Poesia para existir e resistir

a experiência dos saraus na educação básica do município de São Paulo possíveis contribuições na construção das identidades étnico e racial dos estudantes.

Autores

  • Paula Renata S. Gomes Santino Secretária Municipal de Educação de São Paulo
  • Carlos Antonio Giovinazzo Junior PUC-SP

DOI:

https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v12i22.51123

Palavras-chave:

Saraus, literatura periférica, cultura periférica e escolar, autonomia, identidades

Resumo

O artigo apresenta, com base nos referenciais da teoria crítica da sociedade, sobretudo os conceitos de autonomia e formação cultural de T. W. Adorno, a experiência de escolas públicas que desenvolvem saraus no município de São Paulo, sua presença nos currículos escolares e nos Projetos Políticos Pedagógicos. Duas escolas pertencentes à Diretoria Regional do Campo Limpo, cidade de São Paulo/SP, foram objetos de estudo da pesquisa que originou este artigo, de modo a identificar como se desenvolvem os saraus nos seus currículos e como estão relacionados a outras ações pedagógicas; considerando que a presença dos saraus nas escolas da DRE Campo Limpo é resultado do crescimento de ações culturais e artísticas realizadas pelos coletivos de cultura popular e periférica nesse território, procurou-se identificar, por meio da observação dos saraus promovidos pelas instituições selecionadas, se de fato sua realização foi incorporada como elemento da identidade da escola e como as possibilidades de trabalho são desenvolvidas no cotidiano escolar. Os dados produzidos na pesquisa empírica permitem afirmar que os saraus, utilizados como recurso metodológico e conteúdo curricular, produzem uma tendência que possibilita um ambiente e um espaço para a formação cultural, política, étnica e racial como nos aponta uma das escolas observadas, por meio da experiência com a arte, a poesia e a literatura e cultura da periferia.

Palavras-chave: Saraus; literatura periférica; Cultura periférica e escolar; Autonomia; Identidades.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carlos Antonio Giovinazzo Junior, PUC-SP

Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCSP.

Referências

ADORNO, Theodor W. Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 1995.

ADORNO, Theodor W. Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

ADORNO, Theodor W. Introdução à sociologia. São Paulo: UNESP, 2008.

ADORNO, Theodor W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: HORKHEIMEIR, Max; ADORNO, Theodor W. Textos escolhidos. [Col. Os pensadores]. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 79-105.

ADORNO, Theodor W. Teoria da Semicultura. Educação e Sociedade. Campinas, ano XVII, n. 56, p. 388-411, dez./1996.

AMARAL,Isabel. A literatura poética nas escolas de ensino médio: uma análise das potencialidades da poesia na formação do jovem. (Doutorado em Educação). Pontifícia Universidade Católica de SãoPaulo, 2012.

ASSIS, Mariana. Poesia das ruas nas ruas e estantes: eventos de letramentos e multiletramentos nos sarausliterários da periferia de São Paulo. (Mestrado em Educação). Universidade Estadual de Campinas, 2014.

BARBOSA, Lucia. A leitura no currículo do ensino médiocomo meio de inserção social. (Mestrado em Educação). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2007.

BENJAMIN,Walter.Experiência e pobreza. In: Magia e técnica, arte e política. .[Obras escolhidas, vol. I]. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BEZERRA, Maria. Formação do leitor: a escola cumpre a tarefa? (Mestrado em Educação). Pontifícia Universidade Católica de SãoPaulo, 2009.

CHAMONE, Aline. Um estudo sobre os sauraus da cidade de São Paulo: espaços para “aprender na amizade e na liberdade”. (Mestrado em Educação). Universidade de São Paulo, 2016.

CHAUÍ, Marilena. Cultura e democracia. Salvador: Secretaria de Cultura, Fundação Pedro Calmon, 2012.

EMEF ANNA SILVEIRA PEDREIRA. Projeto Político Pedagógico. São Paulo, 2019.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz eTerra, 1996.

