Ensaio crítico sobre a compreensão de Émile Durkheim acerca do fenômeno jurídico na obra Divisão do trabalho social

Auteurs

  • João Maurício Martins de Abreu Mestre em Sociologia e Direito pela UFF, Professor de Direito Civil na UNESA (licenciado) e sócio fundador do escritório Corrêa da Veiga, Peltier, Rufino e Abreu Advogados

DOI :

https://doi.org/10.22409/conflu12i1.p88

Mots-clés :

moralidade social – Direito

Résumé

O presente ensaio problematiza o forte vínculo estabelecido por Émile Durkheim, na
obra Da divisão do trabalho social, entre Direito e moralidade social. O autor sustenta que a ordem jurídica das sociedades é o “símbolo visível” da moralidade ali predominante. Segundo ele, nas sociedades ditas simples, ou seja, naquelas em que a divisão do trabalho é pouco desenvolvida, as características particulares dos indivíduos são frágeis, enquanto a consciência comum é forte. Conseqüentemente, praticamente todo desvio comportamental dos indivíduos representa um crime. Por outro lado, nas sociedades ditas complexas, a divisão do trabalho está bastante difundida e, conseqüentemente, criam-se características particulares que diferenciam progressivamente os indivíduos; daí por que predominam, nessas sociedades, normas restitutivas, em vez de normas penais. Durkheim conclui, então, que é possível avaliar o grau de divisão do trabalho, complexidade e moralidade das sociedades através da análise do ordenamento jurídico ali prevalecente. Este ensaio critica uma tal concepção, procurando demonstrar que, especialmente no caso brasileiro, a relação estabelecida entre Direito e moralidade por Durkheim não procede: o ordenamento jurídico não parece oferecer prova alguma sobre nossa moralidade – seja atualmente, ou no passado.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Références

BATISTA, Nilo. 1999. Introdução crítica ao Direito penal brasileiro. 4ª ed. Rio de Janeiro:

Revan.

BOBBIO, Norberto. 2005. Teoria da Norma Jurídica. 3ª ed. Bauru: Edipro.

CICCO, Cláudio de. 2006. História do Pensamento Jurídico e da Filosofia Jurídica. 3ª ed.

São Paulo: Saraiva.

DAVID, René. 2002. Os Grandes Sistemas de Direito Contemporâneo. São Paulo: Martins

Fontes.

DURKHEIM, Émile. 2004. Da Divisão do Trabalho Social. São Paulo: Martins Fontes.

DURKHEIM, Émile. 1988. O que é fato social? In: Rodrigues, José Albertino (org.). Émile

Durkheim. São Paulo: Ática, p. 46-52.

GIORDANI, Mário Curtis. 1999. O Código Civil à luz do Direito Romano. 4ª. Rio de

Janeiro: Lumen Juris,

GOMES, Orlando. 2003. Raízes históricas e sociológicas do Código Civil Brasileiro. São

Paulo: Martins Fontes,

HOLANDA, Sérgio Buarque. 1995. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Companhia das

letras,

MARTINS, Maurício Vieira. 2007. “Sobre a lei, o direito e o ideal: em torno da contribuição

de E. P. Thompson aos estudos jurídicos”. In: Sociologia e Direito: explorando as

interseções. Niterói: PPGSD, p. 39-71.

MELLO, Marcelo Pereira de. 2007. “Vertentes do pensamento sociológico empirista e

naturalista e algumas razões para se duvidar delas”. In: Sociologia e Direito: explorando as

interseções. Niterói: PPGSD, p. 9-35.

MIAILLE, Michel. 1994. Introdução crítica ao Direito. 2ª ed. Lisboa: Estampa.

REALE, Miguel. 1979. Lições Preliminares de Direito. 6ª ed. Saraiva: São Paulo.

SOUZA, Ricardo Luiz de. 2007. “Normas morais, mudanças sociais e individualismo

segundo Durkheim”. In: Confluências. Niterói: PPGSD, nov., v. 9.2, p. 65-85.

VARGAS, Eduardo Viana. 2000. “Durkheim e o domínio da sociologia”. In: Antes Tarde do

que nunca: Gabriel Tarde e a emergência das ciências sociais. Belo Horizonte: Contracapa,

p. 129-161.

Téléchargements

Publiée

2012-10-27

Numéro

Rubrique

Artigos

Comment citer

Ensaio crítico sobre a compreensão de Émile Durkheim acerca do fenômeno jurídico na obra Divisão do trabalho social. Confluências | Revista Interdisciplinar de Sociologia e Direito, [S. l.], v. 12, n. 1, p. 177–191, 2012. DOI: 10.22409/conflu12i1.p88. Disponível em: https://periodicos.uff.br/confluencias/article/view/34237. Acesso em: 7 déc. 2025.