Da pornografia política às políticas da pornografia: uma discussão a partir de O poeta pornosiano

Autores

  • Baruc Carvalho Martins Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.22409/cadletrasuff.v31i61.44140

Palavras-chave:

pornografia, política, literatura brasileira contemporânea, Glauco Mattoso

Resumo

Este artigo busca analisar a relação entre pornografia e política na antologia O poeta pornosiano (2011), de Glauco Mattoso, a partir do lugar do corpo e do desejo nessa obra. Para tal intento, lançamos mão de uma proposta de cartografia que se situa em diferentes níveis com o intuito de investigar, tanto no nível representativo quanto no expressivo, o modo como a pornografia reelabora a tradição literária a partir da mobilização de um paradigma político outro, recuperando a centralidade do papel da sátira política pornográfica, mas sem desprezar a função desta na excitação sexual. Com isso, argumentamos que O poeta pornosiano promove uma passagem da pornografia política, entendida em seu uso comum, panfletário, e que foi mobilizado por diferentes indivíduos e grupos no decorrer da história ocidental moderna, para as políticas da pornografia, a partir da intensificação do desejo e de uma nova organização sensível do espaço político com o objetivo de colocar a urgência dos problemas sociais em novos termos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Baruc Carvalho Martins, Universidade Federal Fluminense

Doutorando em Literatura Comparada pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da Universidade Federal Fluminense (PPGLit/UFF) e professor efetivo de Língua Portuguesa dos municípios de Araruama e Rio das Ostras, Rio de Janeiro, Brasil.  Interessa-se por estudos estéticos ligados ao audiovisual e à literatura, colocando em relação: corpo, tecnologia, biopolítica e imagem. Atualmente, desenvolve pesquisa sobre o problema da cegueira nas poéticas de Glauco Mattoso e de Jorge Luis Borges.

Referências

BENJAMIN, Walter. Baudelaire e a modernidade. Edição e tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. 15ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.
BUTTERMAN, Steven F. Perversions on Parade: Brazilian Literature of Transgression and Postmodern Anti-Aesthetics in Glauco Mattoso. San Diego: San Diego University Press, Hyperbole Books, 2005.
CAMPOS, Augusto de. Poesia, antipoesia, antropofagia. São Paulo: Cortez & Moraes, 1978.
CAMPOS, Haroldo de. O sequestro do Barraco na Formação da literatura brasileira: o caso Gregório de Matos. São Paulo: Iluminuras, 2011.
CHARNEY, Leo; SCHWARTZ, Vanessa R (orgs.). O Cinema e a Invenção da Vida Moderna. 2 ed. rev. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Kafka – para uma literatura menor. Tradução e prefácio de Rafael Godinho. Lisboa: Assírio & Alvim, 2003.
______; ______. Mil platôs – capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995, v. 2.
______; ______. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Aurélio Guerra Neto, Ana Lúcia de Oliveira, Lúcia Cláudia Leão e Suely Rolnik. São Paulo: Editora 34, 1996, v. 3.
______; ______. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Suely Rolnik. São Paulo: Editora 34, 1997, v. 5.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Organização, tradução, introdução e revisão técnica de Roberto Machado. 24.ed. Rio de Janeiro: Graal, 2007.
______. O corpo utópico, as heterotopias. Tradução de Salma Tannus Muchail. São Paulo: n-1, 2013.
GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão. São Paulo: Ed. 34, 1992.
HANSEN, João Adolfo. A sátira e o engenho: Gregório de Matos e a Bahia do século XVII. 2 ed. rev. São Paulo: Ateliê Editorial; Campinas: Editora UNICAMP, 2004.
LAPOUJADE, David. Deleuze, os movimentos aberrantes. Tradução de Laymart Garcia dos Santos. São Paulo: n-1, 2015.
MATTOSO, Glauco; DANIEL, Claudio. O anjo de botas carcomidas – Uma entrevista com Glauco Mattoso. In: MATTOSO, Glauco. Pegadas noturnas (dissonetos barrockistas). Rio de Janeiro: Lamparina, 2004, p. 193-202.
MATTOSO, Glauco. O poeta pornosiano. São Paulo: Annablume, 2011.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Vontade de potência. Tradução, prefácio e notas de Mário D. Ferreira Santos. Rio de Janeiro: Ediouro, 1993.
PRECIADO, Beatriz. Manifesto contrassexual. Tradução de Maria Paula Gurgel Ribeiro. São Paulo: n-1, 2014.
SANTIAGO, Silviano. O entre-lugar do discurso latino americano. In: Uma literatura nos trópicos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 9-26.
TRIMBACH, Randolph. Fantasia Erótica e Libertinagem Masculina no Iluminismo Inglês. A Invenção da Pornografia: Obscenidade e as Origens da Modernidade. Tradução de Carlos Szlak. São Paulo: Hedra, 1999, p. 273-308.

Downloads

Publicado

2020-12-15

Como Citar

MARTINS, B. C. Da pornografia política às políticas da pornografia: uma discussão a partir de O poeta pornosiano. Cadernos de Letras da UFF, v. 31, n. 61, p. 248-266, 15 dez. 2020.

Edição

Seção

Dossiê