Efeitos de opacidade e inteligibilidade: as mortes de rua nos laudos cadavéricos e inquéritos da Polícia Civil do Distrito Federal

Autores

  • Rosimeire Barboza Silva Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra
  • Tomás Henrique de Azevedo Gomes Melo Universidade Federal Fluminense (UFF)

DOI:

https://doi.org/10.22409/conflu17i3.p438

Palavras-chave:

mortes de rua, corpos não-reclamados, situação de rua

Resumo

Por meio da análise de 276 Laudos do Exame Cadavéricos produzidos no Instituto Médico Legal Leonídio Ribeiro e 262 Ocorrências Policiais produzidas em diferentes Delegacias de Polícia Circunscricional no Distrito Federal, buscamos compreender como se dá a gestão do que chamamos mortes de rua – aquelas caracterizadas pelo anonimato. Embora a ideia de que a ‘morte iguala a todos’ esteja fortemente presente nos imaginários sociais e seja reproduzida com certa persistência, a pesquisa sobre as mortes de rua indica a falácia que tal ideia representa. Não só não há igualdade de condições usufruídas por corpos reclamados e corpos não-reclamados durante o processo de gestão administrativa, médico-legal, burocrática e investigativa, como a própria ideia de humanidade, calcada em registros e documentos opacos, produz e reproduz uma certa hierarquia de corpos, onde uns são [e continuam a ser] mais importantes e relevantes que outros.

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Biografia do Autor

Rosimeire Barboza Silva, Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra

Psicóloga, atualmente é doutoranda em Sociologia no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES/UC) em Portugal. Seus interesses de pesquisa estão relacionados aos modos de participação ativa da população em situação de rua e as lutas e reivindicações democráticas protagonizadas por tais coletivos. Em consonância com tais questões a crítica e epistemologias feministas, os modos de produção do conhecimento e os testimonios como construções narrativas do presente também figuram como interesses centrais de seus trabalhos. Faz parte da equipe de redação do jornal O Trecheiro: Notícias do Povo da Rua, publicação gratuita distribuída no Brasil para trabalhadoras/es sociais e população em situação de rua e é pesquisadora do LabEC (Laboratório de Estudos Críticos do Discurso) da Universidade de Brasília.

Tomás Henrique de Azevedo Gomes Melo, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Itajaí (2008), Curso Superior de Formação Específica em Gestão Pública pela Universidade do Vale do Itajaí (2006) e mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná - UFPR (2011). Atualmente é doutorando em Antropologia no Programa de Pós-Graduação em Antropologia na Universidade Federal Fluminense. Realizou trabalho de campo com pessoas em situação de rua em Balneário Camboriú / SC e Curitiba / PR. Participou do GTIS POP RUA - Grupo de Trabalho para Inclusão Social da População em Situação de Rua. Trabalhou no CNDDH PSR/CMR - Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia Urbana, Movimentos Sociais e Direitos Humanos, atuando principalmente no tema população de rua e políticas públicas.

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Publicado

2015-12-20

Como Citar

Silva, R. B., & Melo, T. H. de A. G. (2015). Efeitos de opacidade e inteligibilidade: as mortes de rua nos laudos cadavéricos e inquéritos da Polícia Civil do Distrito Federal. Confluências | Revista Interdisciplinar De Sociologia E Direito, 17(3), 55-74. https://doi.org/10.22409/conflu17i3.p438

Edição

Seção

Dossiê