PERCURSO HISTÓRICO-SOCIAL DA CONSTITUIÇÃO DA DOCÊNCIA EM PROFISSÃO NO ENSINO NÃO SUPERIOR MOÇAMBICANO: AVANÇOS, RECUOS, CONTRADIÇÕES E DESAFIOS HISTORICAL-SOCIAL COURSE OF THE TEACHING PROFESSION IN NON-HIGHER EDUCATION IN MOZAMBIQUE: ADVANCES, SETBACKS, CONTRADICTIONS AND CHALLENGES
DOI:
https://doi.org/10.22409/revistaleph.v0i31.39296Palavras-chave:
Docência. Profissão. Etapas da profissionalização docente. Formação inicial de professores. Teaching. Profession. Dimensions of teacher professionalism. Initial Teacher Education.Resumo
Analisa-se o percurso histórico-social da constituição da docência em profissão no ensino não superior, para a sua compreensão contextualizada. Usa-se o= modelo de Nóvoa (1987) de quatro etapas: (1) transformação da docência numa atividade a tempo inteiro, (2) posse de autorização legal para o exercício da atividade, (3) institucionalização da formação de professores e (4) associativismo,
aplicado na análise do processo em Portugal, e depois descreve-se o trajecto no caso moçambicano. Conclui-se que (i) embora não consolidadas, as quatro etapas figuram no caso deste país (ii) a afirmação da docência como profissão
denota fraca autonomia e enorme dependência dos professores do Estado, que os une mais a funcionários do que a profissionais, porém sugere-se mais pesquisa sobre esta conclusão.
The historical-social course of the constitution of teaching in profession in non- higher education is analyzed, for its contextualized understanding. The Nóvoa (1987) model of four stages is used: (1) transformation of teaching into a full- time activity, (2) possession of legal authorization to carry out the activity, (3) institutionalization of Teacher Education and (4) associativism, applied in the analysis of the process in Portugal, then the route is described in the mozambican case. It is concluded that (i) although not consolidated, the four stages are in this case (ii) the affirmation of teaching as a profession shows weak autonomy and great dependence on State teachers, which brings them closer to employees than to professionals, but more research on this conclusion issuggested.
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