v. 9 n. 19 (2022): Ensaios de Geografia

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CAPA

Rio Bunharém, Arraial d’Ajuda, Porto Seguro, Bahia, janeiro de 2018.

 

Chegando em Arraial d’Ajuda, na Bahia, me deparei com esse senhor atravessando o Rio Bunharém em um dia movimentado. As águas estavam ariscas contrastando com a calmaria daquele homem. Eu estava na barca, cruzando o rio com a minha família, sentindo os vestígios iniciais de paz que a Bahia proporciona.

Observando aquele senhor por algum tempo, notei que ele se divertia. Ele não queria que as águas estivessem tranquilas. Ele queria que elas estivessem exatamente como estavam, desafiadoras, tornando o conhecido misterioso. Sem me dizer nada e sem mesmo saber seu nome, sentia ele em casa, vivendo as nuances do quintal da sua casa, em um dia diferente. Ele não buscava atravessar de uma margem a outra, ele estava apenas entregue àquela correnteza momentânea.

Para navegar é preciso humildade e ele me relembrou isso só de observá-lo. Como geógrafa entendo o mundo com as pessoas em seus espaços, fazendo deles seus lugares ou não. Entendo a passagem do tempo como a passagem de um rio, sem direção, com diferentes percepções do que é real, mas em frente.

Canon 5D Mark IIl, lente 50mm

 

Maria Carolina Castro
Fotógrafa e Geógrafa
Contato: mariaicarolinac@gmail.com

Publicado: 2022-12-20

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