O uso dogmático de conceitos educacionais na atividade da alfabetização: um debate além da escolha do método

Resumo

Este artigo propõe uma análise do uso dogmático de conceitos educacionais que envolvem a atividade do ensino e a aprendizagem na alfabetização. Para isso, recorre a uma abordagem filosófica, inspirada na segunda fase do pensamento do filósofo Wittgenstein. Com este tratamento, de natureza filosófica, pretende-se a relativização da concepção referencial da linguagem para dissolver interpretações sectárias que, supostamente, possam povoar o pensamento de muitos alfabetizadores. Para isso, ao recorrer ao uso de perguntas e de exemplificações, busca-se questionar a proposta de um uso exclusivista do método fônico e de interpretações unilaterais do termo letramento, ao passo que se intenta problematizar os pressupostos que embasam os documentos elaborados na gestão do governo Bolsonaro, que, a nosso ver, naturalizam os processos de aprendizagem da leitura e da escrita, reafirmando e reproduzindo a exclusão, especialmente de alunos advindos de classes populares. Nesse sentido, o pensamento de Azanha, a respeito do que considera como abstracionismo pedagógico, bem como de Paulo Freire, também iluminam as reflexões apresentadas a respeito da rejeição de uma educação sectária, para a superação de práticas pedagógicas que conduzam à desumanização.