A monstruosidade de tudo que é negro

a antinegritude do cinema de horror às páginas dos jornais

Autores

  • João Pedro Klinkerfus UFSC

DOI:

https://doi.org/10.22409/ensaios.v18.50197

Palavras-chave:

Racismo, Antinegritude, Teorias da Monstruosidade, Cinema de horror, Morte por violência

Resumo

O racismo - mais especificamente a antinegritude - é apresentado como um dos componentes para desenvolvimento da figura do monstro moderno através da história e de sua categorização como um ser matável desde a colonização. A partir do levantamento e da análise de notícias sobre mortes por violência em Santa Catarina, Brasil, e da análise do filme de horror A Transfiguração (2016), mostra-se como as narrativas influenciam a forma como o público reage à morte de pessoas reais e personagens fictícios, seja nas notícias ou no cinema de horror. Utilizando do dilema moralizante de “quem merece morrer”, explora-se como o racismo e a antinegritude definem não apenas os corpos que podem morrer - as pessoas negras -, mas também geografia de onde é permitido matar - os territórios marcados como negros.

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Biografia do Autor

João Pedro Klinkerfus, UFSC

Graduando no curso de Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), bolsista de pesquisa CNPq/PIBIC na área da Antropologia, Técnico em Alimentos pelo Instituto Federal de Mato Grossos (IFMT) e drag queen.

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Publicado

2021-06-30

Como Citar

Klinkerfus, J. P. (2021). A monstruosidade de tudo que é negro: a antinegritude do cinema de horror às páginas dos jornais. Ensaios, 18, 47-69. https://doi.org/10.22409/ensaios.v18.50197

Edição

Seção

Artigos Originais