"O nordeste que você não viu"

notas sobre Hip Hop e identidades em meio a antinegritude da Capital Afro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v15i28.65546

Palavras-chave:

Hip Hop, Axé-music, Antinegritude, Identidade, Baianidade

Resumo

Este artigo tem como objetivo refletir sobre quais foram as implicações da consolidação do axé-music enquanto cultura juvenil e música baiana hegemônica em relação ao Hip Hop. Tendo em vista que o axé e o Hip Hop emergem na cidade de Salvador no mesmo período, investigamos, por meio de trabalho de campo com observação participante e entrevistas semi-estruturadas, as implicações e imbricamentos dos dois movimentos na construção de identidades negras na juventude nos anos 1990. Apesar da primeira geração Hip Hopper ter buscado se afastar de referências locais como religião de matriz africana, indumentárias e música percussiva, que caracterizavam também o axé, após a primeira década dos anos 2000 os rappers adotaram outro posicionamento, trazendo para o centro de seus trabalhos o cotidiano soteropolitano.

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Biografia do Autor

  • Gabriela Costa, Universidade Estadual de Campinas

    Mestranda nos Programas de Pós-Graduação em Antropologia Social e Demografia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia das Populações e religiões Afro-Brasileiras, estudos de Hip Hop, relações raciais, Pensamento Negro Radical, relações multiespécies, educação, desigualdades raciais no percurso formativo e educação para relações étnico-raciais.

  • Gustavo Rossi, Unicamp

    Professor do Departamento de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Doutor em Antropologia Social pela UNICAMP. É graduado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP/Campus de Araraquara (2001), Mestre em Antropologia Social pela pela Unicamp (2004) e Doutor em Antropologia Social (2011), pela mesma instituição, com a tese "O intelectual feiticeiro: Edison Carneiro e o campo de estudos das relações raciais no Brasil" (Bolsa FAPESP): ganhadora do Prêmio Capes de Teses como melhor tese de antropologia do Brasil defendida no ano de 2011. É autor dos livros, "O intelectual feiticeiro: Edison Carneiro e o campo de estudos das relações raciais no Brasil" (2015, Editora da Unicamp) e "As Cores da Revolução: a literatura de Jorge Amado nos anos 30" (Annablume/FAPESP, 2009). Foi pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (2012-2015) e na Universidade de Princeton (2014-2015) e na Unicamp (2015-2018), onde também atuou como pesquisa PNPD-Capes (2019-2023). Em 2017, Foi Professor Visitante no Departamento de Spanish and Portuguese Languages and Cultures da Universidade de Princeton. É coordenador do Bitita (Núcleo de Estudos Carolina Maria de Jesus - IFCH/Unicamp) e membro do APSA (Ateliê de Produção Simbólica e Antropologia - IFCH/Unicamp). É membro da equipe editorial e de pesquisa da Bérose Encyclopédie en ligne sur lhistoire de lanthropologie et des savoirs ethnographiques. www.berose.fr. Seus principais temas de investigação são: antropologia das relações raciais, história da antropologia, das ciências sociais e o campo dos estudos raciais e afro-brasileiros.

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Publicado

2025-09-10

Edição

Seção

Dossiê 28: Hip-Hop no Brasil: a produção de sentidos e as transformações da cult

Como Citar

"O nordeste que você não viu": notas sobre Hip Hop e identidades em meio a antinegritude da Capital Afro. (2025). PragMATIZES - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura, 15(28), 211-233. https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v15i28.65546