EM GUERRA E SEM ARMAS: a pandemia mundial e o desmonte das ciências no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.22409/conflu.v22i2.43046Palavras-chave:
pesquisa científica. Ciência. Covid-19Resumo
A comunidade de pesquisadores e quadros científicos no Brasil têm sofrido restrições de toda sorte: de ordem política, com os ataques à autonomia universitária e ingerências sobre agências de fomento à pesquisa; econômica, face aos cortes e contingenciamentos que afetam as pastas de Educação e de Ciência e Tecnologia; e incluso ética e moral, dados os impropérios proferidos por autoridades públicas que acusam os ambientes de investigação científica como lugares de “balbúrdia”, negando-lhes a devida relevância social e em nome de uma agenda de costumes que impõe o fundamentalismo neopentecostal sobre agendas propriamente científicas; isso em tempos de pandemia mundial tem demonstrado o notável despreparo do governo federal para o adequado enfrentamento à pandemia, em defesa dos extratos mais vulneráveis da sociedade brasileira, historicamente alijados das estruturas de poder e desassistidos de direitos sociais. Em razão do desprestígio manifesto à ciência, pelas autoridades públicas que deveriam gerir o setor, apresentam-se basicamente duas indagações: em que medida o regular investimento em pesquisa poderia contribuir no combate ao Covid-19 e quais motivações levam às políticas governamentais que comprometem o alcance dos necessários resultados. Este trabalho tem como escopo analisar a correlação entre as práticas de desmonte das ciências no Brasil e a subsequente incapacidade de enfrentamento aos diversos males que decorrem da pandemia mundial e dentre os quais a crise sanitária não constitui sua única e exclusiva dimensão; de maneira específica, pretendemos diagnosticar as condições orçamentárias, físicas e materiais com que têm trabalhado as instituições públicas incumbidas dessas pesquisas. Para isso, adotamos o modelo descritivo e exploratório, a fim de darmos conta ainda de impressões iniciais acerca do tema-problema, visto estarmos em meio à crise que pretendemos analisar. A investigação dos dados públicos que informam a envergadura da crise e que permitem mensurar a falta de recursos para o desenvolvimento das ciências no Brasil, demonstrará (assim pretendemos) a correlação entre desinvestimentos em ciência e a crescente vulnerabilidade das camadas sociais subalternas aos efeitos mais nefastos da pandemia.
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