A dinâmica de perguntas de constituinte em português brasileiro: uma proposta escalar
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v29i64.60458.ptPalabras clave:
Perguntas de constituinte, Implicaturas conversacionais, Dinâmica conversacional, Semântica Formal, Pragmática FormalResumen
Esta pesquisa teve como objetivo analisar diálogos do português brasileiro, doravante PB, que sejam formados por perguntas de constituinte ou abertas (BORGES-NETO, 2007; FERREIRA, 2023) e apresentem respostas completas ou parciais (GROENENDIJK; STOKHOF, 1984). Mais especificamente, este trabalho se propôs a investigar quais inferências estão envolvidas em cada tipo de resposta: acarretamento, pressuposição, implicatura conversacional. Ainda, buscou-se desenvolver uma escala de respostas possíveis para as perguntas de constituinte, das mais informativas às menos informativas. Nossa hipótese é que há uma relação escalar entre a diversidade de respostas para as perguntas de constituinte, considerando a proposta de Horn (2004), para as implicaturas escalares. Tem como base teórica estudos em Semântica e Pragmática formais, como a semântica e a pragmática de perguntas (HAMBLIN, 1973; KRIPKE, 1980; GROENENDIJK; STOKHOF, 1984; FERREIRA, 2023), o Princípio Cooperativo (GRICE, 1975) e as implicaturas escalares (HORN, 2004). A metodologia utilizada foi a introspectiva, com criação de diálogos com perguntas de constituinte e respostas completas ou parciais das mais variadas, com marcação prosódica de foco (ROOTH, 1985, 1995), marcação de tópico contrastivo (BÜRING, 1999, 2003), quantificadores universais e existenciais, entre outras. Após análise dos diálogos, pode-se concluir que a depender do tipo de resposta, diferentes tipos de inferências são disparados, desde acarretamento e pressuposição de exaustividade, até implicaturas conversacionais de exaustividade e de desconhecimento do falante. Ainda, propomos uma escala lógica, que vai desde a pergunta mais informativa e com inferências lógicas até a menos informativa, com implicatura conversacional generalizada de desconhecimento do falante.
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