GOIZ, Juliana de Almeida. Das teorias racialistas ao genocídio da juventude negra no Brasil contemporâneo: algumas reflexões sobre um país nada cordial. Aedos, Porto Alegre, v. 8, n. 19, p. 108-127, dez. 2016.

GRILO, Juliana A. F. Percurso de grupos populares na escolarização: conflitos, resistências, perspectivas decoloniais em escolas públicas de São Paulo. (Mestrado em História Social). Pontifícia Universidade de São Paulo, 2019.

HORKHEIMER, Max; ADORNO,Theodor W. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar,1985.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Petrópolis: Vozes,1999.

NASCIMENTO, Érica P. A popularização dos saraus é um feito da periferia. Revista Cooperifan,1, São Paulo, 2010.

NASCIMENTO, Érica P. É tudo nosso! Produção cultural na periferia paulista. (Doutorado em Antropologia Social). Universidade de São Paulo, 2011.

QUEIROZ, Helen A. A poesia em territórios improváveis: jovens de periferia em cena. (Doutorado em Educação). Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2017.

REBELO,Sandra S. C. A inserção da literatura marginal-periférica nas salas de leitura da rede municipal de São Paulo: os anos iniciais em foco. (Mestrado Profissional em Educação). Universidade Municipal de São Caetano do Sul, 2018.

RODRIGUES, Jéssica. Juventude e literatura: um estudo sobre práticas literárias,ações e representações sociais juvenis na periferia da zona leste. (Mestrado em Ciências Sociais). Universidade Federal de São Paulo, 2014.

ROSA, Allan. Pedagoginga, autonomia e mocambagem. SãoPaulo: Pólen, 2019.

SANTINO, Paula Renata S. G. Poesia para existir e resistir: a experiência de escolas que desenvolvem saraus na educação básica de São Paulo. (Mestrado em Educação: História, Política, Sociedade). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2020.

SANTINO, Paula Renata S. G. Poesia para existir e resistir: saraus como movimento de emancipação literária e social nas periferias de São Paulo. In: JARDIM, Giovane Rodrigues; SOUZA, Cristiéle Santos de Souza (orgs.). Pluralidade, mundo e política: interlúdios em tempos sombrios.Porto Alegre: Mundo Acadêmico, 2021. p. 133-144.

SÃO PAULO (Município). Portaria SME Nº 901/2014. Projeto Especial de Ação: gestão das aprendizagens e das relações interpessoais nos espaços – tempos da aula EMEFAnna SilveiraPedreira. SãoPaulo, 2019.

SÃO PAULO. SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da cidade: Educação de Jovens e Adultos. Componente curricular: LínguaPortuguesa. São Paulo, 2019.

SÃO PAULO. SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da cidade: Educação de Jovens e Adultos. Componente curricular: Arte. São Paulo,2019.

SÃO PAULO. SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da cidade: Ensino Fundamental. Componente curricular: Língua Portuguesa. São Paulo, 2019.

SÃO PAULO. SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da cidade: Ensino Fundamental. Componente curricular: Arte, São Paulo,2019.

SIMÕES, Fernanda M.; FONSECA, Maria da Conceição F. R. Apropriação de práticas de letramento escolares por estudantes da Educação de Jovens e Adultos. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 20, n. 63, p. 869-884, out.-dez. 2015

TENINA, Lucia. Saraus das periferias de São Paulo: poesia entre tragos, silêncios e aplausos. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, n. 42, p. 11-28, 2013.

Downloads

Publicado

2022-03-02

Como Citar

S. Gomes Santino, P. R., & Giovinazzo Junior, C. A. (2022). Poesia para existir e resistir : a experiência dos saraus na educação básica do município de São Paulo possíveis contribuições na construção das identidades étnico e racial dos estudantes. PragMATIZES - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura, 12(22), 270-304. https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v12i22.51123

Edição

Seção

Dossiê 22 - Coletivos culturais - resistências, disputas e potências