Práticas de democratização da literatura
uma etnografia digital de editoras cartoneras latino-americanas
DOI:
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v12i22.51322Palavras-chave:
Cartoneras, Práticas Literárias, Democratização, Contra-Usos, Livro-ObjetoResumo
O texto se debruça sobre algumas cartoneras latino-americanas, editoras que produzem e difundem livros artesanais, confeccionados e pintados à mão, a partir da reciclagem de materiais coletados por cooperativas de catadores urbanos. A partir de etnografia digital, o objetivo do artigo é analisar redes de atuação estabelecidas entre cartoneras de diferentes países, abordando-as como parte de um movimento cultural transnacional que, por um lado, propõe formas alternativas de produzir e distribuir livros em espaços não institucionalizados e, por outro, incentiva a transformação de objetos "não artísticos" em arte. Busca-se verificar em que medida o potencial de criatividade artística colocado em prática pelas cartoneras tem sido responsável por um processo de democratização de práticas editoriais e literárias na América Latina. Na primeira parte, descrevemos os desafios metodológicos de uma pesquisa coletiva em meio à pandemia da Covid-19, delimitando nosso recorte empírico e as ferramentas usadas ao longo da etnografia digital. Em seguida, tratamos de duas estratégias que agentes têm utilizado para fazer frente a um modelo de produção editorial e literária que, para elas/es, é excludente, notadamente as suas redes de atuação e as rotinas coletivas de trabalho. Por fim, nos debruçamos sobre o “livro-objeto”, a partir de uma discussão sobre contra-usos do papelão como forma de ampliar práticas de democratização do acesso ao livro, à leitura e à literatura.
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