ENTREVISTA COM O PROFESSOR E SOCIÓLOGO DENIS MERKLEN

Auteurs

  • Denis Merklen Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3 (USN)
  • Carolina Pereira Lins Mesquita Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Júlia Donley Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3 (USN)

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https://doi.org/10.22409/conflu.v25i2.59351

Résumé

Em junho de 2023, o professor Denis Merklen esteve em Niterói, Rio de Janeiro, Brasil, a convite do Escrithas: Estudos Críticos, Teóricos e Historiográficos sobre as Américas da Universidade Federal Fluminense (UFF), projeto conjunto integrado pelas professoras María Verónica Secreto e Giselle Martins Venancio e pelo professor Ronald Raminelli.

Dentro dos Seminários Permanentes do Escrithas, o professor Merklen ministrou a palestra intitulada “Razões para queimar livros? Quando as classes populares falam em nome próprio e as instituições da democracia calam”, no auditório do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Federal Fluminense (ICHF/UFF). Uma das entrevistadoras, Carolina Pereira Lins Mesquita, professora de direito do trabalho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e editora chefe da Revista Confluências, teve a oportunidade de estar presente no evento e conhecer o palestrante pessoalmente. Este contato foi intermediado previamente pela outra entrevistadora, Júlia Donley, doutoranda em sociologia na Université Sorbonne Nouvelle sob orientação de Merklen e de Esteban Buch.

Denis Merklen é professor da Université Sorbonne Nouvelle, sociólogo especialista em estudos sobre classes populares e, atualmente, é diretor do Institut des Hautes Études de l’Amérique Latine (IHEAL). Sob orientação de Robert Castel, Denis Merklen defendeu sua tese intitulada “Inscription territoriale et action collective. Les occupations illégales de terres urbaines depuis les années 1980 en Argentine” em 2001, na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS). Com Castel, Merklen trabalhou por dezessete anos (1996-2013), até o falecimento daquele. Após o doutorado, Merklen ampliou suas temáticas de pesquisa com uma investigação sociológica sobre os incêndios causados em bibliotecas públicas de bairros da periferia de Paris. Este estudo dá origem ao trabalho apresentado para a obtenção de sua Habilitation à diriger des recherches (HDR) em 2011, intitulado “Politicité et sociabilité. Quand les classes populaires questionnent la sociologie et la politique”.

Esta entrevista, construída à quatro mãos, teve como ponto de partida as inquietações de Carolina, surgidas a partir das pesquisas de Merklen socializadas no dia 13 de junho de 2023, na UFF, Niterói, bem como as conversas travadas na sequência. A força motriz para a entrevista foi o assassinato brutal do jovem Nahel M., estudante e entregador de dezessete anos, pela polícia francesa. O evento ocorreu em Nanterre, cidade da periferia de Paris, 14 dias depois, em 27 de junho. Os textos de Merklen, especialmente Lo que iluminan las llamas de las bibliotecas em Francia (2023), sobre a onda atual de turbulência social da França, o artigo Las dinámicas contemporáneas de la individuación (2013) e “Individus populaires. Sociabilité et politicité” (Merklen, 2012), inspiraram esta entrevista. Tudo isto foi mediado por Júlia, que vive em Paris e convive academicamente com Merklen.

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Bibliographies de l'auteur

Denis Merklen, Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3 (USN)

Professor de sociologia na Université Sorbonne Nouvelle, Denis Merklen é atualmente diretor do Institut des Hautes Études de l’Amérique Latine (IHEAL). Mestre em sociologia pela Universidad de Buenos Aires (UBA), trabalhou sob a direção de Francis Korn. Na França, ele realizou uma tese sob a orientação de Robert Castel no Centre d’Études des Mouvements Sociaux (CEMS), laboratório de pesquisa da École des hautes études en sciences sociales (EHESS), onde obteve o título de doutor em
2001. Em 2011, defende sua Habilitation à diriger des recherches (HDR) na mesma instituição. Entre 2004 e 2012, Merklen lecionou na Université Paris-Diderot – Paris 7 (atualmente Université Paris
Cité). É autor de obras como Les indispensables. Sociologie des mondes militants (2023), La diagonale des conflits. Expériences de la démocratie en Argentine et en France (com Étienne Tassin, 2018), Pourquoi brûle-t-on des bibliothèques. Quand les classes populaires questionnent la sociologie et la politique (2013, publicado em espanhol em 2016), entre outros.

Carolina Pereira Lins Mesquita, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora Adjunta III do Departamento de Direito Social e Econômico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutora em Ciências Jurídicas e Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (PPGSD/UFF). Mestre em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É associada da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e do Instituto de Ciências Jurídicas e Sociais, membro da Red Internacional de Cátedras, Instituciones y personalidades sobre el Estudio de La Deuda Pública (RICDP) e pesquisadora do Programa Universitário de Apoio às relações de trabalho (PRUNART/UFMG). Coordenadora Geral do DIANSARE – Laboratório de ensino, pesquisa e extensão: Direito, Antropologia, Saúde e Religião e do Projeto: “Christophe Dejours e a Psicodinâmica do Trabalho”. Editora Chefe da Confluências – Revista Interdisciplinar de Sociologia e Direito, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD/UFF).

Júlia Donley, Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3 (USN)

Doutoranda na Université Sorbonne Nouvelle, Júlia Donley realiza uma tese em sociologia sob a direção de Denis Merklen e Esteban Buch (CRAL-EHESS), vinculada ao Centre de Recherches et de Documentation sur les Amériques (CREDA). Em 2021, obteve seu mestrado em Musique et sciences sociales pela École des Hautes Études em Sciences Sociales (EHESS). Musicista, ela detém também um bacharelado (Universidade Estadual Paulista – UNESP) e um mestrado (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG) em performance musical.

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Publiée

2023-07-31