O medo: expressão de um coletivo de trabalhadores

Autores/as

  • Andréa Luiza da Silveira Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Álvaro Roberto Crespo Merlo Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Palabras clave:

medo, psicologia do social e do trabalho, existencialismo moderno, psicodinâmica do trabalho, psicopatologia

Resumen

Objetivou-se analisar a condição de possibilidade da experiência do medo relacionada à solidariedade e à resistência. Articulou-se a história do coletivo de trabalhadores dos frigoríficos da região oeste catarinense, enfatizando a constituição da gestão flexível a partir da década de 1990 e o processo de luta por uma representação sindical legítima, integrando poder público e movimentos sociais. Utilizou-se a pesquisa bibliográfica e documental e a pesquisa participante, mediante a vivência dos autores em atividades promovidas pelo sindicato da categoria. As análises, por um lado, resultaram no entendimento de que a luta dos trabalhadores dos frigoríficos da região de Chapecó (SC) ocorreu, sobretudo, pelo controle do processo de trabalho, isto é, a normatização do ritmo, da jornada, das pausas e da temperatura; e, por outro lado, mostraram que o medo, como palavra referida recorrentemente, expressa certa relação com o futuro como de possibilidades mortas, apontando para novas investigações que contemplem quadros psicopatológicos.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Andréa Luiza da Silveira, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (1997) com Formação em Psicologia Fenomenológica Existencialista (1999). Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003). Obteve o título de profissional especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho junto ao Conselho Federal de Psicologia (2009). Atualmente, doutorando do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Desde 1997 atua como consultora na área do trabalho e como psicoterapeuta. Desde 2004 exerce a docência no ensino superior em instituições de ensino de Santa Catarina.Possui experiência profissional como docente e profissional autônoma com ênfase em Psicologia do Trabalho e Psicologia Clínica, especialmente, nos seguintes temas: psicoterapias, psicodiagnóstico fundamentado no existencialismo, saúde, análise do trabalho, saúde do trabalhador, clínicas do trabalho e psicologia do trabalho.

Álvaro Roberto Crespo Merlo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Álvaro Roberto Crespo Merlo é médico, concluiu o doutorado em Sociologia na Université de Paris VII - Denis Diderot em 1996. Atualmente é Professor Associado IV da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atua na Faculdade de Medicina, no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional da UFRGS e é Professor Médico-Assistente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Serviço de Medicina Ocupacional/Ambulatório de Doenças do Trabalho. Publicou 40 artigos em periódicos especializados, 46 capítulos de livros e 7 livros. Orientou 26 dissertações de mestrado e, atualmente, orienta 6 estudantes de doutorado e 2 de mestrado. Atua na área de Psicologia, com ênfase em Psicodinâmica e Clínica do Trabalho e na área da Medicina, com ênfase em Medicina do Trabalho. Coordena o projeto "Proposta para construção de rotinas de atendimento em saúde mental e trabalho em pacientes atendidos na rede do Sistema Único de Saúde", demandado pela Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, com apoio do Fundo Nacional de Saúde. Participa do Projeto de Cooperação Internacional (CAPES) intitulado "Desafios das novas práticas clínicas no campo social: estudos em clínica do trabalho na perspectiva da Psicodinâmica do Trabalho", em colaboração com a Universidade de Brasília e a Université Catholique de Louvain (Bélgica). Vice-coordenador do GT ANPPEP Psicodinâmica e Clínica do Trabalho. Líder do Grupo de Pesquisa Laboratório de Psicodinâmica do Trabalho da UFRGS. Líder do Grupo de Pesquisa Centro de Documentação, Pesquisa e Formação em Saúde e Trabalho (CEDOP/UFRGS).

Citas

ADORNO, T. Notas de Literatura I. São Paulo: Duas Cidades/34, 2003.

BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e a história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BONDÍA, J. L. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de Educação, [online], n. 19, jan.-abr. 2002. Disponível em: <http://anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE19/RBDE19_04_JORGE_LARROSA_BONDIA.pdf >. Acesso em: 1 ago. 2013.

