AS CELEBRAÇÕES ESTÉTICAS DAS TURMAS DE FANTASIA E A RE- INVENÇÃO DO CARNAVAL DA METRÓPOLE

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Palavras-chave:

Bate-bolas, turmas de fantasia, festa, Carnaval

Resumo

Bate-bola ou Clóvis são brincantes de um festejo típico do carnaval da periferia do Rio de Janeiro. Sua indumentária se caracteriza por alguns elementos peculiares desta manifestação, tais como a máscara, o macacão, o casaco, o bolero, a bola e a sombrinha, além de músicas e performances características que marcam e demarcam territorialidades por eles corporificadas. As fantasias e acessórios podem variar de acordo com o estilo, mas uma constante é o uso da máscara que deixa velada a identidade do brincante.

A expansão dos Bate-bolas tem origem na Zona Oeste, mais especificamente em Santa Cruz, se multiplicando pelos bairros dos Subúrbios da Central e da Leopoldina. Atualmente, estima-se quase mil turmas na Região Metropolitana. Suas fantasias são cada vez mais vinculadas com estilos de moda, signos e ícones da cultura urbana contemporânea. As turmas possuem enredos anuais associados a distintos personagens da cultura de massa, desvelando uma produção carnavalesca para exibir sua magia em algumas horas de desfiles nas ruas, avenidas e praças da periferia urbana. Apesar de ser uma prática predominantemente masculina, a ascensão das turmas femininas cresce a cada ano - as “Bate-boletes” correspondem a cerca de 25% das turmas mapeadas atualmente.

Uma questão preliminar e fundamental diz respeito à expansão das turmas de fantasia em locais como bairros da nos subúrbios e periferias da Cidade do Rio de Janeiro, assim como na Baixada Fluminense e São Gonçalo, é a forte representatividade da tradição popular da cultura bate-boleira em uma contínua atualização estética. Portanto, é preciso superar a noção ainda corrente do popular (e da cultura popular) como expressão da tradição ou de identidade essencialista de grupos e classes subalternizadas (Hall, 1992), para qualificá-la como uma relação de intersubjetividade que produz um modo de mobilizar e utilizar imagens, objetos e linguagens que circulam na sociedade como um todo, mas que são recebidos e elaborados em processos diversamente criativos (Chartier, 1995).

A questão enunciada nos remete a investigação e desvelamento das estratégias e táticas socioespaciais adotadas pelas turmas de fantasia para fazer valer sua presença no Carnaval ao longo de quase um século testemunhando a criatividade da cultura popular.

Caminhamos, então, por uma vereda geográfica da cultura, sobretudo ao envolver mobilizações de pertencimento de seus participantes para além do festejo propriamente dito, mas do conjunto de ações no cotidiano dos sujeitos que permitem elaborar e realizar, como o evento carnavalesco, tais como festas, churrascos, bingos, rifas, torneios esportivos. É esse cotidiano de construção que transforma a potência criativa das Turmas de Fantasia em atos de afirmação de sua presença no Carnaval Carioca.

Aprendemos com esses brincantes que é preciso mobilizar a produção de símbolos, linguagens e experiências de sujeitos inventivos da cultura, sobretudo quando se considera que as existências sociais são construídas por significações contestadas, inventadas e traduzidas em espacialidades de compartilhamentos sociais e culturais, inclusive como resposta à despossessão da cidade vivida pelos grupos populares no atual processo de produção mercantil do urbano.

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Biografia do Autor

Monique Bezerra da Silva, UFF

Doutoranda em Geografia na UFF. Mestre em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ. Bacharela em Produção Cultural pela UFF.

Jorge Luiz Barbosa, UFF

Professor Titular dos cursos de graduação e pós-graduação em Geografia da UFF. Mestre em Geografia pela UFRJ. Doutor em Geografia pela USP.

Referências

SILVA, M. B. As Espacialidades de Pertencimento e existência das turmas de fantasia no carnaval da periferia carioca. In: Simpósio Nacional de Geografia Urbana, Vitória: Milfontes, 2019. v. 1. p. 2864-2878.

CHARTIER, R. Cultura popular: revisitando um conceito historiográfico. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 8, no 1, 1995.

HALL. S. A identidade cultural na pós-modernidade. São Paulo: DP&A Editora, 1ª edição em 1992, Rio de Janeiro, 11ª edição em 2006.

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Publicado

2021-12-21

Como Citar

SILVA, M. B. DA; BARBOSA, J. L. AS CELEBRAÇÕES ESTÉTICAS DAS TURMAS DE FANTASIA E A RE- INVENÇÃO DO CARNAVAL DA METRÓPOLE. Ensaios de Geografia, v. 8, n. 15, p. 81–85, 21 dez. 2021.

Edição

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