Práticas de democratização da literatura

uma etnografia digital de editoras cartoneras latino-americanas

Autores

  • Lucas Oliveira UFBA
  • Bruna Souza UFBA
  • Isabelle Dorea UFBA
  • Laura Araújo UFBA

DOI:

https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v12i22.51322

Palavras-chave:

Cartoneras, Práticas Literárias, Democratização, Contra-Usos, Livro-Objeto

Resumo

O texto se debruça sobre algumas cartoneras latino-americanas, editoras que produzem e difundem livros artesanais, confeccionados e pintados à mão, a partir da reciclagem de materiais coletados por cooperativas de catadores urbanos. A partir de etnografia digital, o objetivo do artigo é analisar redes de atuação estabelecidas entre cartoneras de diferentes países, abordando-as como parte de um movimento cultural transnacional que, por um lado, propõe formas alternativas de produzir e distribuir livros em espaços não institucionalizados e, por outro, incentiva a transformação de objetos "não artísticos" em arte. Busca-se verificar em que medida o potencial de criatividade artística colocado em prática pelas cartoneras tem sido responsável por um processo de democratização de práticas editoriais e literárias na América Latina. Na primeira parte, descrevemos os desafios metodológicos de uma pesquisa coletiva em meio à pandemia da Covid-19, delimitando nosso recorte empírico e as ferramentas usadas ao longo da etnografia digital. Em seguida, tratamos de duas estratégias que agentes têm utilizado para fazer frente a um modelo de produção editorial e literária que, para elas/es, é excludente, notadamente as suas redes de atuação e as rotinas coletivas de trabalho. Por fim, nos debruçamos sobre o “livro-objeto”, a partir de uma discussão sobre contra-usos do papelão como forma de ampliar práticas de democratização do acesso ao livro, à leitura e à literatura.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Aguilera, Silvia. (2013) Políticas públicas en cultura: una condición necesaria para la democratización del libro y la bibliodiversidad. Comunicación y Medios 27: 147-157.

Arranz, Beatriz M. (2013) “¡Fuerza Cartonera! Un estudio sobre la cultura editorial cartonera y su comunicación.”. Tesis. Universidad de Valladolid.

Becker, Howard. (1977) “Mundos artísticos e tipos sociais”. In: Velho, Gilberto. Arte e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, p. 9-26.

Bell, Lucy. (2017a) “Las cosas se pueden hacer de modo distinto”: understanding concepts of locality, resistance, and autonomy in the cardboard publishing movement, Journal of Latin American Cultural Studies, 26(2): 51–72.

_____. (2018) Place, people and processes in waste theory: a Global South critique, Cultural Studies, 33(1): 98-121.

_____. (2017b). “Recycling materials, recycling lives: cardboard publishers in Latin America”. In: Johns-Putra, L. Squire, and J. Parham, eds. Literature and sustainability: exploratory essays. Manchester: Manchester University Press, 76–96.

_____; O’Hare, Patrick. (2019) Latin American politics underground: Networks, rhizomes and resistance in cartonera publishing, International Journal of Cultural Studies 23(1): 20-41.

Bilbija, Ksenija. (2014) El valor de un cartonero en el mercado cultural. CILHA 15(2): 137-155.

_____; Carbajal, Paloma Celis, eds. (2009) Akademia Cartonera: Un ABC de las editoriales cartoneras en América Latina. Madison: Parallel/University of Wisconsin-Madison Libraries.

Bonelli, Johanna Maldovan. (2014) De la autonomía a la asociatividad: la organización del trabajo cartonero “en calle” en cooperativas de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Revista del Centro de Estudios de Sociología del Trabajo, 6: 77-109.

Canclini, Néstor García. (2014) El mundo entero como lugar extraño. México: Gedisa,

_____. (2003) Quien habla y en qué lugar: sujetos simulados e interculturalidad. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, 22: 15-37.

_____. (2005) Todos tienen cultura: ¿quiénes pueden desarrollarla? Conferencia para el Seminario sobre Cultura y Desarrollo. Washington: Banco Interamericano de Desarrollo.

Canosa, Daniel. (2017) Editoriales cartoneras: el paradigma emancipatorio de los libros cartoneros en contextos de vulnerabilidad social. In: V Encuentro Internacional de Editoriales Cartoneras, Bibliotecas Archivos y Museos (DIBAM). Biblioteca de Santiago de Chile.

