A Aspiração do Brasil no Conselho de Segurança da ONU
A Busca de um Assento Permanente e o Lançamento da Agenda RwP
Palavras-chave:
Brasil, Conselho de Segurança das Nações Unidas, Assento Permanente, Responsabilidade ao ProtegerResumo
A diplomacia brasileira começou a ganhar crescente relevância e prestígio internacional no início do século XX, quando o Barão do Rio Branco foi capaz de promover uma política externa pragmática e estratégica que resultou em muitas conquistas positivas para o país. Desde então, o Brasil tem cultivado muitas aspirações no cenário internacional, e uma que aguentou o teste do tempo foi a obtenção de um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU). Nesse contexto, o avanço da inovadora Responsabilidade ao Proteger (RwP) na última década poderia ter contribuído para a realização dessa ambição histórica, mas o país acabou por negligenciar o debate que ocorreu a partir do lançamento da proposta. Diante dessa situação, este artigo baseia-se na seguinte pergunta de pesquisa: Por que o Brasil não impulsionou a agenda da RwP e eventualmente abandonou sua instância proativa na questão? Embora múltiplas explicações tenham sido levantadas, este artigo discute a hipótese de que a moderação das ambições do país na sociedade internacional, particularmente no campo da segurança, teve um papel fundamental na mudança do comportamento brasileiro relacionado à RwP.
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