INTERAÇÕES ESTRATÉGICAS NA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL BRASILEIRA DE 2018: uma análise das redes configuradas no HGPE
DOI:
https://doi.org/10.22409/conflu.v22i3.44557Keywords:
Eleições, HGPE, redesAbstract
Com o intuito de verificar se a quebra da polarização entre PT e PSDB, viabilizada pela vitória presidencial de Jair Bolsonaro, ocorreu também no HGPE, definimos como objetivo deste artigo identificar, através de técnicas de Análise de Conteúdo, a forma como foi configurada a rede de interações estratégicas entre as candidaturas nos programas veiculados no HGPE durante o primeiro turno das eleições presidenciais brasileiras de 2018. Os resultados apontam que embora PT e PSL não tenham interagido significativamente entre si, essas candidaturas foram, por meio da interação de terceiros, os polos centrais na rede de interações estratégicas construída no HGPE. Através de interações majoritariamente diretas, emitidas pelo próprio candidato adversário ou pelo narrador em off, PT e PSL foram associados, respectivamente, à corrupção e à disseminação de fake news e, conjuntamente, à polarização. Atribuindo à essas temáticas valências negativas e forte intensidade argumentativa, PSDB, MDB, PODEMOS e PDT construíram uma propaganda negativa ao PT e ao PSL, sobretudo a partir da quarta semana de exibição do HGPE.
Downloads
References
ALBUQUERQUE, Afonso. Aqui você vê a verdade na tevê – A propaganda política na televisão. 1999. Dissertação (Mestrado em Comunicação, Imagem e Informação).Universidade Federal Fluminense. Niterói. 1999.
ALBUQUERQUE, Afonso. Advertising ou Propaganda? O audiovisual político brasileiro numa perspectiva comparada. Alceu (PUCRJ), Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, ano 2005, p. 215-227.
ALBUQUERQUE, Afonso; STEIBEL, Fabro Boaz; CARINEIRO, Carolina.Maria.Zoccoli. A Outra face do horário gratuito: partidos políticos e eleições proporcionais na televisão. DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Vol. 51, no 2,2008, p. 459 - 487.
ALDRICH, John. Why Parties? A Second Look, J. Chicago and London: University of Chicago Press, 2011. 400p.
ANITA BAPTISTA, Erica; ROSSINI, Patrícia; VEIGA DE OLIVEIRA, Vanessa.; STROMER-GALLEY, Jennifer. A circulação da (des)informação política no WhatsApp e no Facebook. Lumina, v. 13, n. 3, ano 2019. p. 29-46.
AZEVEDO, Fernando. A grande imprensa e o PT (1989 – 2014). São Carlos: Edufscar. 2017.222 p.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2002. 280 p.
BORBA, Felipe. Propaganda negativa nas eleições presidenciais brasileiras. Opinião Pública, v. 21, n. 2, ano 2015. p. 268-295 .
BORBA, Felipe; ALDÉ, Alessandra. Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral e a Formação de Opinião Pública. In: 10º ENCONTRO DA ABCP. Anais do 10º Encontro da ABCP. 2016. Belo Horizonte.
BORGES, André; VIDIGAL, Robert. Do lulismo ao antipetismo? Polarização, partidarismo e voto nas eleições presidenciais brasileiras. Opinião Pública, v. 24, n .1, ano 2018. p. 53-89.
BRAGA, Maria do Socorro Sousa; PIMENTEL, Jairo Jr. Os partidos políticos brasileiros realmente não importam? Opinião Pública, vol. 17, n° 2, ano 2011. p. 271-303.
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Especial de Comunicação Social. Pesquisa Brasileira de Mídia 2016: Hábitos de Consumo de Mídia pela População Brasileira. Brasília: Secom, 2016.
CERVI, Emerson. Instituições democráticas e financiamento de campanhas no Brasil: análises das contribuições de pessoas físicas, jurídicas e partidos políticos às eleições de 2008 e o financiamento público exclusivo de campanha. In: 33º encontro anual da Anpocs.2009. Caxambu.
CERVI, Emerson. O “Tempo da política” e a distribuição dos recursos partidários: uma análise do HGPE. Em Debate, Belo Horizonte, v.2, n.8, ano 2010. p. 12-17.
