(In)definitude, número e implicatura de multiplicidade em uma língua sub-representada: um estudo do Kaiowá (Tupí-Guarani)
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https://doi.org/10.22409/gragoata.v29i64.61256.ptMots-clés:
(In)definitude, Plural, Número, Implicaturas escalares, Implicatura de multiplicidadeRésumé
O ponto de partida para o estudo é o entendimento de que sintaxe, semântica e pragmática atuam de forma simultânea e recursiva na derivação de sentenças. Nossa evidência empírica provém do Kaiowá (Tupí-Guaraní). Apresentamos duas formas pelas quais o plural do Kaiowá pode ser expresso: pela forma básica do nome e pela forma nominal modificada por -kuera, um marcador especial de plural. As duas formas não estão em competição pelo plural. Ambas levam a um plural fraco que inclui o singular em sua extensão. O plural forte não é fornecido de forma gratuita pela lógica, sendo derivado por meio de uma “implicatura de multiplicidade”. Defendemos também que o NP nu do Kaiowá é ambíguo entre interpretações definidas e denotadoras de espécie. Teoricamente, amparamo-nos na visão neo-Carlsoniana de Chierchia (1998) que propõe dois princípios reguladores da mudança de tipo semântico, Blocking e Ranking. O Kaiowá fornece evidência adicional para a versão revisada por Dayal (2004) de Ranking. Nessa última, ∩ e ι estão ranqueados acima de ∃, que só é acionado em último caso. Ao demonstrarmos que o Kaiowá apresenta as mesmas leituras de línguas que possuem artigos no que diz respeito à expressão de número e (in)definitude, sugerimos que essa língua apresenta evidência adicional a favor de uma abordagem localista, que defende que as implicaturas de multiplicidade sejam calculadas passo a passo, na gramática, assim que os termos escalares entram na derivação, em detrimento de uma abordagem globalista, que faz o cálculo sobre a proposição completa, em nível pós-gramatical.
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