AS PRÁTICAS E OS PRONUNCIAMENTOS DAS EQUIPES DE SAÚDE NA CRIMINALIZAÇÃO DE MULHERES POR ABORTO

Autores

  • Ela Wiecko Volkmer de Castilho Universidade de Brasília (UnB)
  • Clara Frota Wardi Universidade de Brasília (UnB)
  • Tânia Mara Campos de Almeida Universidade de Brasília (UnB)

DOI:

https://doi.org/10.22409/conflu.v26i3.64905

Resumo

Em oposição à recente proatividade do Supremo Tribunal Federal (STF), alinhada à perspectiva dos Direitos Humanos no que se refere à justiça reprodutiva, tribunais estaduais têm negado o acesso ao aborto legal mesmo em gestações resultantes de estupro e que apresentam risco de vida às meninas, mulheres e pessoas que gestam. Nos casos de aborto autoprovocado ou com o consentimento delas, nota-se um ambiente no sistema de justiça ainda mais refratário ao bem-estar, autonomia e respeito a elas. Em pesquisa realizada nos acórdãos dos Tribunais de Justiça de Minas Gerais (TJMG), do Rio Grande do Sul (TJRS) e de São Paulo (TJSP) derivados dos artigos 124 e 126 do Código Penal, entre 2012 e 2023, chama a atenção o registro nos processos de diferentes formas de violência institucional por parte de equipes de saúde nos atendimentos àquelas que demandam por serviço médico diante de procedimentos inseguros. Tais ações e discursos dessas equipes não apenas são ignorados pelo Judiciário em seus perfis violentos, como vêm servindo de base para fomentar o julgamento discriminatório, reproduzindo estigmas e estereótipos patriarcais sobre as rés nas suas decisões. Ao se analisar os acórdãos, portanto, conclui-se sobre o estabelecimento de um padrão médico-legal contínuo e afim entre as equipes de saúde e o Judiciário nos passos que envolvem a denúncia, investigação, reunião de provas e condenação nos últimos 12 anos, mobilizando representações sociais conservadoras na perspectiva de gênero e ceifadoras dos direitos das mulheres, meninas e pessoas que gestam no país.

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Biografia do Autor

  • Ela Wiecko Volkmer de Castilho, Universidade de Brasília (UnB)

    Doutorado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (1996). Professora aposentada da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília, e pesquisadora colaboradora no Programa de Pós-Graduação de Direito. Lidera o Grupo Candango de Criminologia, o Moitará-Grupo de Pesquisa de Direitos Étnicos e o Grupo de Pesquisa Direito, Gênero e Famílias. Credenciada no Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania, Participa da Red de Académicos/as de Derecho de la América Latina (RED ALAS), da Rede Brasileira Mulheres Cientistas, do Observatório Caleidoscópio e do Consórcio Lei Maria da Penha pelo Enfrentamento a Todas as Formas de Violência de Gênero contra as Mulheres.

    Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7669520117195056

  • Clara Frota Wardi, Universidade de Brasília (UnB)

    Mestrado em Sociologia pela Universidade de Brasília (UnB). Integra a clínica jurídica Cravinas, Prática em Direitos Sexuais e Reprodutivos (FD/UnB). Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Comunicadora pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil (PNUD), no projeto de Consolidação dos Laboratórios de Inovação e Inteligência no âmbito do Poder Judiciário, dando apoio ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na produção de pesquisas e na comunicação sobre temas relacionados à Agenda 2030. 

    Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5548439428110464

  • Tânia Mara Campos de Almeida, Universidade de Brasília (UnB)

    Pós-doutorado em Representações Sociais pela UnB (Instituto de Psicologia, 2006), pela Université de Provence e pela EHESS (França, 2007). Mestrado e Doutorado em Antropologia pela Universidade de Brasília-UnB. Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora-UFJF (1989). É pesquisadora e professora associada do Departamento de Sociologia - UnB, docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGSOL), integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Mulheres (NEPeM).

    Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5972548202499046

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Publicado

2025-01-31

Como Citar

AS PRÁTICAS E OS PRONUNCIAMENTOS DAS EQUIPES DE SAÚDE NA CRIMINALIZAÇÃO DE MULHERES POR ABORTO: . Confluências | Revista Interdisciplinar de Sociologia e Direito, [S. l.], v. 26, n. 3, p. 319–343, 2025. DOI: 10.22409/conflu.v26i3.64905. Disponível em: https://periodicos.uff.br/confluencias/article/view/64905. Acesso em: 13 ago. 2025.