CERVI, Emerson. O uso do HGPE como recurso partidário em eleições proporcionais no Brasil: um instrumento de análise de conteúdo. Opinião pública, Campinas, vol. 17, nº 1, 2011, p.106-136.
CHAVES, Mônica; BRAGA, Adriana. A pauta da desinformação: “fake news” e análise de categorizações de pertencimento na eleição presidencial brasileira em 2018. Brazilian journalism. research. v. 15 - N. 3, ano 2019.p.498 - 523.
CIOCCARI, Deysi. Operação Lava Jato: escândalo, agendamento e enquadramento. Revista Alterjor, v. 12. N. 2, ano 2015, p. 58-78.
DANTAS, Humberto. O horário eleitoral gratuito na televisão e o padrão das coligações em eleições majoritárias municipais. Leviathan, São Paulo, n.5, ano 2012. p. 1-14.
DATAFOLHA. Intenção de voto para presidente da República de 20 a 21 de agosto. São Paulo: Datafolha, 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/eleicao-em-numeros/noticia/2018/08/22/pesquisa-datafolha-lula-39-bolsonaro-19-marina-8-alckmin-6-ciro-5.ghtml> . Acessado em 13 de agosto de 2020.
DIXIT, Avinash; SKEATH, Susan. Games of Strategy. New York: W.W. Norton, 2004.688 p.
EGAN, Patrick J. Partisan Priorities. How Issue Ownership Drives and Distorts American Politics. Cambridge: Cambridge University Press.2013.
FERETTI, Vandro.; JUNCKES, Ivan; CLEMENTE, Augusto. Ciência política e análise de redes: uma metodologia para o mapeamento de comunidades temáticas. Guaju, v.4, n.2, ano 2018. p. 229-251.
FIGUEIREDO, Marcos; ALDÉ, Alessandra; DIAS, Heloísa.; JORGE, Vladimy. L. Estratégias de persuasão eleitoral. Opinião Pública, Campinas, vol. IV, n 2, ano 1997. p.182-203.
HANSEN, Anders. Content Analysis, in HANSEN, Anders; COTTLE, Simon; NEGRINE, Ralph and NEWBOLD, Chris (org). Mass Communication Research Methods, New York: New York University Press, 1998.
KAPLAN, Noah. PARK, David. K. e RIDOUT, Travis. N. Dialogue in American Political Campaigns? An Examination of Issue Convergence in Candidate Television Advertising. American Journal of Political Science, vol. 50, nº3, 2006.
LIMONGI, Fernando; CORTEZ, Rafael de Paula Santos. As Eleições de 2010 e o Quadro Partidário. Novos Estudos CEBRAP, v. 88, ano 2010, p. 21-37.
MANCINI, Paolo. SWANSON, David. L. Politics, media and modern democracy: an international study of innovations in electoral campaigning and their consequences. London: Praeger, 1996. 300p.
MASSUCHIN, Michele et al. A construção da campanha eleitoral majoritária no HGPE: uma análise comparada das estratégias usadas pelos presidenciáveis de 2014. Política & Sociedade, v. 15, n. 32, ano 2016, p. 171-203.
MASSUCHIN, Michele; LIMA, Daniele; SOUSA, Suzete; SOUSA, Nayara. Campanha online em disputas locais: um estudo das apropriações do Facebook pelos candidatos nas eleições de 2016. Revista Fronteiras. Estudos midiáticos. V.2, n.1, ano 2018. p. 27-40.
MAZZOLENI, Gianpietro. La Comunicación Política. Alianza Editorial, S.A., Madrid, 2010. 344 p.
MELO, Carlos.Ranulfo, CÂMARA, Rafael. Estrutura da competição pela presidência e consolidação do sistema partidário no Brasil. Dados – Revista de Ciências Sociais, v.55, n.1 ano 2012.p. 71-117.
MIGUEL, Luis.Felipe. Os meios de comunicação e a prática política. Lua nova n. 55-56, ano 2002.p.156-184.
MIGUEL. Luis.Felipe. Televisão e construção da agenda eleitoral no Brasil. Diálogos latino-americanos. Universidade de Aarhus. N.10, ano 2005, p. 141-154.
