Coletivos populares no Recôncavo da Bahia

cultura, memória e resistência

Autores

  • Laura Bezerra UFRB

DOI:

https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v12i22.50792

Palavras-chave:

cultura popular; cidadania cultural; participação; patrimônio cultural; Recôncavo da Bahia.

Resumo

Objeto deste trabalho são três experiências participativas locais, com atenção para as estratégias adotadas por grupos do Recôncavo da Bahia para a salvaguarda de suas manifestações culturais, numa complexa e contraditória relação com o Estado. O reconhecimento do Samba de Roda (2004), do Bembé do Mercado (2012) e das Cheganças, Marujadas e Embaixadas (2019), manifestações de grupos subalternizados, como patrimônio cultural pelo poder público foi um marco e o processo de patrimonialização merece atenção, uma vez que ele se inicia a partir de tentativas do poder público de induzir a participação popular, com riscos de domesticação e disciplinamento. Assumindo uma perspectiva situada e considerando a ideia de cidadania cultural, optamos por uma abordagem que nos levou a identificar os protagonistas dos processos descritos, focando em suas motivações e sua capacidade de agência. A pesquisa mostra que os processos de patrimonialização em tela significaram, para os grupos envolvidos, uma estratégia de empoderamento, um caminho para aprofundar os processos de mobilização e de organização coletiva em busca de protagonismo na condução de suas manifestações culturais.

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Publicado

2022-03-02

Como Citar

Bezerra, L. (2022). Coletivos populares no Recôncavo da Bahia: cultura, memória e resistência. PragMATIZES - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura, 12(22), 29-49. https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v12i22.50792

Edição

Seção

Dossiê 22 - Coletivos culturais - resistências, disputas e potências