Carrión, Ulises. (2012) El arte nuevo de hacer libros. México: Tumbona Ediciones.

Catonio, Angela Cristina. (2017) Do lixo à poesia: O projeto cartonero na difusão do portunhol selvagem de Douglas Diegues. Lumen et Virtus, 9(23): 58-73.

Climent-Espino, Rafael. (2020) Object-Books and Exposed Writings: New Textual and Literary Landscapes in Latin America and Spain. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material 28: 1-29.

Colleu, Gilles. (2007) Editores independents: da idade da razão à ofensiva? O editor independente de criação, um ator maior da bibliodiversidade. Rio de Janeiro: Libre.

Fanjul, Adrián Pablo. (2016) Malha Fina Cartonera: novidade e projeto formador. Alea, 18(2): 369-374.

Ferraz, Cláudia Pereira. (2019) A etnografia digital e os fundamentos da Antropologia para estudos em redes on-line. Revista de Arte Aurora 12(35): 46-69.

Flynn, Alex; Bell, Lucy. (2019) Returning to Form: Anthropology, Art and a Trans-Formal Methodological Approach. Anthrovision 7(1): 1-24.

Harrison, Sarah K. (2016) Waste matters: urban margins in contemporary literature. New York, NY: Routledge.

Hine, Christine. (2015) Ethnography for the internet: embedded, embodied and everyday. Huntingdon: Bloomsbury Publishing.

Holmes, Tori. (2017) Giving Visibility to Urban Change in Rio de Janeiro Through Digital Audio-Visual Culture: A Brazilian Web documentary Project and its Circulation. Journal of Urban Cultural Studies, 4(1-2): 63-85.

_____. (2016) Reframing the Favela, Remapping the City: Territorial Embeddedness and (Trans) Locality in “Framing Content” on Brazilian Favela Blogs, Journal of Latin American Cultural Studies, 25(2): 297-319.

_____. (2012) The Travelling Texts of Local Content: Following Content Creation, Communication and Dissemination via Internet Platforms in a Brazilian Favela, Hispanic Issues Online, 9: 263-288.

Johns-Putra, Adeline et al., eds. (2017) Literature and Sustainability: Concept, Text and Culture. Manchester: Manchester University Press.

Kudaibergen, Jania. (2015) Las editoriales cartoneras y los procesos de empoderamiento en la industria creativa mexicana, Cuadernos Americanos, 152: 127–146.

La Fuente, Eduardo de. (2019) Tanto... quanto: sobre a necessidade de uma sociologia “textural” da arte. Caderno CRH 32(87): 475-490.

Leite, Rogerio Proença. (2002) Contra-usos e espaço público: notas sobre a construção social dos lugares na Manguetown. RBCS, 17(49): 115-134.

Lima, Andrea Terra. (2009) A estética do (in)desejável: uma margem catadora. Dissertação de Mestrado em Letras: UFRGS.

Ludmer, Josefina. (2009) Literaturas postautónomas 2.01, Propuesta Educativa 32: 41-45.

Marcus, George E. (1995) Ethnography in/of the World System: The Emergence of Multi-Sited Ethnography. Annual Review of Anthropology, 24: 95-117.

Marcuse, Herbert. (2007) A Dimensão Estética. São Paulo: Edições 70.

Meza, Aurelio. (2014) Editoriales cartoneras: hacia una posible genealogía, Radiador Magazine, abril de 2014, 62-83.

Miller, Daniel. (2020) Como conduzir uma etnografia durante o isolamento social. Blog do Sociofilo. Disponível em: https://blogdolabemus.com/2020/05/23/notas-sobre-a-pandemia-como-conduzir-uma-etnografia-durante-o-isolamento-social-por-daniel-miller

Muniz Jr., José de Souza. (2016). Girafas e bonsais: editores “independentes” na Argentina e no Brasil (1991-2015). Tese (Doutorado em Sociologia), USP, São Paulo.

_____; Oliveira, Lucas Amaral de. (2015) Literature from the Periphery of São Paulo at the Buenos Aires International Book Fair. Journal of Arts Management, Law, and Society, 45: 119-133.

Nascimento, Erica P. (2009) Vozes marginais na literatura. Rio de Janeiro: Aeroplano.

