Borges, libros y lecturas: pesquisa e método

Resumo

Ao deixar o cargo de diretor da Biblioteca Nacional Mariano Moreno, em Buenos Aires, Jorge Luis Borges designou um tabelião para empacotar e identificar as respectivas obras do seu acervo pessoal. Parte delas permaneceu na instituição e foi classificada como doação oficial do escritor. Este texto aborda as obras pertencentes a este acervo pessoal e apresentadas no catálogo Borges, libros y lecturas. O processo completo de identificação de todos os livros ocorreu quase quarenta anos mais tarde, no âmbito da pesquisa que se desdobrou na publicação de Borges, libros y lecturas, em 2010. Este texto volta-se especialmente para o cuidado demonstrado por Borges no enquadramento da sua obra e da sua memória autoral, inclusive, ao criar inúmeras piadas e enigmas meticulosamente lapidados na construção da sua ficção biográfica. Trabalhamos com a ideia, segundo a qual, não seria absurdo supor que o acervo doado pelo escritor à biblioteca não tenha constituído exatamente um ato meramente casual, contingente e espontâneo, mas antes se configure como movimento consciente, intencional e estranhamente planejado pelo escritor. A inscrição de autores latino-americanos no Modernismo, no Romantismo e as respectivas apropriações das inovações epistemológicas culturalistas, sob a sua catolicidade, são abordadas através do método estético-expressivo, onde apresentamos caminhos para a observação clínica com a participação do observador.