ATMOSFERAS FANTASMAGÓRICAS DA VIOLÊNCIA
UM CORPO CARREGANDO OUTRO CORPO
Resumo
Neste artigo, propomos a imagem de um corpo carregando outro corpo como a imagem carnuda da modernidade. Argumentamos que as fantasmagorias descritas por Franz Fanon, ou o espectro descrito por Achille Mbembe, operam como atmosferas constituidoras dos corpos e da própria modernidade colonial, que não se restringe ao seu marco espaço-temporal. De algum modo participamos dessas atmosferas. Somos cúmplices na produção dos cadáveres da modernidade. Mas, podemos deixar de sê-lo. Outras existências são capazes de inverterem o sentido de um corpo carregar outro corpo. Perguntamo-nos se existe nessa espectrografia aqueles fantasmas que carregam os mortos para trazê-los à vida, ao sentido do sonho e do porvir, capazes assim de assombrar a branquitude, exorcizá-la para confrontá-la. Afinal, até mesmo na física, o espectro é também intensidade e frequência, extensão da onda, possibilidade aberta.