Alternância estativo-locativa no PB: verbos com sentido de continência

Auteurs

  • Letícia Meirelles Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

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https://doi.org/10.22409/gragoata.v29i64.60366.pt

Mots-clés:

Inversão Locativa, Semântica Lexical, Interface Sintaxe-Semântica, Alternância Verbal, Processo Semântico de Coercion

Résumé

Neste artigo, analisamos, de acordo com os pressuspostos teóricos-metodológicos adotados pelos estudos na área da Interface Sintaxe-Semântica Lexical, um tipo de inversão locativa do português brasileiro. Ele ocorre com verbos do tipo armazenar, que são bitransitivos e denotam o sentido de mudança de estado em relação a uma locação: o fazendeiro armazenou 25 mil toneladas de milho no depósito/ o depósito armazenou 25 mil toneladas de milho. Em uma classificação mais ampla, esses verbos pertencem à classe dos verbos de mudança de estado locativo, juntamente a outros verbos que não realizam a inversão locativa, como colocar: a menina colocou o livro na caixa/ *a caixa colocou o livro. Ao analisarmos o sentido mais específico do verbo armazenar, percebemos que este denota uma relação de continência entre seus argumentos, de modo que as 25 mil toneladas de milho passam a ficar contidas no depósito. É essa relação que licencia a ocorrência da inversão locativa em questão, a qual se caracteriza por uma reinterpretação da estrutura temática dos verbos e por uma mudança aspectual na forma alternada. Mostramos que essa reinterpretação temática ocorre através de um processo semântico conhecido como coercion, e que a mudança aspectual da sentença alternada é um epifenômeno da ocorrência desse processo. Também mostramos que a relação semântica de continência é relevante gramaticalmente.

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Biographie de l'auteur

Letícia Meirelles, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

é doutora em Linguística
Teórica e Descritiva pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG - 2018) e tem pós-doutorado em
Linguística pela mesma instituição (UFMG - 2022). Atuou como pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Semântica Lexical (NuPeS) da Faculdade de Letras da UFMG de 2013 a 2022, sendo cocriadora do banco de dados lexicais VerboWeb. Foi coordenadora da Comissão Científica de Semântica e Pragmática da Associação Brasileira de Linguística (Abralin) no período de 2020 a 2022. Seus principais interesses de pesquisa são sobre a estrutura argumental dos verbos e a relação entre a Sintaxe e a Semântica.

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Publiée

2024-07-24