Legítima defesa, vingança privada e providência: as faces da justiça em Os irmãos Dagobé, de Guimarães Rosa
DOI:
https://doi.org/10.22409/cadletrasuff.v32i63.47840Resumo
Dos principais temas presentes na obra de Guimarães Rosa, o da justiça foi elaborado de maneira muito peculiar e permanece atual ainda hoje. No espaço sertanejo da maioria das histórias escritas por ele, não há a presença do Estado e a justiça é realizada pelas próprias personagens ou pela providência divina. O cerne deste trabalho é verificar a construção de tal tema no conto "Os irmão Dagobé" de Primeiras estórias, livro de narrativas curtas publicado em 1962. Interessa averiguar também se o tratamento dessa matéria coaduna-se com o ambiente sócio-histórico representado na composição. Para tanto, partimos da análise de elementos narrativos, como a história, o narrador, as personagens e o espaço social, com base nos postulados de Genette em O discurso da narrativa para observar como essas categorias constroem o tema em pauta. Finalmente, conclui-se que a ausência do Estado no espaço rural de Minas Gerais, onde acontece a história, leva as personagens a fazer justiça pelas próprias mãos em busca de vingança em legítima defesa e que, nesse percurso, temos uma ação providencial que leva a paz ao espaço representado através da inversão da lei do mais forte. O embasamento teórico do trabalho, além da obra estruturalista já citada, consiste na crítica sobre nosso corpus como, por exemplo, Lugar do mito de Ana Paula Pacheco. Além disso, lançamos mão de teorias filosóficas e jurídicas da justiça, como Filosofia do direito, de Paulo Nader.
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