Gravando

desafios para (re)contar narrativas do(no) movimento social de travestis brasileiras

Autores

  • Gilson Goulart Carrijo Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil
  • Keila Simpson Associação Nacional de Travestis e Transexuais http://orcid.org/0000-0002-8916-5500
  • Emerson Fernando Rasera Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil
  • Flavia Bonsucesso Teixeira Universidade Federal de Uberlândia https://orcid.org/0000-0001-5605-636X

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/v32i3/5789

Palavras-chave:

travestis, filme documentário, etnografia

Resumo

A produção de um documentário como estratégia de pesquisa no campo das ciências humanas ainda gera debate significativo. Buscando contribuir para esse debate, o objetivo deste artigo é apontar alguns desafios metodológicos que marcaram o processo de pesquisar/registrar/narrar um filme documentário sobre a trajetória de vida de Keila Simpson e seus entrelaçamentos com(na) história do movimento de travestis no Brasil. Assim, por meio de uma análise teórica, inicialmente, discutimos as disputas sobre o real e o verdadeiro que se (re)produzem na interação com as imagens. A partir de uma perspectiva etnográfica, então, refletimos sobre nosso percurso de realização do documentário, nas etapas de exploração e produção de esboços, apresentando possibilidades e limites de fazer/pensar/negociar um filme etnográfico sendo pesquisador/cineasta em interação com a interlocutora/narradora. Entendemos que o filme permitirá entender aspectos sensíveis da protagonista e suas relações de sociabilidade e, de forma indireta, compreender o sensível não diretamente abordado pelas imagens.

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Biografia do Autor

Gilson Goulart Carrijo, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil

Possui graduação em História pela Universidade Federal de Uberlândia (1992) e mestrado em História pela mesma Instituição (2002). Exerceu atividade docente no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia e no Centro Universitário do Triângulo nas áreas de cinema (direção de fotografia) e fotografia (teoria e técnica). Integra o Núcleo de Estudos e Pesquisas em História Política da Universiade Federal de Uberlândia tendo como área de interesse a relação entre imagem e palavra. Defendeu o doutorado em Multimeios da Universidade Estadual de Campinas com pesquisa cuja temática é a construção de sentidos na fotografia. Realizou estágio doutoral entre os meses de novembro de 2009 a maio de 2010 na Università Degli Studi di Milano, Milano, Itália. Integrante do Observatório de Saúde Indigena NESP/UnB com enfase na produção audiovisual e educação em saúde. Realizou pós-doutoramento na Universidade Federal de Uberlândia (bolsista CAPES/PNPD) com a supervisão do Prof. Dr. Emerson Rasera, finalizado em julho de 2017.

Keila Simpson, Associação Nacional de Travestis e Transexuais

Travesti presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) e coordenadora do Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT da Bahia. Vencedora do Premio Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República - 2013.

Emerson Fernando Rasera, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil

Possui Graduação em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1995), Aprimoramento em Promoção de Saúde na Comunidade pela Universidade de São Paulo (1997), Mestrado e Doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (2000, 2004), e pós-doutorado pela University of New Hampshire (EUA) (2011-2012). Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal de Uberlândia e Docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Foi Coordenador do Programa de Pós-graduação em Psicologia (2008-2009). Foi Presidente da Associação Brasileira de Psicologia Social (2016/2017). É Membro do Corpo Editorial e Revisor de vários periódicos de Psicologia. Membro do Taos Institute (USA). Integrante do GT Cotidiano e Praticas Sociais da ANPEPP. Lider do Grupo de Pesquisa "Psicologia, Saúde e Construcionismo Social" (CNPQ). Desenvolve ações de cooperação com a University of New Hampshire (EUA) e NHTV Breda University of Applied Sciences (Holanda). Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Processos Grupais e de Comunicação. Atua principalmente nos seguintes temas: construcionismo social, processo grupal, saúde coletiva, sexualidade.

Flavia Bonsucesso Teixeira, Universidade Federal de Uberlândia

Possui Graduação em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de Minas Gerais (1991), Especialização em Sociologia pela Universidade Federal de Uberlândia (1994), Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia (2000), Doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (2009), e pós-doutorado pela Università degli Studi di Milano (IT) (2009-2010). Atualmente é Professora Associada da Universidade Federal de Uberlândia lotada no curso de Medicina (Departamento de Saúde Coletiva) e Docente do Programa de Pós-graduação em Saúde da Família. Tem atuado principalmente nos seguintes temas: gênero, sexualidade, prostituição, migrações e conjugalidades. Integrante da rede de trabalho sobre gênero, migrações e tráfico de pessoas do PAGU/Unicamp. Realizou estágio pos-doutoramento no Nucleo de Estudos de Gênero PAGU/Unicamp com a temática migração, gênero e saúde sob a supervisão da professora Adriana Gracia Piscitelli.

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Publicado

2020-11-30 — Atualizado em 2021-01-04

Versões

Como Citar

CARRIJO, G. G.; SIMPSON, K.; RASERA, E. F.; TEIXEIRA, F. B. Gravando: desafios para (re)contar narrativas do(no) movimento social de travestis brasileiras. Fractal: Revista de Psicologia, v. 32, n. 3, p. 277-284, 4 jan. 2021.

Edição

Seção

Artigos