Pós-abolição: Imprensa antiabolicionista e pena de morte no Uruguai nas primeiras décadas do século XX
DOI:
https://doi.org/10.15175/1984-2503-202012103Palavras-chave:
Uruguay, pena de morte, antiabolicionismo, imprensaResumo
O presente artigo aborda o surgimento de uma série de questões que sustentaram a necessidade de dar continuidade à aplicação da pena de morte no Uruguai, após sua supressão, aprovada em 1907. Seu conteúdo foi baseado na pesquisa de um conjunto de jornais de Montevidéu, tradicionalmente alinhados com as campanhas contra a abolição. Órgãos como La Tribuna Popular e El Bien, que trabalhavam em prol de sua conservação, continuaram em sua defesa, alegando que essa seria a principal barreira contra o crime. O estudo da imprensa nos permitiu indagar a permanência de um discurso que questionava a própria relevância da abolição, apontando as consequências negativas geradas por esta. Considerada uma medida idealista, a eliminação do arsenal punitivo teria impactado o crescimento dos índices criminais. Seus promotores foram responsabilizados pelo que se considerava um aumento alarmante da criminalidade, associada à existência de delinquentes profissionais, atraídos pela indulgência da legislação criminal. O artigo faz uma análise da maneira pela qual os esforços para uma restauração da pena de morte foram acompanhados de um discurso favorável a uma maior severidade na punição, opondo-se a modificações legais criticadas por sua benevolência. Tratava-se assim de uma tentativa de compensação da abolição da pena de morte pelo endurecimento punitivo, interpretado o como um mecanismo ideal de defesa social.
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