Vol. 4 No Edição Especial (2023): Edição Especial relacionada ao XVI EnFEFE: “O que é Educação Física Escolar? Tensões no contexto de crises”

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O Encontro Fluminense de Educação Física – EnFEFE – é um evento promovido pelo Instituto de Educação Física da UFF desde 1996. Ao longo de sua trajetória vem sendo reconhecido, para além do perfil acadêmico, pelo viés político que seus participantes outorgaram ao Encontro. Seus temas centrais, pesquisadores/as convidados/as e professores/as participantes legitimam a história crítica do EnFEFE. As reflexões contra hegemônicas estiveram presentes nas quinze anteriores edições deste importante evento da Educação Física Escolar do Estado do Rio de Janeiro.   

Nessa trajetória, o XVI EnFEFE recolocou no centro do debate uma problematização histórica, clássica, qual seja, o questionamento sobre o que de fato é a Educação Física.

A questão foi retomada no fogo do avanço da crise internacional e seus desdobramentos, os quais se expressam na forma como lidamos com a pandemia do novo coronavírus, na guerra estabelecida pela OTAN e pelo imperialismo norte-americano, além do avanço do desemprego que já afeta milhões de trabalhadores/as no Brasil e no mundo, entre tantas outras questões. Sem dúvida, aspectos que tem interferido nos rumos do projeto educacional em nível planetário. Foi nesse sentido que a comissão organizadora do XVI EnFEFE compreendeu que à Educação Física deveríamos perguntar mais uma vez: A quais interesses ideológicos, políticos e econômicos a educação física está atrelada hoje? A quais projetos de sociedade, de educação e de formação humana a Educação Física responde hegemonicamente na atualidade?

Para uma aproximação a essas questões foi necessário resgatar a história, não para consolidar mais uma resposta às perguntas colocadas, mas, muito mais do que isso, para que pudéssemos avançar com novas questões e indagações, novas determinações. Foi pensado assim que surgiu o tema que deu título ao XVI EnFEF: “O que é Educação Física Escolar? Tensões no contexto de crises”.

Essa pergunta ganhou corpo dentro da conjuntura do “horror pandêmico”, o que no dizer do professor Ricardo Antunes passou a expressar a confluência de três pandemias que tentaram, sob inúmeras formas, destruir o país: a pandemia de coronavírus, o pandemônio Bolsonaro e a pandemia dos trabalhos uberizados. Um horror que nos fez assistir ao desaparecimento de quase 700 mil vidas em função da declarada e monstruosa sabotagem do governo Bolsonaro ao combate à pandemia.

A XVI edição do EnFEFE aconteceu ao longo de três dias, sendo sua mesa de abertura na noite de 21 de novembro de 2022; contou com palestras e apresentações de trabalhos ao longo dos dias 22 e 23.  Três dias contemplados com a participação de professoras e professores que se mantiveram no patamar da crítica superadora, travando especial relação com o tema central do XVI EnFEFE. Somando-se ao mesmo espírito crítico, há de se destacar os artigos e relatos de experiências apresentados e produzidos por estudantes e professores/as.

Ao publicar os anais desse evento em uma Edição Especial, a equipe editorial da Revista Fluminense de Educação Física contribui para que o EnFEFE seja preservado e lembrado em todas as suas edições como um marco na luta em defesa da Educação Pública e da Universidade Pública, a qual precisa ampliar cada vez mais suas formas de acesso às filhas e aos filhos da classe trabalhadora, mas, que, ao mesmo tempo, não capitule aos acenos de um mercado que se torna cada vez mais truculento. O mesmo mercado que naturaliza a competitividade ao intensificar o tempo do trabalho excedente; acelera as cadências da produção e segue na tentativa de alienar todas as formas de liberdade ao propagar o hino da meritocracia, do empreendedorismo e da resiliência. O mesmo mercado que só funciona à medida que reproduz o racismo, a homofobia, a misoginia, o machismo, a xenofobia; que reproduz a pobreza, a fome e reabilita antigas e novas faces da violência do capitalismo.

 É nesse contexto que ao questionamento trazido pelo XVI ENFEFE cabe, por ora, acrescentar às muitas tentativas de respostas que o objeto da educação física deve ser sempre buscado no chão das lutas e das transformações históricas. É sob esta perspectiva que, à pergunta feita, pode-se acrescentar o entendimento de que a educação física é uma atividade genuinamente humana, desenvolvida e sistematizada como uma prática pedagogia. Portanto, devemos capturar o seu movimento na dinâmica contraditória produzida na sociedade contemporânea. 

Nessa lógica, a Revista Fluminense de Educação Física, nesta Edição Especial, apresenta, em forma de artigo, as comunicações que fizeram parte do recente EnFEFE e convida o/a leitor/a para as compatíveis reflexões

 Enfim. “O que é educação física?”. A educação física foi, é e continuará sendo...

À luta, pois!

Publiée: 2023-09-04

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