Sobre a Revista

A Ensaios de Geografia é um periódico científico de publicação contínua, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense. Buscamos divulgar pesquisas de temáticas relacionadas à Geografia e áreas afins, além de oferecer um espaço propício à formação acadêmica e profissional.

ISSN: 2316-8544
QUALIS: B1

Notícias

ENSAIOS DE GEOGRAFIA RECEBE SELO DE PRÁTICAS DE CIÊNCIA ABERTA DO DIRETÓRIO DE REVISTAS CIENTÍFICAS BRASILEIRAS (MIGUILIM)

2024-08-15

A revista Ensaios de Geografia acaba de ser agraciada com o selo "Práticas de Ciência Aberta", um reconhecimento que atesta nosso compromisso com o acesso aberto e as melhores práticas de editoração científica. Essa conquista evidencia os esforços contínuos da equipe em tornar a ciência acessível a todos.

O selo é uma iniciativa do Diretório das revistas científicas brasileiras (Miguilim), gerenciado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTi), e indica o cumprimento de rigorosos critérios de avaliação das políticas de abertura de periódicos científicos.

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Edição Atual

v. 11 n. 24 (2024): Ensaios de Geografia
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CAPA

Ruta Nacional 9, alguns giros ao sul de La Quiaca (Argentina) – Janeiro de 2023

 

Relacionar-se com o mundo no nosso entorno, e expandir esse entorno, em cima de duas rodas e movido pela força das próprias pernas é a forma mais bonita que conheço para conhecer novos caminhos e novos lugares, tanto na face da terra quanto dentro de si. Nessas viagens, a bicicleta vira uma grande parceira. Nela e nas bolsas que carrega, encontram-se pertences criteriosamente selecionados, estamos apenas com aquilo que realmente precisamos para poder nos vestir, nos acolher para dormir, nos alimentar, fazer pequenos consertos que se fazem necessários na bicicleta – reduzimos o conjunto de bens materiais necessários ao mínimo.

Uma amiga e ciclista muito querida diz que bicicletas precisam ter nomes, ou, penso, ela muito provavelmente está convicta de que bicicletas têm nomes e ao nomeá-las revelamo-los ao mundo. Tenho assim certeza de que essa da foto tem, mas ainda de que o tinha revelado para mim desde o ano de 2006, momento em que ela passou a ser parceira de duas rodas de tantos caminhos. Mas tenho a suspeita de que seu nome seja “On the road again”, refrão de uma música de voz e violão apresentado pela primeira vez em 1980 pelo cantor “outlaw” Willie Nelson, que soa nos meus ouvidos toda vez que monto nela e sigo rumo a mais um pedaço do caminho desconhecido pela frente. “A caminho de novo?” a bici parece perguntar, e, em tom baixo que se mistura com o vento que bate nos ouvidos que não se sabe se as palavras vêm da bici ou chegam pelo vento mesmo, escuto: “Se estamos a caminho, já chegamos onde devemos estar – a caminho!”

Entre paisagens tão diversas e lindas, que a tão sofrida terra não desiste de nos convidar a conhecer, desertos e montanhas de certo são as mais fascinantes para mim. Imagina-se então regiões desérticas nas montanhas! E é por essa combinação que o alto dos Andes, o Altiplano, é tão fascinante de se conhecer de bicicleta. “De tirar o fôlego” em todos os sentidos, uma experiência que se eterniza na memória visual e sensual. E nasce assim essa foto, onde “On the road again” está me levando em direção sul um dia depois de ter atravessado a fronteira de Villazón ainda na Bolívia para La Quiaca, já na Argentina, em um dos dias que se juntaram para ser o mês de janeiro de 2022. Restam quatro dias de pedal até Tucumán e o que na minha imaginação seria uma descida tranquila até San Salvador de Jujuy vira uma dos trechos mais trabalhosos, com ventos fortes que se apressam a subir o vale do Rio Grande para preencher áreas de baixa pressão no alto da cordilheira. O dia desta foto encerra com uma noite protegida dos ventos, raios e trovões de uma pequena tempestade tão comum nas altas montanhas, em um leito de rio colado a uma ponte de pedras de uma linha ferroviária que descerá o mesmo vale da Ruta 9, pela qual deixo o teto de Abya Yala para trás, já com saudades enquanto ainda me despeço das montanhas, de sua gente e de suas muitas formas, cores e histórias para nos contar (sobre o mundo, sobre nós mesmos).

 

Foto tirada de um aparelho celular Redmi Note 9 

 

Timo Bartholl

Professor Adjunto no Departamento de Geografia da UFF/Niterói

@timomesmo

Publicado: 2024-05-31

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