Cidade de Deus em 360°

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/2022/v34/5905

Palavras-chave:

psicanálise, cinema, repetição, filicídio, cultura

Resumo

Neste artigo, o filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, é o disparador de uma reflexão sobre a barbárie nas periferias brasileiras. Capturado em sua trama narrativa, o espectador de classe média é incitado a deslocar-se de uma posição passiva, na medida em que é enlaçado na violência que o filme denuncia. Do ponto de vista metodológico, esta análise fílmica consiste em uma pesquisa psicanalítica sustentada no modo como Freud escuta uma obra visual em O Moisés de Michelangelo. Nesse sentido, um elemento formal da composição de Cidade de Deus – uma panorâmica de 360º – parece aludir ao genocídio da juventude negra do país. A partir de uma leitura psicanalítica, sugerimos que esse circuito de repetição indica o filicídio na cultura: o extermínio de novas gerações orquestrado por estruturas de poder com o intuito de sustentar posições de gozo. No circuito mortífero em que são tragados jovens negros brasileiros de periferia, trata-se de descrever o que se repete, regularmente, mas também as possibilidades de inscrição de uma diferença.

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Biografia do Autor

Samanta Antoniazzi, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

Possui graduação em Psicologia pela Ponticífia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2010). É psicanalista, membro associado do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre (CEPdePA) e mestre em Psicanálise: Clínica e Cultura (UFRGS, 2017). Trabalha em atendimento clínico psicanalítico e leciona no curso de Pós-graduação em Psicoterapia de Orientação Psicanalítica (Unochapecó) e no curso Teoria Psicanalítica e a Clínica Psicoterápica (Instituto Contemporâneo). Coordena o grupo de estudos “Traço, trauma, temporalidade: perspectivas psicanalíticas”, no CEPdePA. 

Amadeu de Oliveira Weinmann, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

Psicanalista. Graduado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/1985) e em Psicologia (UFRGS/1998). Especialista em Clínica Psicanalítica (UFRGS / 2001). Doutor em Educação (UFRGS/2008). Supervisor da Clínica de Atendimento Psicológico da UFRGS desde 2002. Professor Associado 3 do Departamento de Psicanálise e Psicopatologia do Instituto de Psicologia da UFRGS. Professor permanente do PPG em Psicanálise: Clínica e Cultura da UFRGS desde sua criação, em 2014. Professor permanente do PPG em Psicologia Social e Institucional/UFRGS. Membro do GT ANPEPP Psicopatologia e Psicanálise. Membro da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental (AUPPF). Ex-tutor do PET Psicologia UFRGS (2015/2020). Coordenador, juntamente com Simone Zanon Moschen e Maria Cristina Candal Poli, da série Psicanálise: Clínica e Cultura da Editora da UFRGS. Coordenador do Núcleo de Pesquisa em Psicanálise e Cinema (2011/2019). Participante do grupo de pesquisa “A Psicanálise e a Clínica na Universidade”, linha de pesquisa Cinema e Psicanálise (2014/2018).

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Publicado

2022-07-26

Como Citar

ANTONIAZZI, S.; WEINMANN, A. DE O. Cidade de Deus em 360°. Fractal: Revista de Psicologia, v. 34, p. Publicado em 26/07/2022, 26 jul. 2022.

Edição

Seção

Artigos