Feminicídio em pauta
análise de discurso sobre um crime de gênero que ganhou destaque nos programas policiais da Paraíba
DOI:
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v13i24.56068Palavras-chave:
Feminicídio, Violência contra a mulher; Sensacionalismo, Correio VerdadeResumo
A violência contra a mulher tem sido frequentemente noticiada pela mídia. Mas como estes crimes são noticiados? Para contribuir com a resposta a esta questão, o objetivo deste artigo foi analisar o discurso da cobertura de um crime de feminicídio que ganhou destaque no programa Correio Verdade, da TV Correio, afiliada da Rede Record, na Paraíba. Utilizou-se a Análise de Discurso (CHARAUDEAU, 2006), e a teoria do Jornalismo (WOLF, 2001. TRAQUINA, 2005) para pensar os valores-notícia da reportagem escolhida. O debate sobre o modo como o feminicídio foi noticiado apoiou-se em estudosfeministas que discutem o assunto (PRADO; SANEMATSU, 2017. TIBURI, 2019 e PASINATO, 2016). A análise evidenciou uma prática midiática que reforça um ideal de família, entrelaçado à religiosidade, estereótipos de inferioridade de gênero e uma narrativa simbólica de dominação e subordinação, que naturaliza a morte das mulheres, tratando o feminicídio sem considerar o contexto de uma cultura estruturada na violência de gênero.
Downloads
Referências
ANGRIMANI SOBRINHO, Danilo. Espreme que sai sangue: um estudo do sensacionalismo na imprensa. São Paulo: Summus, 1995.
ARBEX JUNIOR, José. Showrnalismo: a notícia como espetáculo. São Paulo: Casa Amarela, 2002.
BEAUVOIR, Simone. de. O segundo sexo: fato e mitos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
BERGER, P.; LUCKMANN, T. A Construção Social da Realidade. Petrópolis: Vozes, 2004.
BLAY, Eva Alterman. Assassinato de Mulheres e Direitos Humanos. São Paulo: Editora 34, 2008.
BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
BRANDÃO, Helena Hathsue Nagamine. Introdução à análise do discurso. Campinas: UNICAMP, 2012.
BRANDÃO, Marcelo. Senado aprova PEC que torna feminicídio crime imprescritível. 2019. Disponível em:
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 3 nov. 2022.
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Instrumentos Internacionais de Direitos das Mulheres. Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2006. 260p. Disponível em: https://assets-compromissoeatitude-ipg.sfo2.digitaloceanspaces.com/2012/08/SPM_instrumentosinternacionaisdireitosdasmulheres.pdf. Acesso em: 10 nov.2022.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.104 de 09 de março de 2015. Disponível em: https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=13104&ano=2015&ato=defMTS65UNVpWTacb. Acesso em: 3 nov. 2022.
CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das Mídias. São Paulo: Contexto, 2006.
DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São Paulo: Boitempo, 2016.
DORA, D. D. Violência contra a mulher: um breve histórico no Brasil. In: VEIGA, A. M.; LISBOA, T. K.; WOLFF, C. S. (orgs.). Gênero e violências Diálogos interdisciplinares. Série Diversidades. Florianópolis: Edições do Bosque/CFH/UFSC, 2016. p.264-278.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2021. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/anuario-brasileiro-seguranca-publica/. Acesso em: 10 nov. 2021.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
G1 PB. Monitor da Violência: Em Cinco Anos, 2019 tem maior número de feminicídios na Paraíba. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2020/03/05/monitor-da-violencia-em-cinco-anos-2019-tem-maior-numero-de-feminicidios-na-paraiba.ghtml. Acesso em: 25 abr. 2020.
GERONIMO, Aderlon dos Santos. O protagonismo dos Apresentadores no Contrato de Comunicação de Programas Policiais na Paraíba. (Mestrado em Jornalismo). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2019.
GOMES, Ana. Paula Portella Ferreira. Como morre uma mulher? Configurações da violência letal contra mulheres em Pernambuco. (Doutorado em Sociologia) Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2019.
INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS – Inesc. Orçamento para combater a violência contra a mulher em 2022 é o menor dos últimos 4 anos. Disponível em: https://www.inesc.org.br/orcamento-para-combater-a-violencia-contra-a-mulher-em-2022-e-o-menor-dos-ultimos-4-anos/. Acesso em: 30 nov. 2022.
INSTITUTO MARIA DA PENHA. Enfrentar, por meio de mecanismos de conscientização e empoderamento, a violência doméstica e familiar contra a mulher.2018. Disponível em: http://www.institutomariadapenha.org.br/. Acesso em: 18 nov. 2020.