MONT’ALVERNE, Camila; MITOZO, Isabele. Muito além da mamadeira erótica: As notícias compartilhadas nas redes de apoio a presidenciáveis em grupos de WhatsApp, nas eleições brasileiras de 2018. In: VIII Compolítica. Anais do 8º Compolítica 2019, Brasília – FAC-UNB, 2019.
NICOLAU, Jairo. Eleições de 2004: polarização entre PT e o PSDB? Teoria e Debate, no 60. 2004. Disponível em: < https://teoriaedebate.org.br/2004/11/27/eleicoes-polarizacao-entre-o-pt-e-o-psdb/> Acesso: 13 de Agosto de 2020
OSGOOD, Charles. Method and Theory in Experimental Psychology. New York: Oxford University Press, 1956.
PETROCIK John, R. Issue ownership in presidential elections, with a 1980 case study. American Journal of. Political Science. 40: p. 825–50. 1996.
PIAIA, Victor; ALVES, Marcelo. Abrindo a caixa preta: Análise exploratória da rede bolsonarista no WhatsApp. In: VIII Compolítica. Anais do 8º Compolítica 2019, Brasília – FAC-UNB, 2019.
PORTO, Mauro. Televisão e voto: a eleição de 1992 para prefeito de São Paulo. Opinião Pública, Campinas, v. 4, n. 1, ano 1996, p. 65-81.
PORTO, Mauro; BASTOS, Bruna; VASCONCELOS, Rodrigo. A televisão e o primeiro turno das eleições presidenciais de 2002: análise do Jornal Nacional e do horário eleitoral. In: RUBIM, A. A. C. (org.). Eleições presidenciais em 2002 no Brasil: ensaios sobre mídia, cultura e política. São Paulo: Hacker, 2004.
PORTO, Mauro; NEVES, Daniela; LIMA, Bárbara. Crise hegemônica, ascensão da extrema direita e paralelismo político: Globo e Record nas eleições presidenciais de 2018. Revista Compolítica, vol. 10(1), ano 2020. p. 5-34.
RIBEIRO, Ednaldo; CARREIRÃO, Yan; BORBA, Julian. Sentimentos partidários e antipetismo: condicionantes e covariantes. Opinião pública, Campinas, vol. 22, nº 3, ano 2016.p. 604-637.
SAMUELS, David.; ZUCCO, Cesar. The power of partisanship in Brazil: evidence from survey experiments. American Journal of Political Science, vol. 58, n° 1, ano 2014.p.212-225.
SARTORI, Giovanni. Partidos e Sistemas Partidários. Brasília: Editora. UnB, 1991.
STEMPEL III, Guido; WESTLEY, Bruce. Research Methods in Mass Communication. New Jersey: Prentice Hall, 1989. 416p.
TATAGIBA, Luciana. 1984, 1992 e 2013. Sobre ciclos de protestos e democracia no Brasil. Política e Sociedade. Florianópolis – v. 13, n 28, ano 2014. P. 35-62.
TELLES, Helcimara. A Direita Vai às Ruas: o antipetismo, a corrupção e democracia nos protestos antigoverno. Ponto e Vírgula – PUC-SP.n. 16, ano 2016. p. 97-125.
TSEBELIS, George. Jogos Ocultos: escolha racional no campo da política comparada. São Paulo: Edusp, 1998. 256p.
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. Instrução nº 0600920-86.2018.6.00.0000, de 23 de agosto de 2018. Brasília, DF: TSE, 2018. Disponível em <http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Agosto/propaganda-eleitoral-no-radio-e-na-televisao-comeca-nesta-sexta-feira-31> Acesso: 28 de julho de 2020
VEIGA, Luciana. Em busca de razões para o voto: o uso que o cidadão comum faz do horário eleitoral. Tese (Doutorado em Ciência Política). Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.
WELLMAN, Barry. El análisis estructural de las redes sociales: del método y la metáfora a la teoría y la sustancia. Debates en sociología, n. 22, ano 1997. p. 47-97.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2020 Flávio Contrera, Paulo Cesar Gregorio, Bárbara Lima
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.