A memória enquanto patrimônio cultural
alteridades e narrativas sobre o Sítio arqueológico Toca da Baixa dos Caboclos, Piauí
DOI:
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v14i27.63186Palavras-chave:
Educação Patrimonial Decolonial; História Oral; Memória; Identidade Cultural; Patrimônio CulturalResumo
Neste trabalho, usamos a oralidade para verificar as relações de pertencimento e da memória como forma de salvaguardar o patrimônio cultural, na comunidade da área do Sítio arqueológico Toca da Baixa dos Caboclos. O Sítio localiza-se no município de São João do Piauí, na área do Parque Nacional Serra da Capivara, Nordeste do Brasil, e possui uma diversidade de vestígios arqueológicos como urnas cerâmicas contendo enterramentos humanos datados por radiocarbono de 450 a 140 cal. anos antes do presente, ou seja, quatro séculos passados, além de artefatos líticos lascados e pinturas rupestres. As histórias contadas por Dona Isidória e membros de sua família, os proprietários da terra onde foi registrado o Sítio fazem referência à sua identificação como indígenas e descendentes dos grupos humanos ali sepultados. Nós transcrevemos as impressões dessas pessoas sobre as materialidades do passado e do presente. Fato que, em certa medida, molda sua memória social e identidade cultural e auxilia na preservação do patrimônio arqueológico local.
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