BRASIL. Ministério do Trabalho Emprego. Portaria MTE n. 555, de 18 de abril de 2013. Aprova a Norma Regulamentadora n.º 36 - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados. Brasília: MTE, 2013.

BRASIL. Ministério Público do Trabalho. Termo de Ajuste de Conduta n. 01477. Procuradoria Regional do Trabalho da 12° Região, 2011. Brasília: MPT, 2011.

DAL MAGRO, M. L. P. Entre a saúde e a norma: a atenção à saúde dos trabalhadores das agroindústrias do oeste de Santa Catarina. 2012. Tese (Doutorado)–Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012.

DEJOURS, C.; BÈGUE, F. Suicídio e trabalho: o que fazer? Brasília: Paralelo 15, 2010.

ESPÍNDOLA, J. C. As agroindústrias no Brasil: o caso Sadia. Chapecó: Grifos, 1999.

FOUCAULT, M. Os corpos dóceis. In: ______. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis, RJ: Vozes, 1987a. p. 117-142.

FOUCAULT, M. Os recursos para o bom adestramento. In: ______. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis, RJ: Vozes, 1987b. p. 143-161.

HEIDEGGER, M. A caminho da linguagem. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

LANCMAN, S.; SZNELWAR, L. Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. Rio de Janeiro: Fiocruz; Brasília: Paralelo 15, 2004.

LANCMAN, S.; SZNELWAR, L. I. (Org.). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. Brasília: Paralelo 15, 2004.

MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

MERLEAU-PONTY, M. O visível e o invisível. São Paulo: Perspectiva, 2012.

MERLEAU-PONTY, M. Signos. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

MERLO, A. R. C.; LAPIS, N. L. A saúde e os processos de trabalho no capitalismo: reflexões na interface entre a psicodinâmica do trabalho e a sociologia do trabalho. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 19, n. 1, p. 61-68, jan./abr. 2007.

MYNAIO-GOMES, C.; LACAZ, F. A. C. Saúde do trabalhador: novas-velhas questões. Ciência e Saúde Coletiva, [S.l.], v. 10, n. 4, p. 797-807, 2005.

NELI, M. A. Reestruturação produtiva e saúde do trabalhador: um estudo com os trabalhadores da indústria avícola. 2006. Dissertação (Mestrado)–Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2006.

SANTOS, M. A. O Sofrimento dos trabalhadores da agroindústria Sadia S.A de Chapecó. 2011. Dissertação (Mestrado)–Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.

SARDÁ, S. E.; RUIZ, R. C.; KIRTSCHIG, G. Tutela jurídica da saúde dos empregados de frigoríficos: considerações dos serviços públicos. Acta Fisiátrica, [online], v. 16, n. 2, p. 59-65, 2009. Disponível em: <http://www.actafisiatrica.org.br/detalhe_artigo.asp?id=109>. Acesso em: 25 set. 2013.

SARTRE, J. P. A crítica da razão dialética. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

SARTRE, J. P. O ser e o nada. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

SELIGMANN-SILVA, E. et al. O mundo contemporâneo do trabalho e a saúde mental do trabalhador. Rev. bras. saúde ocup., São Paulo, v. 35, n. 122, dez. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0303-76572010000200002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 22 set. 2013.

SELIGMANN-SILVA, E. Trabalho e desgaste mental: o direito de ser dono de si mesmo. São Paulo: Cortez, 2011.

SILVEIRA, F. A.; FURLAN, R. Corpo e alma em Foucault: postulados para uma Metodologia da Psicologia. Psicologia USP, v. 14, n. 3, p. 171-194, 2003.

SITRACARNES. Boletins 12, 13, 16 e 19. Chapecó, 2012.

##submission.downloads##

Publicado

2014-08-31

Cómo citar

SILVEIRA, A. L. DA; MERLO, ÁLVARO R. C. O medo: expressão de um coletivo de trabalhadores. Fractal: Revista de Psicologia, v. 26, n. 2, p. 349-364, 31 ago. 2014.

Número

Sección

Artículos