Oitivas cerimoniais: relatos descritivos do sistema de justiça juvenil paulistano

Autores

  • Thiago Rodrigues Oliveira Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.22409/conflu18i3.p476

Palavras-chave:

Justiça juvenil, Práticas judiciais, Processo decisório, Estatuto da Criança e do Adolescente, Sistema frouxamente ajustado

Resumo

O presente artigo discute o funcionamento do sistema de justiça juvenil a partir de relatos descritivos de observações diretas no âmbito do Fórum responsável por adolescentes em conflito com a lei no município de São Paulo. O desenho de pesquisa proposto configura um estudo exploratório, cujo objetivo não consiste em testar hipóteses deduzidas da literatura, mas se limita a levantar questões plausíveis que poderiam ser dedutivamente testadas. Nesse sentido, foram realizadas observações diretas de audiências de apresentação e de continuação nas Varas da Infância e da Juventude e, particularmente, de oitivas informais no Ministério Público - as observações foram realizadas semanalmente durante quatro meses em 2014. Além da centralidade do Ministério Público no processo decisório, a investigação concluiu que as oitivas informais acontecem cerimonialmente, de modo a preservar o mito de uma justiça individualizada, mas sem efeitos diretos sobre as decisões em si, dado que elas são tomadas aprioristicamente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Thiago Rodrigues Oliveira, Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo

Pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo. É graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (2013) e mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo (2016).

Referências

ALMEIDA, Bruna G. 2010. A experiência da internação de adolescentes: práticas punitivas e rotinas institucionais. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo.

________________. 2014. “O verdadeiro arrependimento como processo: o lugar da infração na execução da medida socioeducativa de internação”. Confluências - Revista Interdisciplinar de Sociologia e Direito, 16(3): 220-243.

________________. 2016. A racionalidade prática do isolamento institucional: um estudo da execução da medida socioeducativa de internação em São Paulo. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo.

ALVAREZ, Marcos César. 1989. A emergência do Código de Menores de 1927: uma análise do discurso jurídico e institucional da assistência e proteção aos menores. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo.

BATITUCCI, Eduardo; CRUZ, Vinicius; SANTOS, Andréia; RIBEIRO, Ludmila; SOUZA, Letícia. 2010. “A justiça informal em linha de montagem Estudo de caso da dinâmica de atuação do JECrim de Belo Horizonte”. Civitas - Revista de Ciências Sociais, 10(2): 245-269.

CAMPOS, Marcelo. 2009. “Mídia e política: a construção da agenda nas propostas de redução da maioridade penal na Câmara dos Deputados”. Opinião Pública, 15(2).

CICOUREL, Aaron. 1968. The social organization of juvenile justice. Nova Iorque: Wiley.

COELHO, Edmundo Campos. 1978. “Da criminalização da marginalidade à marginalização da criminalidade”. Revista de Administração Pública, 12(2).

________________. 1986. “A administração da justiça criminal no Rio de Janeiro”. Dados - Revista de Ciências Sociais, 29(1).

FÁVERO, Eunice. 2012. “Entre proteção e punição: o controle sociopenal dos adolescentes”. Serviço Social & Sociedade, 109: 201-204.

FEELEY, Malcom. 1979. The process is the punishment: handling cases in a lower criminal court. Nova Iorque: Russell Sage Foundation.

FREITAS, Renan e RIBEIRO, Ludmila. 2014. “Some current developments in Brazilian Sociology of Crime: Towards a Criminology?”. International Journal of Criminology and Sociology, 3.

HAGAN, John; HEWITT, John; ALWIN, Duane. 1979. “Ceremonial justice: crime and punishment in a loosely coupled system”. Social Forces, 58(2): 506-527.

MEYER, John e ROWAN, Brian. 1977. “Institutionalized organizations: formal structure as myth and ceremony”. American Journal of Sociology, 83(2): 340-363.

MIRAGLIA, Paula. 2005. “Aprendendo a lição: uma etnografia das Varas da Infância e da Juventude”. Novos Estudos - CEBRAP, 72(1).

OLIVEIRA, Thiago R. 2016. Mecanismos sociais de decisões judiciais: um desenho misto explicativo sobre a aplicação da medida socioeducativa de internação. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo.

PAIXÃO, Antônio. 1982. “A organização policial numa área metropolitana”. Dados - Revista de Ciências Sociais. 25(1).

PAULA, Liana. 2011. Liberdade assistida: punição e cidadania na cidade de São Paulo. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo.

SAPORI, Luís Flávio. 1995. “A administração da justiça criminal numa área metropolitana”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 10(29).

VARGAS, Joana e RODRIGUES, Juliana. 2011. “Controle e cerimônia: o inquérito policial em um sistema de justiça criminal frouxamente ajustado”. Sociedade e Estado, 26(1): 77-96.

VINUTO, Juliana. 2014. Entre o ‘recuperável’ e o ‘estruturado’: classificações dos funcionários da medida socioeducativa de internação acerca do adolescente em conflito com a lei. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo.

Downloads

Publicado

2017-11-22

Como Citar

Oliveira, T. R. (2017). Oitivas cerimoniais: relatos descritivos do sistema de justiça juvenil paulistano. Confluências | Revista Interdisciplinar De Sociologia E Direito, 18(3), 65-91. https://doi.org/10.22409/conflu18i3.p476

Edição

Seção

Dossiê