O tradutor como divulgador (ou não) da cultura do texto de partida: as notas de rodapé de duas traduções para o inglês de Iaiá Garcia, de Machado de Assis

Autores

  • Adriana Mayumi Iwasa Braccini USP
  • Válmi Hatje-Faggion Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.22409/cadletrasuff.v33i65.55554

Resumo

A maneira como aspectos culturais presentes em uma dada obra literária são traduzidos para um novo sistema literário depende primordialmente das escolhas de seus tradutores, que podem ser identificadas como mais domesticadoras ou mais estrangeirizadoras (Venuti, 1995), e por isso, os tradutores detêm papel extremamente relevante quando se examina a tradução para o inglês dos marcadores culturais de uma determinada obra literária. Este artigo busca, por meio da análise descritiva dos paratextos (Genette, 1997), mais especificamente das notas de rodapé, discutir se o tradutor que as utiliza, e que, por isso, tende a ser mais “estrangeirizador”, realmente apresenta da melhor forma as questões culturais (Aubert, 2006) do texto de partida no texto de chegada. Para subsidiar essa análise, foram comparadas duas traduções para o inglês de Iaiá Garcia (1878), de Machado de Assis, quais sejam: Yayá Garcia (1976), traduzida por Robert Scott-Buccleuch, publicada no Reino Unido, e Iaiá Garcia (1977), traduzida por Albert Bagby Jr, publicada nos Estados Unidos, e ambas cotejadas com o texto de partida correspondente em português. Com base no cotejo desses três textos, conclui-se que Scott-Buccleuch tende a ser um tradutor mais “domesticador” enquanto Bagby Jr. tende a ser mais “estrangeirizador”. No entanto, na maioria das vezes em que Bagby Jr. utilizou notas de rodapé em sua tradução para esclarecer aspectos da cultura brasileira, aparentemente ele não conseguiu com esse recurso destacar as peculiaridades culturais do país, o que demonstra que nem sempre o tradutor mais “estrangeirizador” consegue evidenciar os aspectos culturais do texto de partida.

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Biografia do Autor

Adriana Mayumi Iwasa Braccini, USP

Doutoranda em Estudos da Tradução pela Universidade de São Paulo. Mestra em Estudos de Tradução pela Universidade de Brasília (2022).

Válmi Hatje-Faggion, Universidade de Brasília

Válmi Hatje-Faggion é Professora Titular da área de Estudos da Tradução da Universidade de Brasília- UnB. Fez Doutorado (Ph.D. in Translation Studies/ Estudos da Tradução) sob a orientação da Professor Emerita Susan Bassnett, na University of Warwick, Inglaterra (1997-2002). Realizou pós-doutorado em Estudos da Tradução sob a orientação do Professor Dr. Jeremy Munday na University of Leeds, Inglaterra (2017-2018). No Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução atua na Graduação (Tradução-Inglês) e na Pós-Graduação em Estudos da Tradução- POSTRAD. As pesquisas e publicações tratam de tradução, história, recepção e crítica da tradução; de tradução de literatura brasileira (para inglês, alemão, italiano e neerlandês), de literatura de língua inglesa e de literaturas africanas; contemplam, também, a obra de Machado de Assis traduzida (para o inglês, italiano, neerlandês e alemão) e a tradução audiovisual, intersemiótica e adaptação. É Líder do Grupo de Pesquisa CNPq/UnB- Estudos de Tradução (2006-). Integra o GT Estudos da Tradução da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística- ANPOLL. Participa de conselhos editoriais de revistas e livros na área de Estudos da Tradução e correlatas. Membro titular de Conselhos, Colegiados e Comissões Superiores da Universidade de Brasília (CEPE, CPA, DPP). Integrou o Grupo de Multiplicadores para Capacitação de Avaliadores do MEC/ SINAES/INEP - BASis. É membro ad hoc de comissões/consultoria/assessoria: na CAPES; em Agências de Fomento para Pesquisa e eventos de instituições governamentais (nacionais e internacionais); e, no MEC/ INEP (para cursos presenciais e de EaD, Tecnológicos e Letras e, para Avaliação de Instituições de Educação Superior); É Coordenadora do Programa Permanente de Extensão "Outros Idiomas" do UnB Idiomas na Universidade de Brasília (2018-). Foi coordenadora de Curso: Graduação Letras-Tradução/ Português-Inglês/Francês (2006-2008). Foi Coordenadora do POSTRAD (2013-2015) - Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da UnB. É Especialista em EaD (Educação a distancia) pela Universidade de Brasília- UnB (2008).

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Publicado

2023-01-11

Como Citar

IWASA BRACCINI, A. M.; HATJE-FAGGION, V. O tradutor como divulgador (ou não) da cultura do texto de partida: as notas de rodapé de duas traduções para o inglês de Iaiá Garcia, de Machado de Assis. Cadernos de Letras da UFF, v. 33, n. 65, p. 71-97, 11 jan. 2023.