Educador de exposições

um trabalhador sem profissão?

Autores

  • Cintia Maria da Silva Instituto de Artes/UNESP
  • Adriana Santiago Rosa Dantas Faculdade de Educação/Unicamp

DOI:

https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v11i21.49481

Palavras-chave:

Educador de Exposições, Mediação Cultural, Relações de trabalho, Precarização, Profissionalização

Resumo

Com o aumento das grandes exposições na segunda metade do século XX, o trabalho feito por educadores em equipamentos culturais cresceu como atividade que realiza a mediação cultural entre os bens culturais e seus públicos. Estudos recentes têm se debruçado sobre essa práxis educativa, contudo poucos têm discutido as relações de trabalho do educador de exposições. Esse artigo apresenta resultados de uma pesquisa que analisou as relações de trabalho oferecidas pelos equipamentos culturais da cidade de São Paulo. Como metodologia, foram entrevistados coordenadores de três tipos de contratantes: Instituições Privadas (IPs), Instituições Estatais geridas por Organizações Sociais (OSs) e Empresas de Terceirização (ETs) para examinar as formas de contratação oferecidas. Como resultado, verificou-se que, para além da precarização do trabalho, o educador de exposições se caracteriza como um trabalhador sem profissão, devido à ausência de reconhecimento profissional e às relações de trabalho disfarçadas.

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Biografia do Autor

Cintia Maria da Silva, Instituto de Artes/UNESP

Mestre em Artes pela Universidade Estadual de São Paulo Julio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil

Adriana Santiago Rosa Dantas, Faculdade de Educação/Unicamp

Pós-doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP-FAPESP. Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil.

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Publicado

2021-09-01

Como Citar

da Silva, C. M., & Santiago Rosa Dantas, A. (2021). Educador de exposições: um trabalhador sem profissão?. PragMATIZES - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura, 11(21), 67-94. https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v11i21.49481

Edição

Seção

Dossiê 21: Trabalho cultural e pre carização