Pra (re)fazer Indiana Jones: crimes e caminhadas da antropólog(i)a nos processos de produção das “classes perigosas”
DOI:
https://doi.org/10.22409/conflu17i3.p425Keywords:
Prisões, Antropologia, DocumentosAbstract
A partir de parte do trabalho de campo que enfocou redes de afeto produzidas através de prisões femininas das cidades de São Paulo (Brasil) e Barcelona (Espanha), neste artigo analiso o modo o como a antropologia (e a antropóloga) é acionada e articulada no sistema penitenciário destas duas cidades. O texto resgata as ponderações de Dirks (2001) sobre os “crimes da antropologia” no colonialismo: a formulação antropológica de embasamentos teóricos que permitiram inventar as “classes perigosas”, assim como os recorrentes desenvolvimentos de expertises técnicas para exame e aprisionamento dos sujeitos assim classificados. Ilustro, porém, que as interlocutoras de minha pesquisa reconhecem e agenciam a “caminhada”, ou seja, a história pregressa da antropologia, muitas vezes, inclusive, a subvertendo desde os processos capilares de produção de “laudos”.
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