A formação do cartógrafo é o mundo: corporificação e afetabilidade

Autores

  • Laura Pozzana Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

método da cartografia, metodologia de pesquisa, formação, corpo, afeto

Resumo

Este texto discute a formação do cartógrafo colaborando na construção de pistas do método da cartografia. Ao considerar a processualidade na produção de conhecimento, o texto argumenta que tal formação se faz na abertura atenta do corpo ao plano coletivo de forças em meio ao mundo. O aprendizado e a transformação do pesquisador se fazem no acompanhamento dos efeitos das ações de pesquisa, produzem habilidades e rigor ético. Varela e Latour nos dão suporte na afirmação de que a formação do cartógrafo se faz como inscrição corporal, é acompanhada por processos de corporificação do conhecimento e práticas que configuram regimes de afetabilidade. Neste sentido, aponta para a necessidade de ativação do potencial de ser afetado para além de sua função sensível trivial, ativando uma dimensão de virtualidade que só se amplia à medida que é exercitada. Concluímos que ao pensar na formação do cartógrafo pensamos na produção de mundo.

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Biografia do Autor

Laura Pozzana, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2004), mestrado em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense - área de concentração: Subjetividade e Clínica (2006) e doutorado em Psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na linha de pesquisa Cognição e Subjetividade (2013). Atua principalmente com os seguintes temas: Rìo Abierto, psicologia, cognição, invenção, deficiência visual, expressão e corpo.

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Publicado

2013-08-29

Como Citar

POZZANA, L. A formação do cartógrafo é o mundo: corporificação e afetabilidade. Fractal: Revista de Psicologia, v. 25, n. 2, p. 323-338, 29 ago. 2013.

Edição

Seção

Dossiê Cartografia