Os diversos “Pedros” que habitam as cidades: violência, cotidiano e experiência urbana em Contos de Pedro e Passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v10i18.40255

Palavras-chave:

Literatura brasileira, Violência, Experiência urbana, Rubens Figueiredo

Resumo

Pedro é nome de personagens em diversas obras da literatura brasileira, como Capitães de Areia, de Jorge Amado, e Lira Paulistana, de Mário de Andrade. Em comum, esses Pedros têm a origem em uma classe social pobre e trabalhadora. O professor, tradutor e escritor Rubens Figueiredo também dedicou boa parte de sua obra ficcional à retratação do cotidiano das vítimas da injustiça e exclusão social, principalmente nas áreas urbanas e suas periferias. Portanto, o objetivo deste artigo é examinar os modos pelos quais a violência, seja ela de caráter físico ou oriunda da desigualdade social, é representada em Contos de Pedro, de 2006, e Passageiro do fim do dia, publicado em 2010. Críticos e teóricos como Beatriz Resende e Karl Erik Schollhammer veem uma heterogeneidade na literatura brasileira contemporânea e, dentre suas diversas características, a urgência em se relacionar com a realidade histórica pode ser percebida nos contos e romance analisados aqui, haja vista a necessidade que Rubens Figueiredo mostra ao abordar a realidade social e urbana. Seja através da perspectiva do Pedro de Passageiro do fim do dia, ou do olhar onisciente dos narradores dos Contos de Pedro, estamos diante de jovens e adultos, mulheres e homens, cuja exclusão social pode ser percebida por meio de temas como solidão, educação e escola, violência e desilusão. É através do cotidiano de vida e trabalho precários dos Pedros dos contos, ou da perspectiva experienciada por Pedro no romance, que o autor, tal como Chico Buarque na música Pedro Pedreiro, denuncia a opressão da classe trabalhadora brasileira.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carolina Montebelo Barcelos, PUC-Rio

Graduação em Artes Cênicas com habilitação em Teoria do Teatro na UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) em 2004. Pós-graduação lato sensu em Literatura, Arte e Pensamento Contemporâneo na CCE/PUC – Rio entre 2007 e 2008. Mestre em Letras (Estudos de Literatura Brasileira), pela PUC –Rio, em 2012 e Doutora em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, pela PUC-Rio, em 2016. Entre agosto de 2015 e fevereiro de 2016 realizou estágio de Doutorado no departamento de Theatre Arts and Performance Studies da Brown University com Bolsa Sanduíche da CAPES. Atua como professora e pesquisadora de teatro. Áreas de pesquisa: teatro brasileiro, literatura comparada, teatro colaborativo, teatro contemporâneo e performance.

Referências

ANDRADE, Mário de. Lira paulistana. In: Poesias completas. Belo Horizonte: Itatiaia, 1987. Disponível em: < https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=37687>. Acesso em: 11 dez. 2019.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. V. 1 Rio de Janeiro: Vozes, 2009.

COUTINHO, Isabel. Para que a rotina não deixe que se banalize a desigualdade. In: Público. Portugal, 10 de outubro de 2011. Disponível em: <https://www.publico.pt/2011/11/10/culturaipsilon/noticia/para-que-a-rotina-nao-deixe-que-se-banalize-a-desigualdade-296576>. Acesso em: 9 dez 2019.

FIGUEIREDO, Rubens. A escola da noite. In: O livro dos lobos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

_____. Contos de Pedro. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

_____. Passageiro do fim do dia. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

GOMES, Renato Cordeiro. Duas ou três coisas que eu sei dela. In: DEALTRY, Giovanna; LEMOS, Masé; CHIARELLI, Stefania. Alguma prosa: ensaios sobre literatura brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007. p. 9-12.

JAGUARIBE, Beatriz. Ficções do real: notas sobre as estéticas do realismo e pedagogias do olhar na América Latina contemporânea. Ciberlegenda, Niterói, nº 23, 2º, 2010, p. 6-14.

PATROCÍNIO, Paulo Roberto Tonani do. Entre o morro e o asfalto: imagens da favela nos discursos culturais brasileiros. (Mestrado em Letras). PUC-Rio, Rio de Janeiro, 2006.

_____. Passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo: um olhar sobre o naturalismo. In: CHIARELLI, Stefania; DEALTRY, Giovanna; VIDAL, Paloma (orgs.). O futuro pelo retrovisor: inquietudes da literatura brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Rocco, 2013. p. 261-278.

_____. Os (não) adaptados: a experiência urbana na obra de Rubens Figueiredo. In: RESENDE, Beatriz (org.). Possibilidades da nova escrita literária no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 2014. p. 91-107.

_____. Cidade de lobos: a representação de territórios marginais na obra de Rubens Figueiredo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2016.

RESENDE, Beatriz. Contemporâneos: expressões da literatura brasileira no século XXI. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2008.

_____. Ficção brasileira hoje: a multiplicidade como sintoma. In: Semear: Revista da Cátedra Padre Antonio Vieira de Estudos Portugueses. Rio de Janeiro, PUC-Rio, n. 7, 2002. Disponível em: <http://www.letras.puc-rio.br/unidades&nucleos/catedra/revista/7Sem_13.html>. Acesso em: 9 dez. 2019.

SCHOLLHAMMER, Karl Erik. Ficção brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

Downloads

Publicado

2020-03-01

Como Citar

Montebelo Barcelos, C. (2020). Os diversos “Pedros” que habitam as cidades: violência, cotidiano e experiência urbana em Contos de Pedro e Passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo. PragMATIZES - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura, 10(18), 140-154. https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v10i18.40255

Edição

Seção

Dossiê 18: Representações da Violência na Literatura