Nicolau Netto, Michel. (2012) O discurso da diversidade: a definição da diferença a partir da World Music. Tese (Doutorado em Sociologia). UNICAMP, Campinas.

Oliveira, Lucas Amaral de. (2020) Experiências estéticas em movimento. Rio de Janeiro: Ape’ku.

_____. (2017) Speaking for themselves: observations on a “marginal” tradition in Brazilian Literature. Brasiliana - Journal for Brazilian Studies, 5(1): 441-471.

_____; Pardue, Derek. (2018) City as Mobility, Vibrant, 14(3): 282-305.

Palomino, Héctor. (2003) Las experiencias actuales de autogestión en Argentina. Entre la informalidad y la economía social. Nueva Sociedad, 184: 115-128.

Pardue, Derek. (2015). Cape Verde, Let’s Go: Creole Rappers and Citizenship in Portugal. Champaign: University of Illinois Press.

Perelman, Mariano Daniel; Boy, Martín. (2010) Cartoneros en Buenos Aires: nuevas modalidades de encuentro. Revista Mexicana de Sociología 72(3): 393-418.

Reyes, Jesús Cano. (2011) ¿Un nuevo boom latinoamericano? La explosión de las editoriales cartoneras. Espéculo: Revista de Estudios Literarios, 47. Disponível em: http://webs.ucm.es/info/especulo/numero47/boomlati.html.

Rose, Deborah Bird. (2003). “Decolonizing the discourse of environmental knowledge in settler societies. In: G. Hawkins and S. Muecke, eds. Culture and waste. Lanham: Rowman and Littlefield Publishers, 53–72.

Salom, Julio Souto. (2014) La literatura marginal periférica y el silencio de la crítica, Revista Chilena de Literatura, 88: 235-264.

Serrano, Mary Luz E. (2014) Una escritura propia: Anotaciones sobre literatura marginal en Brasil, Revista Chilena de Literatura, 88: 95-111.

Shapiro, Roberta. (2007) O que é artificação? Sociedade & Estado 22(1): 135-151.

_____; Heinich, Nathalie. (2013) Quando há artificação?, Sociedade & Estado, 28(1): 14-28.

Silva, Filipe Carreira da; Vieira, Mónica Brito. (2019) The Politics of The Book: a study on the materiality of ideas. University Park: The Pennsylvania State University Press.

Silva, Mário Augusto Medeiros da. (2013) A descoberta do insólito: literatura negra e literatura periférica no Brasil (1960-2000). Rio de Janeiro: Aeroplano.

Smith, Christen A. (2015) A Escrita “Uterina Preta” de Mjiba: Elizandra Souza and the New Black Female Poets of Brazil, Latin American Cultural Studies, 24(3): 405-441.

Sorá, Gustavo. (2017) Editar desde la izquierda en América Latina: la agitada historia del Fondo de Cultura Económica y de Siglo XXI. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores.

Tennina, Lucía. (2010) Paratextos y “saraus” de poesía: Mecanismos de legitimación de la escritura y del escritor “periféricos”. Darandina, 3(2): 2-11.

Tiburcio, Eleuterio O; Candelario, Juana Z. (2014) Libros cartoneros: una alternativa para la integración a la cultura escrita, Revista de Educación y Cultura AZ, 88: 32-37.

Vila, Adrián R. (2016) Ediciones Cartoneras latinoamericanas en tiempos de transposición a digital, Revista Chilena de Literatura, 94: 119-143.

Vilhena, Flavia Krauss de. (2017) O acontecimento Eloísa Cartonera: memória e identificações. São Paulo: Novas Edições Acadêmicas.

_____. (2015) Sobre o entremeio: a escritura dos manifestos presentes em Akademia Cartonera, Malha Fina Cartonera. Disponível em: https://goo.gl/BfwsoS.

Zolberg, Vera. (2006) O objeto de arte como processo social. In: Para uma sociologia das artes. São Paulo: Ed. SENAC, p. 131-166.

Downloads

Publicado

2022-03-02

Como Citar

Oliveira, L., Souza, B. ., Dorea, I. ., & Araújo, L. . (2022). Práticas de democratização da literatura: uma etnografia digital de editoras cartoneras latino-americanas. PragMATIZES - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura, 12(22), 520-550. https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v12i22.51322

Edição

Seção

Artigos (em Fluxo Contínuo)