Quem tem direito aos direitos? a produção de pessoas transexuais como "sujeitos de direitos"

Autores

  • Lucas Freire Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.22409/conflu17i3.p431

Palavras-chave:

Transexualidade, Direitos, Legitimidade

Resumo

A partir do acompanhamento das rotinas de trabalho das funcionárias do Núcleo de Defesa da Diversidade Sexual e Direitos Homoafetivos (NUDIVERSIS) da Defensoria Pública Geral do Estado do Rio de Janeiro (DPGE-RJ) tanto nos atendimentos aos usuários do serviço, quanto em seus expedientes internos, busco discutir como as pessoas transexuais são produzidas enquanto “sujeitos de direitos” no cotidiano da administração pública. Destaco que esta produção engendra uma série de definições e avaliações acerca de quem seriam os “sujeitos legítimos” a pleitear a “requalificação civil”. Assim, exploro duas questões principais: a) os critérios utilizados para julgar estas pessoas, tais como o “real interesse”, a “idoneidade legal” e a “verdade do sofrimento” vivenciado; b) o modo pelo qual tais avaliações dependem, em grande parte, da capacidade das pessoas transexuais de despertarem a empatia das operadoras do Direito que atuam na instituição.

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Biografia do Autor

Lucas Freire, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/MN/UFRJ)

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Publicado

2015-12-20

Como Citar

Freire, L. (2015). Quem tem direito aos direitos? a produção de pessoas transexuais como "sujeitos de direitos". Confluências | Revista Interdisciplinar De Sociologia E Direito, 17(3), 92-114. https://doi.org/10.22409/conflu17i3.p431

Edição

Seção

Dossiê