ENTRE A SALVAÇÃO E A PERDIÇÃO: REFLEXÕES SOBRE O VÍNCULO ENTRE CORPO, INSTRUMENTO DE PECADO, E ALMA NOS DISCURSOS DA ANTIGUIDADE E NA ICONOGRAFIA MEDIEVAL
Palavras-chave:
Corpo. Alma. Salvação. Padres da Igreja. Cristianismo.Resumo
Quando Adão e Eva pecaram, ao desobedecerem aos mandamentos divinos e comerem do fruto da árvore proibida, a humanidade foi expulsa do paraíso. Agostinho de Hipona em sua obra Cidade de Deus, considerou o advento da morte como consequência desse pecado, uma vez que no Paraíso ambos gozavam do deleite da vida eterna. Então, o corpo foi compreendido como o instrumento causador do primeiro pecado e assim fomos condenados a sobreviver do “suor de nosso rosto” (Gen, 3, 19), passamos a estar presos ao “invólucro carnal” e a suas necessidades, bem como a ter que merecer para que nossas almas fossem dignas de retornar ao Paraíso. Sendo assim, discutiremos nesse artigo como o corpo passou a ser compreendido como esse cárcere terrestre da alma e a relação entre a salvação da alma com os atos praticados pelo corpo. Para tanto, apresentaremos os discursos acerca do corpo, da alma e da salvação concebidos ao longo da Antiguidade e do Medievo por seus principais pensadores.
Downloads
Referências
Fontes
AGOSTINHO DE HIPONA. Cidade de Deus. Tradução B. Dombart e A. Kalb. Lisboa: Edição da Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.
ISIDORO DE SEVILHA. Los tres libros de las “Sentencias”. Introducciones, versión y notas de Julio Campos Ruiz e Ismael Roca Melia. In: RUIZ, Julio Campos; MELIA, Ismael Roca (Ed.). Santos Padres Españoles II: San Leandro, San Isidoro, San Fructuoso. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1971.
KRAMER, Heinrich; SPRENGER, James. Malleus Maleficarum – O Martelo das Feiticeiras. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2010.
MARTIN PÉREZ. Livro das confissões. Edição de José B. Machado e Alberto Torres Moreira. Braga: Vercial, 2012.
TOMÁS DE AQUINO. Summa Theologiae. 2° ed. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 2001.
Referências impressas
BACCEGA, Marcus. O sacramento do Santo Graal: Decifrando o imaginário medieval. Curitiba: Editora Prismas, 2015.
BASCHET, Jerôme. A civilização feudal: do ano 1000 à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006.
CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2016.
FRANCO JÚNIOR, Hilário: A Idade Média: nascimento do ocidente. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 16. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.
FOUCAULT, Michel. Ética, sexualidade, política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.
GARCÍA, Fermín Miranda; NAVARRETE, Yolanda Guerrero. História de Espanha Medieval: territorios, sociedades y culturas. Madrid: Sílex, 2008.
GEERTZ, Clifford. The interpretation of culture. Nova York: Basic Books, 1973. (Trad., português: A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.)
LE GOFF, Jacques. O imaginário medieval. Lisboa: Editoral Estampa, 1994.
LE GOFF, Jacques. O nascimento do Purgatório. Lisboa: Editoral Estampa, 1995.
MAZIOLI, Anny Barcelos. Corpo, sexo e poder no Livro das Confissões de Martin Pérez. Vitória: Editora Milfontes, 2019.
PADOVESE, Luigi. Introdução à teologia patrística. Edições Loyola: São Paulo, 1999.
PAPINI, Giovanni. A vida de Santo Agostinho. 4. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1960.
PASTOUREAU, Michel. Preto. A História de uma cor. São Paulo: Editora SENAC, 2011.
RIBEIRO, Maria Eurydice de Barros. “Voos da alma. Sonhos, visões ou profecias?”. In: ABARANTES, Elizabeth Sousa; VIEIRA, Ana Lívia B; ZIERER, Adriana: História Antiga e Medieval: sonhos, mitos e heróis: memória e identidade. São Luis: UEMA, 2015.
SCHMITT, Jean-Claude. Corpo e alma. In: LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean-Claude. Dicionário temático do Ocidente Medieval. São Paulo: Edusc, 2002.
SCHMITT, Jean-Claude. O corpo, os ritos, os sonhos o tempo: ensaios de antropóloga medieval. Petrópolis: Vozes, 2014.
SOUZA, Patrícia Marques de. Os descaminhos do pecado: uma análise iconográfica da boca do Leviatã (século XV). In: FRÓES, Vânia; FREITAS, Edmar; GONÇALVES, Sínval; COSER, Mirian; PEREIRA, Raquel; CASTRO, Anna. Viagens e espaços: imaginários na Idade Média. Rio de Janeiro: Anpuh-Rio, 2018.
VAINFAS, Ronaldo. Casamento, amor e desejo no Ocidente cristão. São Paulo: Ática, 1992.
Revistas Eletrônicas
ARAUJO, Cristiano Santos. Religião, sagrado e poder: considerações conceituais em Geertz, Terrin e Deluze. Ciberteologia - Revista de Teologia e Cultura, São Paulo, Ano XI, n. 51, p. 99-111, 2015.
CARVALHO, Elisa Maria Domingues da Costa. A fortuna ao serviço da salvação da alma, da família e da memória, através dos testamentos dos arcebispos e dignitários de Braga na Idade Média (Séculos XII-XV). Lusitana Sacra, v. 2, p. 15-40, 2002.
COSTA, Ricardo Luiz Silveira da. A estética do corpo na filosofia e na arte da Idade Média. Trans/Form/Ação, Marília, v, 35. p. 161-178, 2012.
LOPES, Marisa. Para a história conceitual da discriminação da mulher. Cadernos de Filosofia Alemã, n. 5, p. 81-96, 2010.
OLIVEIRA, Maria Carmem Gomes Martiniano de. A peregrinação da alma no Scivias de Hildegard de Bingen: criação, queda redenção e salvação. História (São Paulo), v. 32, n. 2, 2013, p. 209-240.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre