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  • Edição comemorativa dos 45 anos do Departamento de Educação Física da UFF
    Vol. 1 Núm. 01 (2020)

    O Instituto de Educação Física (IEF) da Universidade Federal Fluminense (UFF) completa 45 anos de existência em 2020, um ano em que a pandemia causada pelo novo coronavírus mudou, completamente, a rotina institucional que estávamos habituados/as, expondo o quanto nossa organização social protege com extrema desigualdade as pessoas. Ao mesmo tempo, como é marca da trajetória de constituição do IEF-UFF, coletivamente continuamos questionando a obviedade dessa situação, acentuamos a defesa da vida (de todos e todas) e assumimos temporariamente o trabalho remoto como forma de manutenção de vínculos e da existência da Universidade pública em benefício da população em geral.

    Nesse contexto lançamos a Revista Fluminense de Educação Física, em formato on line, com objetivo de contribuir para a divulgação e popularização da produção científica na área de Educação Física. Com periodicidade semestral na publicação e de livre acesso – marca de uma Universidade Pública Federal –, este periódico pretende dialogar com os pesquisadores e pesquisadoras da área. 

    A equipe editorial é desdobramento de uma comissão que vem congregando esforços, unindo elementos para a criação de um strictu sensu no IEF-UFF e não chega sozinha nesse momento de lançamento do primeiro número. Através de seminários internos, semestralmente realizados, dialogamos com o conjunto da comunidade acadêmica do nosso Instituto. O conselho editorial, ainda em formação, é composto por docentes de diferentes instituições no Brasil, assim como por uma Professora de Universidade na Argentina.

    Desde o início pensávamos os dois primeiros números com um tom comemorativo, dando visibilidade a uma composição institucional que considera a vinculação histórica do que realiza, assim como a responsabilidade social com as interações e expansão das ações acadêmica efetivadas. E a pandemia não nos fez perder esse caráter, pois consideramos o trabalho como criação da vida, ferramenta de intervenção social e o serviço público como atuação profissional em benefício e bem estar de todos/as e de qualquer um. 

    Com essas características, com a alegria que marca a potência da vida e, com a convicção de que só a resistência barra o conservadorismo, esse número conta com artigo da Professora Celi Nelza Zulke Taffarel, o qual traz um panorama da formação profissional; apresenta entrevista realizada pela Professora Martha Lenora Queiroz Copolillo com a Professora Aída Menezes dos Santos; compartilha histórico que os Professores Waldyr Lins de Castro e Nelson Teixeira de Carvalho escrevem sobre a Revista Perspectivas em Educação Física Escolar; disponibiliza a resenha escrita pelo Professor Leonardo Mattos da Motta Silva, pela qual apresenta obra que coloca a Licenciatura em Educação Física da UFF em foco; destaca os resumos das respectivas dissertações de metrado de Rosana Pena de Sá, formada pela Licenciatura em Educação Física e André dos Santos Souza Cavalcanti, Especialista em Educação Física Escolar, egressos dos cursos sob a responsabilidade do IEF-UFF e que continuaram sua formação; divulga a dinâmica da extensão realizada no IEF-UFF através do texto dos Professores Aurélio Pitanga Vianna e Paulo Antonio Cresciulo de Almeida e; oferece um panorama da pesquisa no IEF-UFF pelo texto da Professora Rosa Malena de Araújo Carvalho. 

    Celebramos, portanto, expondo algumas narrativas de parte de nossa trajetória institucional e, ao fazê-lo compartilhamos o realizado e o colocamos em forma de avaliação.

    Convidamos à leitura e ao diálogo, assim como a publicarem conosco.  

     

    Dezembro de 2020

    Equipe Editorial

     

    Créditos da capa:

    * Arte:  Micheli Ghiggi; Renata H. Ghiggi Eidelwein (Relações Públicas).
    Foto de fundo: acervo de Rosa Malena Carvalho (aula em outubro de 2011, pela disciplina "jogo, brinquedo e brincadeira" - graduação em educação física da UFF)

  • Edição Especial
    Vol. 1 Núm. 1 (2021)

    Editorial

    A expansão desenfreada da Covid-19 invadiu a vida do planeta e de todos nós, desde o início de 2020 até o momento presente. Trata-se de um fenômeno que nos impele à busca do seu movimento histórico e daquilo que vem alimentando suas contradições mais profundas. Nesse sentido, faz-se necessário apreendê-lo não como um fato novo, como um elemento inédito diante da dinâmica capitalista. Ao contrário, sem perder de vista suas especificidades, a pandemia do novo Coronavírus é produto de uma ação destrutiva e recorrente no funcionamento do capitalismo. Isso se expressa, por exemplo, ao observarmos o avanço do neoliberalismo com seus ataques sistemáticos ao meio ambiente, em nível planetário; suas ações deliberadamente predatórias sobre os serviços públicos essências, a exemplo das ameaças contidas nas políticas públicas de educação, saúde, segurança, habitação, transporte etc. Note-se aqui o esgarçamento promovido às condições de sobrevivência dos trabalhadores e às suas conquistas históricas, alcançadas na luta coletiva em defesa do trabalho, da moradia, enfim, em defesa da própria vida! O resultado dessas ameaças quando confrontadas com o conjunto de conquistas das trabalhadoras e trabalhadores espalhados ao redor mundo, mas, em especial, no Brasil, indica ser o caminho mais curto para o avanço do vírus em escala geométrica. À conjuntura brasileira, soma-se, ainda, a ascensão do governo do presidente do Brasil em exercício nesse ano de 2021: uma combinação nociva à vida da classe trabalhadora. Tal evidência se impõe à medida em que a morte pela Covid-19 se revela como uma política que associa a seu caráter mortífero, práticas de setores do mercado voltadas prioritariamente para a extorsão e a rapina. Deste modo, a pandemia se amplia em território nacional seja pela naturalização da contaminação, seja pela opção feita pelo atual governo por ações de boicote à vacinação. Nesse contexto, pensar a educação física escolar nos remete a pensá-la integrada a essa conjuntura. 

    Considerando essa conjuntura, o XV Encontro Fluminense de Educação Física Escolar (XV EnFEFE) pautou a discussão relacionada à Escola, Educação Física e os impactos do avanço conservador. Nessa Edição Especial, a Revista Fluminense de Educação Física encerra as edições comemorativas e traz as comunicações orais e a mesa de encerramento da segunda etapa do XV EnFEFE. Em uma primeira sessão de comunicações,  Pollyana Mergulhão Barreto, Victoria Oliveira Modesto, Karen Cristina Rezende apresentaram O (des)avanço neoliberal da BNCC e a educação física - uma educação para o mercado de trabalho; Michele Pereira de Souza da Fonseca, Samara Oliveira Silva, Mariana Peres trouxeram as Produções científicas sobre altas habilidades/superdotação no campo da educação física; Carlo Giovani de Jesus Bruno argumentou Entre o retrocesso da esportivização e a busca pela educação integral. Uma análise/relato do projeto GEO e; Silvia Cristina Nogueira nos mostrou Um olhar sobre as dinâmicas na escola da ponte: práticas pedagógicas no currículo em geral e em específico na educação física.

    Já a segunda sessão de comunicações, Luna Aparecida Gonçalves Dos Reis, Solange Rodovalho Lima, Francisco Felipe Pacheco da Silva trouxe o Atletismo como possibilidade de ensino na educação infantil; Osvaldo Oliveira expôs a Educação física escolar no Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA) no Centro de Referência de Educação de Jovens e Adultos (CREJA) SME/RJ durante pandemia - desafios e possibilidades; Thayane Araujo Rodrigues e Ingrid Amorim Lourenço Corrêa deram visibilidade aos Corpos e juventudes: tessituras de si nas redes do cotidiano escolar; Glória Lontra Baptista explorou O ensino remoto emergencial e os desafios de uma professora de educação física que atua no ensino fundamental e; Nayara Ribeiro da Silva Melo com Bruna Vilhena Monteiro Silva mobilizaram a discussão com Infâncias em diálogo com danças urbanas: um relato de experiência no contexto pandêmico estiveram presentes.

    Da mesa de encerramento, intitulada “A organização coletiva como forma de resistência e resposta ao avanço conservador”, contamos com A organização coletiva como forma de resistência e resposta ao avanço conservador: o MNCR de Hajime Nozaki (UFJF/MNCR) e; Diretrizes curriculares nacionais de educação física: resistências necessárias e possíveis de Roberto Furtado (UFG/Comitê contra atuais DCNs).

    Esse coletivo de autores e autoras, sob diferentes perspectivas, indica o quanto as diversas ações de luta e resistência ganham espaço e se organizam em nível nacional. Ações que têm sido implementadas por entidades científicas, acadêmicas, estudantis, entre outras, e se levantam contra o projeto dominante que avança com o propósito de forjar um novo perfil docente, moldado pelo ideário liberal de profissionalização do professor sob as exigências do mercado. 

    Nos unindo aos autores e autoras, a Revista Fluminense de Educação Física, atenta às transformações movidas tanto por ações de retrocesso, quanto por ações de avanço, se posiciona no do campo da luta e da resistência. É nesse espírito que lança o presente número neste momento tão desafiador como o que nos encontramos.

    Boa leitura!

    Créditos da capa:

    * Arte:  Micheli Ghiggi. Foto: acervo de Ayla Jalil, graduanda em educação física na UFF.

     

  • Edição Especial relacionada ao XVI EnFEFE: “O que é Educação Física Escolar? Tensões no contexto de crises”
    Vol. 4 Núm. Edição Especial (2023)

    O Encontro Fluminense de Educação Física – EnFEFE – é um evento promovido pelo Instituto de Educação Física da UFF desde 1996. Ao longo de sua trajetória vem sendo reconhecido, para além do perfil acadêmico, pelo viés político que seus participantes outorgaram ao Encontro. Seus temas centrais, pesquisadores/as convidados/as e professores/as participantes legitimam a história crítica do EnFEFE. As reflexões contra hegemônicas estiveram presentes nas quinze anteriores edições deste importante evento da Educação Física Escolar do Estado do Rio de Janeiro.   

    Nessa trajetória, o XVI EnFEFE recolocou no centro do debate uma problematização histórica, clássica, qual seja, o questionamento sobre o que de fato é a Educação Física.

    A questão foi retomada no fogo do avanço da crise internacional e seus desdobramentos, os quais se expressam na forma como lidamos com a pandemia do novo coronavírus, na guerra estabelecida pela OTAN e pelo imperialismo norte-americano, além do avanço do desemprego que já afeta milhões de trabalhadores/as no Brasil e no mundo, entre tantas outras questões. Sem dúvida, aspectos que tem interferido nos rumos do projeto educacional em nível planetário. Foi nesse sentido que a comissão organizadora do XVI EnFEFE compreendeu que à Educação Física deveríamos perguntar mais uma vez: A quais interesses ideológicos, políticos e econômicos a educação física está atrelada hoje? A quais projetos de sociedade, de educação e de formação humana a Educação Física responde hegemonicamente na atualidade?

    Para uma aproximação a essas questões foi necessário resgatar a história, não para consolidar mais uma resposta às perguntas colocadas, mas, muito mais do que isso, para que pudéssemos avançar com novas questões e indagações, novas determinações. Foi pensado assim que surgiu o tema que deu título ao XVI EnFEF: “O que é Educação Física Escolar? Tensões no contexto de crises”.

    Essa pergunta ganhou corpo dentro da conjuntura do “horror pandêmico”, o que no dizer do professor Ricardo Antunes passou a expressar a confluência de três pandemias que tentaram, sob inúmeras formas, destruir o país: a pandemia de coronavírus, o pandemônio Bolsonaro e a pandemia dos trabalhos uberizados. Um horror que nos fez assistir ao desaparecimento de quase 700 mil vidas em função da declarada e monstruosa sabotagem do governo Bolsonaro ao combate à pandemia.

    A XVI edição do EnFEFE aconteceu ao longo de três dias, sendo sua mesa de abertura na noite de 21 de novembro de 2022; contou com palestras e apresentações de trabalhos ao longo dos dias 22 e 23.  Três dias contemplados com a participação de professoras e professores que se mantiveram no patamar da crítica superadora, travando especial relação com o tema central do XVI EnFEFE. Somando-se ao mesmo espírito crítico, há de se destacar os artigos e relatos de experiências apresentados e produzidos por estudantes e professores/as.

    Ao publicar os anais desse evento em uma Edição Especial, a equipe editorial da Revista Fluminense de Educação Física contribui para que o EnFEFE seja preservado e lembrado em todas as suas edições como um marco na luta em defesa da Educação Pública e da Universidade Pública, a qual precisa ampliar cada vez mais suas formas de acesso às filhas e aos filhos da classe trabalhadora, mas, que, ao mesmo tempo, não capitule aos acenos de um mercado que se torna cada vez mais truculento. O mesmo mercado que naturaliza a competitividade ao intensificar o tempo do trabalho excedente; acelera as cadências da produção e segue na tentativa de alienar todas as formas de liberdade ao propagar o hino da meritocracia, do empreendedorismo e da resiliência. O mesmo mercado que só funciona à medida que reproduz o racismo, a homofobia, a misoginia, o machismo, a xenofobia; que reproduz a pobreza, a fome e reabilita antigas e novas faces da violência do capitalismo.

     É nesse contexto que ao questionamento trazido pelo XVI ENFEFE cabe, por ora, acrescentar às muitas tentativas de respostas que o objeto da educação física deve ser sempre buscado no chão das lutas e das transformações históricas. É sob esta perspectiva que, à pergunta feita, pode-se acrescentar o entendimento de que a educação física é uma atividade genuinamente humana, desenvolvida e sistematizada como uma prática pedagogia. Portanto, devemos capturar o seu movimento na dinâmica contraditória produzida na sociedade contemporânea. 

    Nessa lógica, a Revista Fluminense de Educação Física, nesta Edição Especial, apresenta, em forma de artigo, as comunicações que fizeram parte do recente EnFEFE e convida o/a leitor/a para as compatíveis reflexões

     Enfim. “O que é educação física?”. A educação física foi, é e continuará sendo...

    À luta, pois!

  • Novas DCNs da Educação Física: perspectivas de unidade da formação ou avanço da fragmentação?
    Vol. 2 Núm. 2 (2021)

    Editorial

    Objetivar o estudo das Diretrizes Curriculares para a formação em Educação Física/DCNs no Brasil pressupõe considerar o contexto social em que essa formação se insere. A partir desse contexto social - e produto dele -, podemos constatar, no percurso histórico das formulações curriculares para a Educação Física, a expressão da disputa entre os interesses distintos e irreconciliáveis das classes sociais. Esses interesses se materializam na particularidade das Diretrizes, basicamente, na polarização da disputa entre os que defendem uma formação ampliada, e que ofereça, de forma generalista, à formação dos professores os conhecimentos referentes ao corpo, produzidos e acumulados pela humanidade socio historicamente, e, no outro polo, os defensores de uma formação fragmentada em duas, a licenciatura e o bacharelado, demandada pelo mercado do trabalho, e a partir da qual são emanados os rearranjos dos conhecimentos referentes ao corpo, delimitando à uma ou a outra área determinados conhecimentos.

    A disputa entorno de distintos interesses sociais na formação de professores e professoras de Educação Física perpassa toda a história da formação nessa área, desde as primeiras escolas, militares – as quais delegaram à Educação Física a função de formadora de indivíduos fortes, saudáveis, educados sob os princípios e moral da ordem social hegemônica -, passando por longas décadas de ensino sob os pressupostos técnicos e instrumentais, com raízes na biologia, no positivismo, contribuindo, assim, com a manutenção do status quo.

    A primeira polarização entre a formação ampliada e fragmentada se deu em 1987, por meio do Parecer nº 215 e da Resolução 03, do Conselho Federal de Educação, que estabeleceu a formação em licenciatura e bacharelado. Apesar da fragmentação estabelecida poucos foram os cursos de bacharelado criados e a maioria das instituições construiu seus currículos sob a licenciatura plena, de aporte formativo generalista, habilitando docentes a exercerem sua profissão nos diversos espaços sociais de ensino da cultura corporal. Mas, sempre que trazido à baila mudanças no projeto de formação de professores de Educação Física, esses polos são adensados e compostos pela participação de outros colegas, professores e estudantes.

    Vale destacar que, em 1998, adentrou a esse campo de disputa, partícipe da equipe fragmentária, e sob auspícios mercadológicos, o Conselho Federal de Educação Física, que, junto ao Ministério dos Esportes, CONDISEF, representantes do Ministério de Educação e outros, após uma série de audiências públicas para discussão e deliberação do temário, sob a justificativa do “consenso possível”, aprovaram a Resolução 07/2004, reforçando a fragmentação entre licenciatura e bacharelado, e que, na prática impossibilitou a formação plena, em curso.

    Em 2015 foram retomadas as discussões, a partir dos fundamentos da necessidade de formação ampliada, com indicativo de abertura de audiências para o debate entorno do tema; processo estancado e paralisado, em especial em decorrência do agravamento da crise do capital  e das políticas de tentativa de conciliação de classes terem deixado de ser interessantes à recuperação das taxas de lucros e, portanto, o desferimento do golpe em 2016. E, e em seguida, a adesão à onda conservadora mundial, com o governo federal em curso na época encaminhando modificações na educação – adequando-a, milimetricamente, às necessidades do capital. Na particularidade das Diretrizes para a formação em Educação Física essas alterações se expressaram na forma surpreendente de anúncio do Parecer 548/2018, na não abertura para discussões no conjunto dos docentes e estudantes, apenas com o CONFEF, e aprovação aligeirada da Resolução 06/2018, que reforça a fragmentação e dispõe sobre uma compreensão de formação para o mercado.

    Ainda que impossibilitados de participar do processo, diversas ações de lutas e resistências ganham espaço e se organizam em nível nacional. Ações que têm sido implementadas por entidades sindicais, científicas, acadêmicas, estudantis, entre outras, e se levantam contra o projeto dominante que avança com o propósito de forjar um novo perfil docente, moldado pelo ideário liberal de profissionalização do professor sob as exigências do mercado.

    Considerando a responsabilidade das Universidades em contribuir com essa discussão, com esse breve histórico, a Revista Fluminense de Educação Física justifica porque acolheu para essa Edição manuscritos que objetivaram o tema das Diretrizes. Assim, os leitores e leitoras encontrarão alguns artigos, resumo de dissertação e entrevista que, por meio de diferentes recortes e matrizes teórico-metodológicas, contendo variadas formas de apreensão desse objeto da realidade social, revelam esforços de pesquisadores/as em auxiliarem a comunidade acadêmica na compreensão do hoje a partir de um processo e, com isso, problematizar o futuro das Diretrizes Curriculares para a formação em Educação Física.

    Boa leitura!

     

     

    Créditos da capa:

    * Arte:  Micheli Ghiggi

    * Fotos: 

    Foto 1 - Audiência Pública CNE 08 de outubro de 2019.

    Fonte: "Todos Pela Educação"- disponível em: https://www.todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/377.png

    Foto 2 - Carta com reivindicações do comitê nacional contra as DCNs da Educação Física ao CNE.

    Fonte: Arquivo de fotografias da Secretaria Nacional do Comitê Nacional Contra as Atuais DCNs para a EF.


    Foto 3 - Ocupação do CNE pelo MEEF em 2004.

    Fonte: Arquivo do Movimento Estudantil da Educação Física.

  • A saúde no contexto de (pós) pandemia: impactos na Educação Física
    Vol. 3 Núm. 1 (2022)

    Tema: “A saúde no contexto de (pós) pandemia: impactos na Educação Física

    Na conjuntura atual, produto do acirramento da crise econômica e do avanço conservador mundiais, presenciamos inúmeros ataques à saúde e à ciência. Contraditoriamente, ambos setores relevaram vital importância na luta contra a pandemia.

    O Brasil, inserido nessa conjuntura, hegemonicamente tem reproduzido esses ataques, seja com os cortes de investimentos em saúde, e em outros setores das políticas públicas, que afetam diretamente as demais determinantes sociais da saúde, seja pela reverberação da onda reacionária, que dentre tantos lastros, apregoa a negação da ciência, e em particular, da ciência a serviço da saúde e da preservação da vida.

    A Educação Física, enquanto área do conhecimento que trata da cultura corporal, que compreende também os cuidados com o corpo, de forma generalista, e a saúde em sua particularidade, não ficou isenta nesse contexto pandêmico. Assim como as demais áreas do conhecimento, sofreu ataques, materializados em cortes de verbas para pesquisas, em curso, destaquem-se os referentes à COVID-19. E também foi objeto de afirmações, não científicas, sendo expoente as declarações governamentais que buscaram generalizar, sem fundamentos científicos, que indivíduos com ‘histórico de atleta’, como o do presidente, caso fossem infectados com o vírus, teriam apenas uma ‘gripezinha’.

    Mesmo com tantos ataques, a saúde e a ciência seguem em destaque, e os trabalhadores e trabalhadoras dessas áreas, incansáveis, dispuseram de toda sua força vital, e até mesmo de suas próprias vidas, para salvar outras vidas. No enfretamento do agravo das condições gerais da saúde coletiva, derivada da crise econômica mundial, e seus produtos, como cortes de verbas nos variados setores públicos, aumento de desemprego e de subemprego, a precarização do trabalho e das condições de vida, dentre outros, e na particularidade da descoberta da vacina para o COVID-19 e dos diversos tratamentos demandados por pacientes em recuperação.

    Enquanto professores e pesquisadores da Educação Física entendemos a necessidade de enfrentarmos e resistirmos aos ataques postos. Nesse sentido, entendemos que persistir no fazer científico, constituinte do tripé da universidade pública, é ato de resistência. Portanto, abrimos espaço, desde a Revista Fluminense de Educação Física, para o registro das pesquisas que têm sido produzidas sob o temário Educação Física e saúde.

    Assim, nesse dossiê, sob coordenação do Professor Dr. Alexandre Palma, a Revista Fluminense de Educação Física, acolheu manuscritos que se ocupam das discussões entre Educação Física e saúde, emergentes das variadas áreas do conhecimento, por meio de diferentes recortes e matrizes teórico-metodológicas, assim como as mais variadas formas de apreensão desse objeto da realidade social e considerando os esforços dos pesquisadores e pesquisadoras no sentido de apresentar sínteses cientificas que auxiliem a comunidade acadêmica e científica na compreensão dos entrelaçamentos entre Educação Física e saúde.

    Resistamos! Boa leitura!

    Equipe Editorial da Revista Fluminense de Educação Física

    Arte da Capa: Rosa Malena Carvalho

    Desenho na Capa (Ilustração): Alisson Affonso

  • Dossiê: A extensão universitária como espaço de produção de conhecimento e experiência do circo
    Vol. 4 Núm. 2 (2023)

    Tema: A extensão universitária como espaço de produção de conhecimento e experiência do circo.

    Grafismos, figuras rupestres, pinturas, esculturas, escritas registram que, historicamente, o que entendemos hoje por atividades circenses, compõem a cultura corporal da humanidade. Perpassando por milhares de anos fez das feiras, das festas, das ruas, dos becos, das praças e, mais atualmente, da lona, seus espaços de existência e resistência.

    Pareado aos tempos áureos de expansão capitalista, aproximadamente a partir de 1870, o circo protagonizou a maior indústria de entretenimento do mundo: superando os deslocamentos a cavalo, embarcou no desenvolvimento tecnológico, e, ocupando milhares de vagões de trens, ultrapassavam os limites territoriais europeus. Chegado no coração do capitalismo, a partir de aproximadamente 1900, passou a dominar a cultura popular americana, reunindo sob as lonas, públicos de até 20 mil expectadores num único dia (Daniel, 2010).

    Porém, com o surgimento de outras formas de ocupação do tempo livre, como rádio e televisão, já se aproximando da década de 1930, o circo vai perdendo seu espaço e entrando em crise. Com pouca perspectiva de resistência, muitas famílias encaminham seus filhos e filhas para casas de parentes, com vias a estudar e ter outras profissões. Contraditoriamente, essas famílias, que ensinavam aos seus filhos e filhas todo o trabalho de circo (armar e desarmar as lonas, fazer a praça, elaborar figurinos, vender a pipoca, protagonizar as apresentações e etc.) passaram a incorporar outras pequenas famílias, já experimentando profundamente a crise. No entanto, com o passar do tempo a necessidade de novos artistas foi sendo latente e gerando reivindicação, por parte das famílias, de políticas públicas para formação de artistas (Silva, 1996).

    Em resposta, o setor público de cultura, seguido de espaços privados, começam a criar as Escolas de Circo, como a Escola Nacional de Circo Luiz Olimecha, no Rio de Janeiro, em 1982, dentre tantas outras. E, se no seio das famílias circenses a forma de transmissão dos conhecimentos de circo se davam exclusivamente pela via tradicional, com a criação dessas Escolas, com o passar do tempo, os professores, em sua maioria artistas circenses, foram partilhando espaço com docentes com formação universitária, imbuídos de um saber sistematizado para o ensino.

    Os estudos de Duprat, Barragàn e Bortoleto (2017) incentivaram que, a partir da década de 1990, as atividades circenses passam a ser tematizados nas escolas, principalmente, mas não exclusivamente, pelos/as professores/as de Educação Física. Esses docentes, ainda que baseados em suas experiências empíricas e exploração assistemática desse conhecimento, foram elaborando suas primeiras propostas pedagógicas. Esses autores também relatam que, a partir dos anos 2000, há um aumento da inclusão das atividades circenses nas aulas de Educação Física, pari passu com as produções acadêmicas sobre esse temário. O reconhecimento da produção de conhecimento em circo também foi registrado, nesse mês de abril, pela Revista Pesquisa da FAPESP, ao veicular que “[...] disciplinas relacionadas às artes circenses estão ganhando espaço na grade curricular de outros cursos, como artes cênicas e educação física” (Vaz, 2024, n.p.). Entrevistado pela referida Revista, Bortoleto afirmou que cresceu também o número de pesquisas sobre circo, em especial na pós-graduação, o que releva ao Brasil importância latino-americana nesse tema.

    Convictos de que ensino, pesquisa e extensão se relacionam, dialeticamente, e assim, sustentam a Universidade pública, mas, com preocupação particular de que à extensão, no interior deste tripé, não é dada a mesma importância, um coletivo de professores de Universidades brasileiras, que tematizam o circo em seus projetos e programas de extensão, passaram a se reunir, em 2023, e, a convite da Revista Fluminense de Educação Física apresentam esse dossiê, intitulado “A extensão universitária como espaço de produção de conhecimento e experiência do circo”, sob coordenação das Professoras Dras Rita de Cassia Fernandes e Gláucia Andreza Kronbauer.

    Esse dossiê acolheu manuscritos que se ocupam das discussões do ensino das atividades circenses na extensão universitária evidenciando a produção do conhecimento e as experiencias em circo, ali realizadas. Os artigos versam acerca do circo e a curricularização da extensão universitária, desde a Universidade Federal de Uberlândia; às experiências vividas no Campus do Pantanal da UFMS; o balanço do projeto Circus/UNICAMP em seus 17 anos de existência; o trato que o projeto Prax-circense tem realizado com o conhecimento tradicional e científico das atividades circenses; e, relatos sobre a participação de crianças em 66 oficinas de atividades circenses realizadas pelo projeto Circo em Contextos da UNICENTRO/PR.

    Na capa, saudamos Erminia Silva, a quem dedicamos esse dossiê, por sua luta e resistência de uma vida dedicada ao circo

    Assim como o circo: Existimos e resistimos! Boa leitura!

    Equipe Editorial da Revista Fluminense de Educação Física

    Arte da Capa:

    Desenho na Capa (foto): Lembrança dos artistas do Circo Pan-Americano, 1961. Entre as crianças, a segunda, da esquerda para a direita, é Erminia Silva.

     

    Referências:

    DANIEL, Noel. The circus. 1870-1950. Los Angeles: Taschen, 2010.

    DUPRAT, Rodrigo Mallet; BARRAGÁN,  Teresa Ontañón; BORTOLETO, Marco Antonio Coelho. Atividades Circenses. In: GONZÁLEZ, Fernando Jaime; DARIDO, Suraya Cristina; OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bássoli. Ginástica, dança e atividades circenses. 2 ed. Maringá: Eduem, 2017.

    SILVA, Erminia. O circo: sua arte e seus saberes. Dissertação (Mestrado em história). UNICAMP, Campinas, 1996.

    VAZ, Juliana. Mesmo sem curso de graduação, produção científica sobre o circo avança no país. Disponível em Mesmo sem curso de graduação, produção científica sobre o circo avança no país : Revista Pesquisa Fapesp, acessado em 24/04/2024.

     

    APRESENTAÇÃO:

     

     EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO ESPAÇO DE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO E EXPERIÊNCIA DO CIRCO

     

    Gláucia Andreza Kronbauer[1]

    Rita de Cássia Fernandes[2]

     

     

    As atividades circenses contemplam ampla variedade de manifestações da cultura corporal elaboradas pela humanidade em diferentes tempos e espaços de sua história. Fruto de misturas, atravessamentos, disputas de memórias que se (re)fazem na polissemia, independentemente do contexto em que aparece, o circo possui no corpo o seu principal artista. Ora sublime, ora grotesco, o corpo no circo expõe a potência humana e nos conecta com a totalidade a partir daquilo que não realizamos como indivíduos, mas que temos a possibilidade de realizar como sociedade. Ao tratar da contemporaneidade circense, Ermínia Silva nos advertia que “é preciso pensar o circo a partir de épocas e sociedades concretas, nas quais estabelecem relações específicas com tradições, valores, hábitos e manifestações culturais” (SILVA, 2003, p. 1). Isso significa que o circo nunca deixou de dialogar com o contexto, conformando uma linguagem  artística que reúne os saberes populares, as inovações e outros elementos característicos de cada época. 

    Chamamos a atenção, em especial, para o surgimento de escolas de circo que, no Brasil, desde a década de 1980 tem ampliado a possibilidade de acesso aos saberes do povo do circo por parte daqueles que não integram comunidades ou grupos circenses (SILVA, 1996), inaugurando novos modos de organização do trabalho e dos processos de ensino-aprendizado. Como nos alertou a mesma autora, o “novo” não reside na estética, mas nos elementos destacados anteriormente (SILVA, 2011).

    A partir deste momento histórico, é notório que mais e mais pessoas tem experimentado outras tantas possibilidades de interação com a linguagem circense para além da condição de expectadores, fomentando possíveis modificações na forma como a sociedade brasileira concebe o circo (BORTOLETO, 2023). Assim, para o mesmo autor, o circo “(...) passou a ser neste período recente, uma arte passível de experienciar, e, com isso, uma forma de educar corpos e também de produzir uma educação estética e artística” (p.237).

    Recentemente, os saberes circenses passaram a ser reconhecidos, também, a partir de seu potencial educativo e de sua importância cultural, se tornando objeto do olhar acadêmico. Ainda que raramente encontre espaço nas matrizes curriculares dos cursos de graduação em Educação Física (TUCUNDUVA, 2015; MIRANDA; AYOUB, 2017), muitos estudos têm se concentrado em explorar as potencialidades que emergem da relação entre o circo e a universidade. Na mesma direção, destacamos um número expressivo de artigos que relatam experiências com as atividades circenses em estágios curriculares, no Programa de Iniciação à Docência (PIBID), e nas ações extensionistas (MIRANDA; AYOUB, 2017; TUCUNDUVA; BORTOLETO, 2019; FILUS ET AL., 2023), mostrando o maior interesse das universidades sobre a temática.

    Independentemente do foco das ações, encontramos na extensão universitária um espaço privilegiado para a construção de conhecimentos academicamente fundamentados, em diálogo com a realidade, conforme dispõem as Diretrizes para as Atividades de Extensão na Educação Superior Brasileira (BRASIL, 2018). Na mesma direção, diferentes estudos têm sinalizado a relevância deste contexto para a legitimação e maior visibilidade da linguagem circense na Universidade (TUCUNDUVA, 2015; MIRANDA; AYOUB, 2017), ressaltando esta arte como patrimônio cultural da humanidade, ao mesmo tempo em que tecem questionamentos sobre o papel da Universidade na construção de respostas alinhadas aos desafios do campo social, cultural, político, ético e estético.

    Ademais, entendemos que a produção de conhecimentos no campo da extensão visa consolidar uma abordagem socialmente referenciada, respaldada pelo compromisso ético e político que exige a relação dialógica da universidade com a sociedade. Considerando os aspectos delineados anteriormente, o coletivo docente do qual fazemos parte, e que contribui com a produção que ora apresentamos, representa universidades brasileiras de distintos Estados. Buscamos implementar ações de diversas naturezas para dar visibilidade, problematizar e avaliar as ações extensionistas de circo desenvolvidas, repensar as práticas pedagógicas na extensão, bem como oferecer subsídios para este debate.

    Num mundo cada vez mais individualizado, nos fortalecemos na coletividade para enfrentar os desafios e entraves, mas também as idiossincrasias e possibilidades do circo no cenário brasileiro. Caminhamos a passos pequenos, porém com a força, ousadia e prudência necessária para sermos “mais visíveis” como pesquisadores (BORTOLETO, 2023), buscando contribuir de algum modo para a formação e qualificação profissional frente à crescente demanda instaurada em nossos tempos para o ensino do circo no Brasil.

    É também neste coletivo que buscamos consolo e partilhamos nossa consternação diante da partida da querida professora e amiga Ermínia Silva. Aqui queremos manter viva sua memória e as importantes contribuições ao cenário circense, em especial ao abrir portas para o circo no campo acadêmico. Cada uma de nós foi de alguma forma afetada por Ermínia; cada trabalho deste dossiê traz suas obras como referência. Para além de uma produção acadêmica rica, feita com rigor metodológico e profundo respeito às pessoas que são e fazem circo, sua existência é um legado inspirador.

    Nesse ensejo, não passa despercebida a perenidade dos conhecimentos até então produzidos e, ao mesmo tempo, a insistente renovação da cena circense contemporânea, quando identificamos os inúmeros produtos gerados por meio destas iniciativas, a oportunidade de novos diálogos, alteridades e compartilhamentos de experiências em contextos e realidades diversas, sem falar da contribuição ao processo formativo dos graduandos de diferentes áreas. Enfim, ao reforçarmos as potencialidades educativas do circo na extensão, esperamos que o comungar destas experiências possam contribuir com outros educadores interessados no circo, quer seja atuando no contexto da extensão universitária ou em outro qualquer.

    Portanto, ao considerar a relevância da extensão universitária no fomento do circo, esse dossiê abre espaço para a socialização de conhecimentos construídos em múltiplos contextos da realidade brasileira, que,  claramente,  vêm contribuindo para o trato do circo no âmbito da universidade. Ao mesmo tempo, se constitui como uma pequena homenagem àquela que tanto nos inspirou, seja por meio de sua militância ou simplesmente pela sua doce presença, possibilitando de diversas formas fundamentos para nossas ações. Obrigada Ermínia!

                                                                                    

    REFERÊNCIAS

     

    BORTOLETO, Marco A. Não somos fantasmas que circulam invisíveis nas universidades brasileiras: somos pesquisadores de circo. In:  INFANTINO, Julieta. A arte do circo na América do Sul: trajetórias, tradições e inovações na arena contemporânea. São Paulo: Edições SESC, 2023, p. 226-242.

     

    BRASIL. Resolução CNE/CES Nº 7, de 18 de dezembro de 2018. Diretrizes Nacionais para a Extensão na Educação Superior Brasileira. Brasília: Ministério da Educação, 2018.

     

    FILUS, Cristina A.; MACHADO, Caroline M.; SILVA, Elizandra G.; KRONBAUER, Gláucia A. Experiências com o nariz vermelho – saúde e o corpo que envelhece. Urdimento, Florianópolis, v2, n. 47, p. 1-28, 2023. DOI: http:/dx.doi.org/10.5965/1414573102472023e0109

    MIRANDA, Rita C. F.; AYOUB, Eliana. Por entre as brechas dos muros da universidade: O circo como componente curricular na formação inicial em Educação Física. Revista Portuguesa de Educação, v. 30, n. 2, p. 59-87, 2017. DOI: https://doi.org/10.21814/rpe.11867

     

    SILVA, E. O Circo: sua arte e seus saberes. (Dissertação de Mestrado). Departamento de História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 1996.

     

    SILVA, Ermínia. As múltiplas linguagens na teatralidade circense: Benjamin de Oliveira e o circo-teatro no Brasil no final do século XIX e início do século XX. (Tese de Doutorado). Departamento de História. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2003.

     

    SILVA, Erminia. “O novo está em outro lugar. In: Palco Giratório, 2011: Rede Sesc de Difusão e Intercâmbio das Artes Cênicas. Rio de Janeiro; SESC, Departamento Nacional, 2011, pp. 12-21, 108p.

     

    TUCUNDUVA, Bruno B. O circo na formação inicial em Educação Física: Inovações docentes, potencialidades circenses. (Tese de Doutorado). Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2015.

     

    TUCUNDUVA, Bruno B. P.; BORTOLETO, Marco A. C. O Circo e a inovação curricular na formação de professores de Educação Física no Brasil. Movimento, Porto Alegre, v. 25, p. 1-14, 2019. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.88131

     

    [1] Formação, Instituição de atuação/estudo. Endereço eletrônico.

    [2] Doutora em Educação. Faculdade de Educação Física e Fisioterapia/ Universidade Federal de Uberlândia. rita.miranda@ufu.br.

  • Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
    Vol. 2 Núm. 01 (2021)

    Editorial

    Nesta edição, a Revista Fluminense de Educação Física contempla o Encontro Fluminense de Educação Física Escolar – o EnFEFE – mais um evento acadêmico resultante do trabalho coletivo dos professores do Instituto de Educação Física da UFF. O EnFEFE surgiu em 1996 e tem sido organizado para dialogar com os professores e professoras que lecionam educação física na educação básica. Nosso interesse, portanto, é o de ser um fórum onde essa categoria profissional se sinta à vontade para debater, trazendo suas experiências, dúvidas e angústias. 

    E assim tem sido sua trajetória: promover encontros, fazer amigos, proporcionar discussões, construindo reflexões e conhecimento sobre a Educação Física na Escola. Ao longo de suas quatorze edições focalizou os Parâmetros Curriculares, o Planejamento, a Avaliação, a Cultura, o Lazer, a Formação em Educação Física, os Desafios, os Conteúdos da Educação Física Escolar as Orientações Curriculares, o Cotidiano dos Professores e outros temas relevantes para o debate político pedagógico da Educação Física na Escola. Desde então, tornou-se referência e ponto de encontro de pesquisadores, professores e acadêmicos de Educação Física do Estado do Rio de Janeiro e de outras regiões do país. Em 2020 e 2021, ocorrendo em dois momentos em função da pandemia causada pela Covid-19, realizamos a Edição número 15 do referido Encontro com o tema: Escola, Educação Física e os impactos do avanço conservador. A comunidade do Instituto de Educação Física tem orgulho desta história e, comemorando os seus 46 anos de existência, traz para este segundo número da Revista Fluminense a entrevista do Prof. Nelson Teixeira de Carvalho, um dos precursores do Encontro Fluminense de Educação Física Escolar e personagem fundamental para a longevidade do evento. Contemplamos ainda as contribuições de nossos convidados que apresentaram suas relevantes contribuições para a 1ª etapa do XV EnFEFE. Assim, o/a leitor/a terá acesso às reflexões da Profª Celi Nelza Zulke Taffarel, a qual realizou a conferência de abertura, abordando o tema central: “Escolarização e avanço conservador”. Maristela Silva e Souza, Gislei José Scapin e Gabriel Vielmo Gomes contribuem com o texto que fundamentou sua participação na Mesa “Educação Física Escolar e a Base Nacional Comum Curricular”, juntamente com o Professor Tiago Nicola Lavoura, cujo texto referência também se encontra nesta edição. Para o debate sobre a “Educação Física Escolar: pistas para um novo contexto”, o XV EnFEFE contou com a participação dos Professores José Carlos Vieira Jr, Nathália Barros e Leandro Martins Costa. Os artigos referências para as respectivas contribuições poderão ser acessados neste número. Concluindo as produções referentes ao XV EnFEFE, apresentamos o “Relato de Experiência da Avaliação das Mesas Centrais do XV EnFEFE”, elaborado pela comissão de Avaliação do evento constituída pelos Professores Elizandra Garcia da Silva, Gilbert Coutinho Costa e Vera Lúcia Pereira Diniz. Compõem ainda esta edição da Revista Fluminense de Educação Física o resumo da Tese de Doutorado  “Limites e Possibilidades da Formação Docente e a Educação Inclusiva: Experiências no Curso de Licenciatura em Educação Física na Universidade Federal Fluminense”, de Michelli Silva Sousa Agra Amorim - egressa da Especialização em Educação Física Escolar - e da Dissertação de Mestrado “Atuação Docente em Educação Física Escolar na Educação de Jovens e Adultos: um Convite a Ampliar as Ações de Promoção da Saúde”, de Júlio Cesar Gomes da Costa  - egresso da Licenciatura em Educação Física. 

    E, sendo 2021 o ano do centenário de nascimento de Paulo Freire, não poderíamos deixar de trazer uma menção ao patrono da educação brasileira. Acreditando que questionar o status quo auxilia a desmobilizar o avanço conservador, os leitores e leitoras encontrarão a resenha realizada pela Professora Cintia de Assis Ricardo da Silva, da obra “Por uma Pedagogia da Pergunta” (de Paulo Freire com Antonio Faundez).

    Convidamos à leitura e ao diálogo, assim como a publicarem conosco.

    Créditos da capa:

    * Arte:  Micheli Ghiggi. Foto de fundo: acervo de Neyse Muniz (fundo – Anais de EnFEFEs anteriores); foto em destaque: acervo de Rosa Malena Carvalho (foto no final do XV EnFEFE, em 2015).

     

  • Pesquisas e experiências interrogam o hegemonicamente associado à educação física
    Vol. 4 Núm. 1 (2023)

                        PESQUISAS E EXPERIÊNCIAS INTERROGAM O HEGEMONICAMENTE                                                                                           ASSOCIADO À EDUCAÇÃO FÍSICA

     

    Dois mil e vinte e dois ficará demarcado pelas dificuldades de diferentes naturezas no contexto brasileiro. Significou o terceiro ano de uma pandemia provocada pela covid-19 e, especialmente em nosso país, vivenciamos o desmonte do Estado, a extinção dos direitos sociais duramente conquistados ao longo do século XX, com o abandono e a precarização da vida de milhões de brasileiros e brasileiras. Ataques estes implementados por forças conservadoras, grupos aliados do exaurido governo que se recusou a admitir a derrota eleitoral em processo transparente e reconhecidamente democrático.

    Relevante registrar que o período também marcou o bicentenário da Proclamação da Independência do Brasil.

    Marcos que estão extremamente interligados, pois a forma de coordenar a vida pública, o lidar com o contexto pandêmico, pelo governo federal; assim como o destaque que deu às comemorações da Independência, trazendo de Portugal o coração do Imperador D, Pedro I, como as mídias anunciaram, sinalizam uma cultura política em que o hegemônico – que explora, mata e sucateia – é historicamente valorizado e mantido pela elite econômica desse país.

    Ao mesmo tempo, os resultados das urnas para a nova gestão federal, por meio das eleições realizadas em outubro de 2022, apesar das muitas contradições expostas, também indicam que outras possibilidades foram pleiteadas pela população brasileira. Ainda que o ano de 2022 tenha finalizado com novas ações governamentais para sucatear as IES Públicas, com bloqueios de repasses financeiros e suspensão de bolsas acadêmicas da CAPES e CNPQ, por exemplo, a Academia Brasileira se recusa morrer e, inserida nela, a Revista Fluminense de Educação Física robustece o movimento de resistência.

    Publicar as pesquisas na área da Educação Física, explorando seus aspectos pedagógicos, históricos, políticos, culturais, de promoção da saúde/qualidade de vida, biodinâmicos; em diálogo com urgências e as demandas sociais; objetivando beneficiar os e as formados/as nessa área, expressa os maiores compromissos desse Periódico.  

    Esse Editorial, ao apresentar a edição que privilegiou publicações de pesquisas e experiências que compartilharam estudos, análises, propostas, comentários, relatos, práticas e atividades que foram ou estão sendo desenvolvidas em escolas e demais espaços sociais, sejam formais ou informais, que interroguem o hegemônico, almeja trazer alguns registros do ano de 2022, no que se refere ao trabalho do intelectual (orgânico ??) da Educação Física.

    Assim, vemos as pesquisas enquanto fruto de um contexto, com indagações e contradições de diferentes naturezas. Ao mesmo tempo, o por nós pesquisado pode percorrer diversos caminhos, quando se trata de dialogar com a realidade social. Indagando as condições hegemônicas que marcam e tensionam a Educação Física, através dessa edição, a Revista Fluminense de Educação Física convocou pesquisadores a socializar novos conhecimentos gerados em tempos tão conturbados como os que vivemos recentemente.

    Nesse sentido, fazemos o convite à leitura de três diferentes artigos, um ensaio, dois relatos de experiências e uma entrevista (encomendada pela equipe editorial).

    Aos autores e autoras desse rico acervo, nossos agradecimentos pela confiança em aguardar a publicação, fora da data prevista. Enquanto equipe editorial, de um Periódico vinculado à Instituição Pública Federal, também vivemos as contradições e antagonismos de uma realidade ainda distante da plenitude de práticas democráticas.

    Mas também avançamos e, nesse número, iniciamos as publicações em Português e em Espanhol.

    Sigamos na luta!

    Boa leitura!

                                                                              Equipe Editorial da Revista Fluminense de Educação Física

     

    * Arte e acervo de imagens da Capa: Rosa Malena Carvalho