Ninguém quer ser jurado: uma etnografia da participação dos jurados no Tribunal do Júri de Juiz de Fora/MG
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https://doi.org/10.22409/conflu16i3.p379Mots-clés:
Tribunal do Júri, jurado, etnografiaRésumé
Essa pesquisa analisa o processo de participação dos jurados no Tribunal do Júri e sua relação com a dimensão prática do trabalho dos funcionários do cartório. A pesquisa de campo consistiu num intenso trabalho de observação participante no Tribunal do Júri de Juiz de Fora/MG, além entrevistas com jurados. Analisando a organização do trabalho cotidiano desses funcionários, percebe-se que o papel dos jurados nessas rotinas – incluindo os mecanismos de alistamento dos jurados e de votação dos quesitos - é marginal, sendo elas construídas para fazer a instituição funcionar. Como as pessoas não estão interessadas em participar, os funcionários têm de empreender esforços ao selecionar os jurados, buscando fazer o júri acontecer. Nesse cenário, surgem os jurados experientes, que ganham a predileção do juiz por se colocarem à disposição do tribunal, mas que se relacionam muito pouco com a noção de participação popular na justiça, já que utilizam estratégias de legitimação e de construção de identidade, como a criação de uma associação própria.
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