentas permitem maior acesso aos acervos e ampliam o campo de ação artística, especialmente para sujeitos historicamente marginalizados. São mencionadas, além dos próprios artistas, instituições públicas e privadas, com destaque para as de perfil museológico, que estão implicadas de formas distintas nesse processo: ora como reificadoras de dinâmicas coloniais, ora como interessadas em reescrever e reelaborar suas próprias coleções e acervos. A discussão explora a importância das práticas museológicas, como exibição, inventário, catalogação, digitalização e os desafios envolvidos nos seus usos no contexto atual, em que tanto demandas sociais, quanto novas tecnologias se tornam incontornáveis.
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