v. 4 n. 1 (2023): Pesquisas e experiências interrogam o hegemonicamente associado à educação física
PESQUISAS E EXPERIÊNCIAS INTERROGAM O HEGEMONICAMENTE ASSOCIADO À EDUCAÇÃO FÍSICA
Dois mil e vinte e dois ficará demarcado pelas dificuldades de diferentes naturezas no contexto brasileiro. Significou o terceiro ano de uma pandemia provocada pela covid-19 e, especialmente em nosso país, vivenciamos o desmonte do Estado, a extinção dos direitos sociais duramente conquistados ao longo do século XX, com o abandono e a precarização da vida de milhões de brasileiros e brasileiras. Ataques estes implementados por forças conservadoras, grupos aliados do exaurido governo que se recusou a admitir a derrota eleitoral em processo transparente e reconhecidamente democrático.
Relevante registrar que o período também marcou o bicentenário da Proclamação da Independência do Brasil.
Marcos que estão extremamente interligados, pois a forma de coordenar a vida pública, o lidar com o contexto pandêmico, pelo governo federal; assim como o destaque que deu às comemorações da Independência, trazendo de Portugal o coração do Imperador D, Pedro I, como as mídias anunciaram, sinalizam uma cultura política em que o hegemônico – que explora, mata e sucateia – é historicamente valorizado e mantido pela elite econômica desse país.
Ao mesmo tempo, os resultados das urnas para a nova gestão federal, por meio das eleições realizadas em outubro de 2022, apesar das muitas contradições expostas, também indicam que outras possibilidades foram pleiteadas pela população brasileira. Ainda que o ano de 2022 tenha finalizado com novas ações governamentais para sucatear as IES Públicas, com bloqueios de repasses financeiros e suspensão de bolsas acadêmicas da CAPES e CNPQ, por exemplo, a Academia Brasileira se recusa morrer e, inserida nela, a Revista Fluminense de Educação Física robustece o movimento de resistência.
Publicar as pesquisas na área da Educação Física, explorando seus aspectos pedagógicos, históricos, políticos, culturais, de promoção da saúde/qualidade de vida, biodinâmicos; em diálogo com urgências e as demandas sociais; objetivando beneficiar os e as formados/as nessa área, expressa os maiores compromissos desse Periódico.
Esse Editorial, ao apresentar a edição que privilegiou publicações de pesquisas e experiências que compartilharam estudos, análises, propostas, comentários, relatos, práticas e atividades que foram ou estão sendo desenvolvidas em escolas e demais espaços sociais, sejam formais ou informais, que interroguem o hegemônico, almeja trazer alguns registros do ano de 2022, no que se refere ao trabalho do intelectual (orgânico ??) da Educação Física.
Assim, vemos as pesquisas enquanto fruto de um contexto, com indagações e contradições de diferentes naturezas. Ao mesmo tempo, o por nós pesquisado pode percorrer diversos caminhos, quando se trata de dialogar com a realidade social. Indagando as condições hegemônicas que marcam e tensionam a Educação Física, através dessa edição, a Revista Fluminense de Educação Física convocou pesquisadores a socializar novos conhecimentos gerados em tempos tão conturbados como os que vivemos recentemente.
Nesse sentido, fazemos o convite à leitura de três diferentes artigos, um ensaio, dois relatos de experiências e uma entrevista (encomendada pela equipe editorial).
Aos autores e autoras desse rico acervo, nossos agradecimentos pela confiança em aguardar a publicação, fora da data prevista. Enquanto equipe editorial, de um Periódico vinculado à Instituição Pública Federal, também vivemos as contradições e antagonismos de uma realidade ainda distante da plenitude de práticas democráticas.
Mas também avançamos e, nesse número, iniciamos as publicações em Português e em Espanhol.
Sigamos na luta!
Boa leitura!
Equipe Editorial da Revista Fluminense de Educação Física
* Arte e acervo de imagens da Capa: Rosa Malena Carvalho