A intervenção teatral e a construção de subjetividades no espaço escolar
DOI:
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v12i22.51091Palavras-chave:
Artes Cênicas, Teatro do Oprimido, Educação, Bullying, Valorização da vidaResumo
Este artigo apresenta reflexões sobre a intervenção teatral realizada no ano de 2019, em uma escola pública da cidade de João Pessoa, Paraíba, dentro da proposta do Setembro Amarelo (campanha de prevenção ao suicídio). A intervenção da Cia. Artística Alotropicus, em parceria com o projeto extensionista Janelas da Interculturalidade da Universidade Federal da Paraíba, buscou promover a reflexão e o diálogo a partir de atividades cênicas que pensassem a valorização da vida. Para contextualizar o ambiente escolar de realização das ações extensionistas e, mais especificamente, da atividade teatral da Cia., fez-se necessário resgatar e problematizar questões da estrutura da nação brasileira, marcada por desigualdades econômicas, políticas, culturais e sociais. As análises propostas pretendem auxiliar na compreensão do preconceito estrutural no Brasil e pensar o teatro como dispositivo de reflexão, resistência e combate a desigualdades, para buscar o desenvolvimento da cidadania pelo empoderamento do indivíduo e consolidar a democracia. Com este objetivo, o aporte teórico do texto foi construído a partir das contribuições de Augusto Boal (1980, 2002, 2005), Grotowski (1971), Bourdieu (1996, 2003) e Paulo Freire (1987, 2000, 2006) para pensar o teatro e a educação. A apresentação do Projeto contextualiza o ambiente escolar e o grupo alvo das ações desenvolvidas na Escola Chico Xavier. A intervenção teatral se insere neste ambiente e apresenta o bullying em esquete conduzido a partir dos conceitos do Teatro do Oprimido, do Teatro-Fórum e do Teatro Pobre, apresentando a figura do curinga e chamando o alunado à proposição de desfechos para a cena apresentada. Ao final da ação, uma roda de conversa convida à reflexão sobre as escolhas individuais e o respeito ao outro e a sua diversidade. Como conclusão, é possível afirmar que as artes cênicas influenciam as práticas sociais e individuais, no sentido de proporcionar condições para o empoderamento de sujeitos cujos papéis sociais são constantemente questionados e confrontados. O teatro conforma-se como pedagogia e técnica no processo de construção de relacionamentos afetivos e/ou interpessoais, na busca por individuação e pertencimento a um espaço educacional e social.
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