ISTITUTO SOU DA PAZ ORG. Arma de fogo é principal instrumento usado para tirar vida de mulheres no brasil. 2022. Disponível em: https://soudapaz.org/noticias/arma-de-fogo-e-principal-instrumento-usado-para-tirar-vida-de-mulheres-no-brasil-revela-relatorio-do-instituto-sou-da-paz/. Acesso em: 10 dez. 2022.
JUZO, Ana Carolina de Sá; MENDES, Ivo. Feminicídio no Brasil: O Que Vem Depois da Tipificação? In: BOITEUX, Luciana; MAGNO, Patrícia Carlos. (orgs.). Gênero, feminismos e sistemas de Justiça: discussões interseccionais de gênero, raça e classe. Rio de Janeiro: Editora Freitas Bastos, 2018
LAGARDE, Marcela. Del femicidio al feminicidio. Revista Desde el jardin de Freud, Bogotá, v. 6, p. 216-225, 2006.
LAGE, Nilson. A reportagem. Rio de Janeiro: Record, 2009.
LAGE, Nilson. Ideologia e Técnica da Notícia. Florianópolis: Ufsc-Insular, 2001.
MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. São Paulo: Senac, 2001.
NEVES, Gabriela Barbosa. Memória do telejornalismo de João Pessoa/PB. (Graduação em Jornalismo). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2015.
ORLANDI, Eni. Pulcinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. São Paulo: Pontes, 1999.
PASINATO, Wânia. “Femicídios” e as mortes de mulheres no Brasil. Cadernos Pagu, Campinas, n. 37, p. 219-246, 2016.
PISCITELLI, Adriana. Gênero: A História de um Conceito. In: ALMEIDA, Heloisa Buarque; SZWAKO, José. Eduardo. (orgs.). Diferenças, igualdade. São Paulo: Berlendis, 2019.
POSSENTI, Sírio. Questões para analistas do Discurso. São Paulo: Parábola, 2009.
PRADO, Débora; SANEMATSU, Marisa (orgs.). Feminicídio: invisibilidade mata. São Paulo: Fundação Rosa Luxemburgo, 2017.
ROMÃO, D. M. Jornalismo Policial: Indústria Cultural e violência. [Mestrado em Psicologia]. Universidade de São Paulo, São Paulo. 2013.
ROMIO, Jackeline Aparecida Ferreira. Sobre o feminicídio, o direito da mulher de nomear suas experiências. PLURAL, Revista do Programa de Pós-graduação em Sociologia da USP, São Paulo, v. 26, n. 1, p. 79 10, 2019.
SAFFIOTI, Heleieth; BONGIOVANI, Iara. Gênero, patriarcado e violência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004.
SANEMATSU, Marisa. Análise da Cobertura da Imprensa sobre Violência contra as Mulheres. In: Coordenação Veet Vivara. Imprensa e agenda de direitos das mulheres: Uma análise das tendências da cobertura jornalística. 2011. Disponível em: https://andi.org.br/wp-content/uploads/2020/09/imprensa-e-agenda-de-direitos-das-mulheres-versao-web-Copy.pdf. Acesso em: 18 mar. 2020.
SECRETÁRIA de Educação de Boa Vista é morta pelo marido em motel. Jornal da Paraíba, João Pessoa, 16 de abr. de 2019. Disponível em: https://www.jornaldaparaiba.com.br/vida_urbana/secretaria-de-educacao-de-boa-vista-e-morta-pelo-marido-em-motel.html. Acesso em: 15 dez. 2019.
THINK OLGA. Minimanual do Jornalismo Humanizado. Parte I: Violência contra a mulher. 2016. Disponível em: https://thinkolga.com/ferramentas/minimanual-do-jornalismo-humanizado-pessoas-com-deficiencia/. Acesso em: 18 nov. 2022.
TIBURI, Márcia. Feminismo em Comum: Para todas, todes e todos. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2019.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo. V.2. Florianópolis: Insular, 2005.
UNIVERSA. Manual universa de jornalismo. 2020 Disponível em: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/11/25/manual-universa-de-jornalismo-e-a-luta-contra-o-machismo-que-mata-mulheres.htm. Acesso em: 10 nov. 2022.
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. Lisboa: Presença, 2001.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de propriedade, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical.
- As provas finais não serão submetidas aos autores.
- As opiniçoes emitidas pelos autores são de sua exclusiva responsabilidade.