HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL NA AMÉRICA

EM DEFESA DA FUNÇÃO POLÍTICA DO DIREITO A PARTIR DA TEORIA DA INTEGRIDADE E DO CRITICAL LEGAL STUDIES

Autores

  • Caio Ramiro Faculdade Cidade Verde (FCV)

DOI:

https://doi.org/10.22409/rcj.v4i9.352

Palavras-chave:

Critical Legal Studies Movement, Função Política do Direito / Keywords, Political Function of Law/ Palabras clave, Movimiento de Estudios Jurídicos Críticos, Función política del derecho.

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo principal examinar a relação entre direito e política, em especial no contexto da tradição jurídica norte-americana. Dessa forma, a partir do método hermenêutico procedeu-se uma revisão bibliográfica de cunho analítico de textos. É de se considerar que as investigações da tradição jurídica dos Estados Unidos da América em nosso país se concentram na polêmica entre interpretacionistas e não interpretacionistas, polêmica essa que será objeto de algumas considerações na primeira parte do texto. Ao se colocar o problema da função política do direito em aproximação com a perspectiva da hermenêutica constitucional estadunidense, o segundo ponto de investigação se dá a partir de uma revisão bibliográfica de textos de literatura primária que Ronald Dworkin (1931-2013) dedica ao tema, investigando, de forma sumária, a proposta teórica do direito como integridade como superação conceitual da polêmica entre interpretacionistas e não interpretacionistas e, ademais, como possibilidade de uma leitura moral da constituição. Por fim, em contraponto à proposta teórica de Dworkin, apresenta-se a leitura radical dos Critical Legal Studies, que expõe os problemas decorrentes de toda teoria jurídica norte-americana que pode ser caracterizada como pertencente ao liberalismo jurídico, tendo em vista as incongruências e a impossibilidade de sustentação dos discursos jurídicos a partir dos pressupostos do liberalismo. A partir do conceito de que law is politics (direito é política), o CLS irá denunciar e proceder a uma diferenciação entre teoria e prática, entre conhecimento e política e de uma atitude epistemológica anti-positivista, que não se refere apenas à influência que a política pode ter sobre o direito, mas, também, do reconhecimento das relações de poder que são obscurecidas pela forma jurídica.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Caio Ramiro, Faculdade Cidade Verde (FCV)
    Professor no curso de Direito da Faculdade Cidade Verde (FCV) em Maringá-PR

Referências

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ACKERMAN, Bruce. Liberalismos políticos. Trad. Jorge F. Malem Seña. Doxa. Cuadernos de Filosofia del Derecho, Alicante, n. 17-18, p. 25-51, 1995.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. In: Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 2008.

______. Destino e caráter. Trad. João Barrento. Coleção textos clássicos de filosofia. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2011.

BERCOVICI, Gilberto. Constituição e política: uma relação difícil. Lua Nova, n. 61, p. 5-24. 2004.

BUENO, Roberto. Interpretação constitucional: A polêmica entre originalismo e nãooriginalismo. Revista Eletrônica da Faculdade de Direito da PUC-SP, v. 3, p.1-36. 2010.

CARRERAS, Mercedes. Cuando el Derecho se convierte en política: reflexiones sobre Critical Legal Studies. Isegoría, Madrid, n. 21, 1999, p. 165-174.

CASALMIGLIA, Albert. Problemas abiertos en la filosofia del derecho. Doxa. Cuadernos de Filosofia del Derecho, Alicante, n. 1, p. 43-47, 1984.

______. El concepto de integridad en Dworkin. Doxa. Cuadernos de Filosofia del Derecho, Alicante, n. 12, p. 1-24. 1992.

COELHO. Luiz Fernando. Teoria crítica do direito. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.

DERRIDA. Jacques. Força de lei: o fundamento místico da autoridade. Trad. Leyla PerroneMoisés. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

DWORKIN, Ronald. Uma questão de princípio. Trad. Luís Carlos Borges. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

______. O império do Direito. Trad. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

ELY, John Hart. Democracia e desconfiança: uma teoria do controle judicial de constitucionalidade. Trad. Juliana Lemos. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

FERNANDES, Bernardo Gonçalves Alfredo. A Teoria da interpretação judicial para além do interpretativismo e do não-interpretativismo. In: XX Congresso Nacional do Conpedi, 2012, Uberlândia – MG. Anais do XXI Encontro Nacional do Conpedi, p. 1-18, 2012.

______. DAVID, Raphaela Borges. Hermenêutica constitucional norte-americana: reflexões sobre a critical legal studies, a Law and economics e a teoria da integridade. In: XXI Congresso Nacional do Conpedi, 2012, Niterói, p. 1-20. 2012.

GADAMER, Hans-Georg. Hermenêutica em retrospectiva: hermenêutica e a filosofia prática. Trad. Marco Antônio Casanova. Petrópolis-RJ: Vozes, 2007.

GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Kant, Schopenhauer e o direito de mentir. In: Em Tempo. Marília, v. 3, p. 103-107, 2001.

______. O discurso e o direito. In: Direito e discurso: discursos do direito. FONSECA, Ricardo Marcelo (org.). Florianópolis: Fundação Boiteux, 2006.

GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Direito nos Estados Unidos. São Paulo: Manole, 2004.

______. O critical legal studies movement de Roberto Mangabeira Unger: um clássico da filosofia jurídica e política. Revista Jurídica da Presidência da República, Brasília, v. 8, nº 82, p. 49-63, dez/jan. 2007.

HABERMAS, Jürgen; RAWLS, John. Debate sobre el liberalismo político. Trad. Fernando Vallespín. Barcelona: Paidós, 1998.

______. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Trad: Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.

HAMILTON, Alexander; MADISON, James; JAY, John. O federalista. Seleção de textos de Francisco C. Weffort. Trad. Leônidas Gontijo de Carvalho [et. al.]. 3ª Ed. Coleção: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985.

HART, Herbert Lionel Adolphus. El concepto del derecho. 2 ed. Tradução de Genaro R. Carrio. Buenos Aires: Abeledo – Perrot, 1968.

HOLMES JR, Oliver Wendell. Veredas do Direito: “Path of the law”. Trad. Lauro Frederico Barbosa da Silveira e Vinício Carrilho Martinez. Revista Discurso Jurídico, Campo Mourão, v. 4, n.1, p. 266-280, 2008.

HORKHEIMER. Max. Teoria tradicional e teoria crítica. Trad. de Afonso Malagodi e Ronaldo Pereira Cunha. Coleção os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1989.

JAPIASSU. Hilton; MARCONDES. Danilo. Dicionário básico de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006.

KENNEDY, Duncan. Nota sobre la historia de CLS en los Estados Unidos. Doxa. Cuadernos de Filosofia del Derecho, Alicante, n. 11, p. 283-293, 1992.

______. La educación legal como preparación para la jerarquía. In: Desde otra mirada: textos de teoria crítica del derecho, Eudeba, p. 373-385, 2001.

______. Una alternativa de la izquierda fenomenológica a la teoria de la interpretación jurídica de Hart/Kelsen. In: CACERES, Enrique. Problemas contemporáneos de la filosofia del derecho. México: UNAM, 2005.

______. La crítica de los derechos en los Critical legal Studies. Revista Jurídica de la Universidad de Palermo, Palermo, n. 47, p. 47-90, 2006.

KOZICKI, Katya. A interpretação do direito e a possibilidade da justiça em Jacques Derrida. In:

Crítica da Modernidade: diálogos com o Direito. FONSECA, Ricardo Marcelo (org.). Florianópolis: Fundação Boiteux. 2005.

LlEDÓ PEREZ. Juan A. Critical Legal Studies y el comunitarismo. In: Doxa. Cuardernos de Filosofia del Derecho, n. 17-18, p. 137-164, 1995.

LYRA FILHO, Roberto. A filosofia jurídica nos Estados Unidos da América: revisão crítica. Porto Alegre: Fabris. 1977.

PEIRCE, Charles Sanders. A fixação da crença. Disponível na internet: . Acesso em: 10 out. 2013.

PINZANI, Alessandro. Os demônios e as facções. Kant e Madison sobre paixões e instituições. In: Crítica: Revista de Filosofia. Londrina, v. 11, n. 33, p. 131-156, 2006.

RAMIRO, Caio Henrique Lopes; HERRERA, Luiz Henrique Martim. Interpretação constitucional: notas sobre procedimentalismo e substancialismo. In: Revista do Instituto de Direito Brasileiro (RIDB) da Faculdade de Direito de Lisboa, a. 2, n. 8, p. 8665-8678, 2013.

______. Perspectivas críticas do direito: notas acerca do movimento Critical Legal Studies (CLS) e sua contribuição jurídica e política para a construção do saber jurídico. In: Jornal da

Fundação. Disponível na internet: http://www.univem.edu.br/jornal/materia.php?id=135. Acesso em: 02/06/2014.

RAWLS. John. Uma teoria da justiça. Tradução de Almiro Pisetta e Lenita M. R. Esteves. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

______. A teoria da justiça como equidade: uma teoria política, e não metafísica. In Justiça e Democracia. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

RORTY, Richard. Depois da filosofia, a democracia. In: A filosofia americana. Conversações com Quine, Davidson, Putnam, Nozick, Danto, Rorty, Cavell, Macintyre, Kuhn. BORRADORI, Giovana (org.). Tradução de Alvaro Lorencini. São Paulo: editora da Unesp, 2003.

SANDEL, Michael J. Justiça: O que é fazer a coisa certa. Trad. Heloisa Matias e Maria Alice Máximo. 4ª Ed. Rio de Janeiro: civilização brasileira. 2011.

SCALIA, Antonin. Originalismo y no originalismo en la interpretación de la Constitución de los EE.UU. Revista de la Facultad de Derecho y Ciencias Sociales. Montevideo, p. 21-28. 1989.

SILVEIRA, Lauro Frederico Barbosa da. Pensar é estar em pensamento. In: SILVA, Dinorá Fraga da; VIEIRA, Renata (Org.). Ciências cognitivas em semiótica e comunicação. São Leopoldo: editora da Unisinos. 1999.

______. Filosofia e jurisprudência nos primórdios do pragmatismo: Charles S. Peirce e Oliver Wendell Holmes, JR. Em tempo, Marília. v. 4. p. 84 – 97, 2002a.

______. Os primeiros passos rumo à verdade. Cognitio, São Paulo, n. 3, p. 107-114, 2002b.

______. Observe-se o fenômeno: forma e realidade na semiótica de Peirce. Cognitio, São Paulo, v. 5, p. 194-199, 2004.

TOCQUEVILLE, Alexis de. A democracia na América. Seleção de textos de Francisco C.

Weffort. Trad. Leônidas Gontijo de Carvalho [et. al.]. 3. ed. Coleção: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural. 1985.

TUSHNET, Mark. Following the rules laid down: critique of interpretativism and neutral principles. Havard law Review, v. 96, n. 4, p. 781-827, 1983.

UNGER. Roberto Mangabeira. O direito na sociedade moderna: contribuição à crítica da teoria social. Trad. Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.

Downloads

Publicado

2017-12-09 — Atualizado em 2021-03-31

Versões