Análise da obra in hand – contribuições para a abordagem da doença de chagas e a educação em saúde

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/resa2022.v15i3.a48772

Palavras-chave:

doenças negligenciadas, arte japonesa, prática educativa, animangá, recurso educacional

Resumo

A ausência e insuficiência de recursos educacionais que possam ser empregados para a abordagem da doença de Chagas caracterizam uma das dimensões da negligência que este agravo enfrenta. Em contrapartida, obras japonesas como animês e mangás estão cada vez mais presente na cultura ocidental e reúnem um conjunto de representações sociais sobre temas socialmente agudos. Frente a essa questão, realizamos a análise da obra In Hand, uma live action japonesa, cujo episódio é baseado no tema da doença de Chagas. O estudo apoiou-se em referenciais dos campos análise fílmica, análise e estatuto da imagem, processo saúde-doença, estigma, sociologia do corpo, representações sociais e ensino de Ciências. Emergiram questões referentes ao estereótipo do paciente, transmissão da doença e visão sobre a ciência e o cientista. Ressaltamos a potencialidade deste recurso para práticas educacionais embora o material não tenha sido concebido para este fim. Contudo, é necessário que o mediador da prática educativa tenha um olhar apurado para trabalhar distorções e incorreções científicas que podem surgir, bem como contextualizar a obra ao público engajado na prática

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Biografia do Autor

Sheila Soares de Assis, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ

Possui graduação em Ciências Biológicas (bacharelado e licenciatura), mestre e doutora em Ciências pelo Programa de Pós Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz (RJ). Atua como pós doutoranda no programa de pós graduação que foi titulada e como docente no curso Pós Graduação Lato sensu de Ciência, arte e cultura na saúde (IOC/Fiocruz). Colaboração no artigo: Seleção, análise do material e redação do texto.

Fernanda Pereira-Silva, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ

Graduação em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, Especialização (Lato Sensu) em Análises Clínicas, Mestre em Ciências (2019) IOC/FIOCRUZ-RJ. Doutoranda em Ensino em Biociências e Saúde pelo Instituto Oswaldo Cruz da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Linhas de atuação: Ensino, Educação em saúde, Parasitologia e Promoção da Saúde. Faz parte da equipe do curso de extensão Falamos de Chagas com Ciência & Arte, Membro do grupo de pesquisa em Doença de Chagas e Inovação.

Telma Temoteo dos Santos, Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, Salinas, MG

Possui graduação em Ciências Biológicas e Pedagogia (licenciatura), mestre e doutora em Ciências, pelo Programa de Pós Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz (RJ). Atua como docente no nível técnico e nas graduações (bacharelados e licenciatura) no Instituto Federal Norte de Minas Gerais (IFNMG, campus Salinas) e como docente na Pós Graduação Lato sensu de Ensino em Biociências e Saúde (IOC/FIOCRUZ). Colaboração no artigo: Seleção, análise do material e redação do texto.

Ana Isabelle Santana Baptista, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ

Mestranda em Ensino em Biociências e Saúde, no Instituto Oswaldo Cruz (IOC) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Graduada em Ciências Biológicas modalidade Licenciatura, na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Atualmente, atua na linha de pesquisa de Ciência e Arte, com ênfase em Ensino Formal de Ciências e Biologia, Formação Continuada, Saúde e Ambiente.

Luciana Garzoni, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ

Doutora em Biologia Celular e Molecular, Graduada em Ciências Biológicas. É Pesquisadora Titular em Saúde Pública do Instituto Oswaldo Cruz. Docente dos Programas de Pós Graduação em Ensino em Biociências e Saúde e Biologia Celular e Molecular. Atualmente é vice diretora de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação. Colaboração no artigo: Revisão do texto.

Anunciata Sawada, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ

Doutora e mestre em Ciências. Graduada em Museologia. É Tecnologista Sênior em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Atua como Coordenadora o Grupo de Estudos em Animê, Mangá, Ficção Científica e Cultura Pop no Ensino de Ciências e Coordenadora Adjunta do Programa de Pós Graduação Lato sensu em Ciência, Arte e Cultura do Instituto Oswaldo Cruz. Colaboração no artigo: Capitação, seleção, análise do material, discussão dos resultados e revisão do texto.

Tania Araújo-Jorge, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ

Possui graduação em Medicina, é mestre e doutora em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É pesquisadora Titular no Instituto Oswaldo Cruz da Fundação Oswaldo Cruz e docente no curso Pós-Graduação Stricto sensu em Ensino em Biociências e Saúde. Atualmente é diretora do Instituto Oswaldo Cruz-Fiocruz. Colaboração no artigo: discussão, análise e revisão do texto.

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Publicado

2023-04-28

Como Citar

Assis, S. S. de, Pereira-Silva, F. S., Santos, T. T. dos, Baptista, A. I. S. ., Garzoni, L. L. de A. R., Sawada, A. C. M. B., & Araújo-Jorge, T. . (2023). Análise da obra in hand – contribuições para a abordagem da doença de chagas e a educação em saúde . Ensino, Saúde E Ambiente, 15(3), 405-422. https://doi.org/10.22409/resa2022.v15i3.a48772

Edição

Seção

Artigos