Dialogando com Freire e Foucault

a interdição do corpo na educação e os limites do ensino da linguagem

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/resa2021.v14iesp..a51040

Palavras-chave:

Paulo Freire. , Michel Foucault., ensino da linguagem, docilização do corpo., interdição do corpo

Resumo

Este ensaio tem como objetivo pôr em diálogo a teorização do corpo nos estudos de Michel Foucault e Paulo Freire a fim de obter-se uma maior claridade acerca das relações de poder que estabelecem a língua como um discurso do poder em instituições e mercados linguísticos vinculados à normatividade interditória da criatividade comunicativa humana. A partir desse diálogo, buscamos reconhecer possibilidades para a realização do ensino da língua/gem nas escolas de modo que se possa catalisar o “inédito viável” da tolerância linguística numa sociedade democrática marcada pela desigualdade social extrema, como o Brasil, imaginando condições dentro e fora das escolas para que se pense na inclusão social de corpos e das linguagens que o representam.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sandro R. Barros, Michigan State University, Michigan

Sandro R. de Barros. É professor em currículo em instrução no Departamento de Formação de Professores na Michigan State University (MSU). Doutor em Letras e Literatura Comparada pela University of Cincinnati, OH, EUA. Interesses de pesquisa: práxis pedagógica de Paulo Freire no campo da educação de línguas, currículo e instrução multilíngue, linguística crítica aplicada. 

Miriam F. Brighente, Eastern Michigan University, Michigan

Miriam Furlan Brighente. Trabalha como associada do programa comunitário SEMIS Coalition na Eastern Michigan University (EMU). Estudante de doutorado em Educação Urbana na EMU. Doutora em Educação pela PUC-PR. Interesses de pesquisa: práxis pedagógica de Paulo Freire, feminismo interseccional e transnacional e educação comunitária (place-based education).  

Referências

AGUIAR, V. Um balanço das políticas do governo Lula para a educação superior: continuidade e ruptura. Rev. Sociol. Polit., v. 24, n. 57, p. 113-126, 2016. doi: 10.1590/1678-987316245708

ANDRADE, O. Manifesto antropófago e outros textos. São Paulo: Companhia das Letras. 2017.

BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, e como se faz. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.

BAGNO, M; RANGEL, E de O. Tarefas da educação lingüística no Brasil. Rev. Brasileira de Lingüística Aplicada, v. 5, n. 1, 2005. doi: 10.1590/S1984-63982005000100004

BAUER, L; TRUDGILL, P (1998). Language myths. New York: Penguin Books.

BAUMAN, R; BRIGGS, C L. Voices of modernity: language ideologies and the politics of inequality. Cambridge University Press, 2003.

BAGNO, M. A norma oculta: língua e poder na sociedade brasileira. São Paulo: Parábola, 2006.

BORGES, V. A reconstrução de uma ética pedagógica libertadora à luz de Paulo Freire. Curitiba: CRV, 2021.

BOURDIEU, P. Language and symbolic power. Malden, MA: Polity Press, 2005.

BOURDIEU, P. Habitus and field: general sociology. Volume 2, Lectures at the Collège De France (1981-1982). English ed. Cambridge, UK; Medford, MA, USA: Polity, 2020.

BUBER, M. Eu e tu. São Paulo: Centauro, 2001.

CANAGARAJAH, A S. Translingual practice: global englishes and cosmopolitan relations. London, UK; New York, USA: Routledge, 2013.

DOWBOR, F F. Quem educa marca o corpo do outro. CARVÁLHO, S.; LUPPI, D (Org.). São Paulo: Cortez, 2008.

ESPINOSA, B de. Tratado da reforma da inteligência. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1966.

DOS SANTOS, T G F (Org.). Desconstruindo Paulo Freire. Porto Alegre: História Expressa, 2017.

FAIRCLOUGH, N. Language and Power. Abingdon, Oxon: Routledge, 2013.

FARACO, C A. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola, 2008.

FARACO, C A. Polêmica Vazia. Gazeta do Povo, 18 mai. 2007. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/polemica-vazia-4etbso9uhn84b75zwtmzspp3i/. Acessado em 26 julho 2020.

FENDLER, L. Michel Foucault. New York;London: Continuum. 2010.

FIORI, E M. Prefácio: Aprender a dizer a sua palavra. In: FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005, p. 7-22.

FREIRE, A M A. Analfabetismo no Brasil: da ideologia da interdição do corpo à

ideologia nacionalista, ou de como deixar sem ler e escrever desde as Catarinas (Paraguaçu),

Filipas, Madalenas, Anas, Genebras, Apolônias e Grácias até os Severinos. São Paulo: Cortez,

a.

FREIRE, P; SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e

Terra, 1986.

FREIRE, P. Entrevista concedida ao International Literacy Institute. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aFWjnkFypFA. Acessado em: 24 de julho de 2021.

FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao

pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Centauro, 2001a.

FREIRE, P. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olha

d’água, 2001b.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

FREIRE, P. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d’água, 2003a.

FREIRE, P. Educação e atualidade brasileira. São Paulo: Cortez, Instituto Paulo Freire, 2003b.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

FREIRE, P. Pedagogia da esperança. São Paulo: Paz e Terra, 2009.

FREIRE, P. Educação e mudança. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

FREIRE, P; SHOR, I. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e

Terra, 2013.

FREIRE, P; MACEDO, D. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.

FOUCAULT, M. The Foucault reader. New York: Pantheon Books, 1984.

FOUCAULT, M. História da sexualidade 1: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1999.

FOUCAULT, M. Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009a.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Rio de Janeiro: Vozes, 2009b.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2010.

GIMBO, F. Emancipação intelectual e democracia: para uma filosofia crítica da educação a partir de Jacques Rancière e Paulo Freire. Griot: Revista de Filosofia, Amargosa, Bahia, v.16, n.2, p.270-284, 2017.

GOULART, N. As lições do livro que desensina. Veja, 20 maio de 2011. Disponível em: https://veja.abril.com.br/educacao/as-licoes-do-livro-que-desensina/. Acessado em 24 julho 2020.

KRAMER, D. Por uma vida pior. O Estado de São Paulo, 17 de maio de 2011. Disponível em: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,por-uma-vida-pior,720286. Acessado em 24 julho 2020.

MACIEL, L S B; NETO, A S. A educação brasileira no período pombalino: uma análise histórica das reformas pombalinas do ensino. Educação e Pesquisa, v. 32, n. 3, pp. 465-476 , 2006.

MAKONI, S; & PENNYCOOK, A. Disinventing and reconstituting languages. UK; USA; Canada: Multilingual Matter Ltd, 2006.

MIGNOLO, W. Desobediencia epistémica: retórica de la modernidad, lógica de la colonialidad y gramática de la descolonialidad. Buenos Aires, Argentina: Ediciones del Signo, 2010.

MERLEAU-PONTY, M. Phenomenology of perception. New York: Taylor & Francis, 2013.

MOEHLECKE, S. As políticas de diversidade na educação do governo Lula. Cadernos de Pesquisa, v. 39, n. 137, p.461-487, 2009.

ORTEGA Y GASSET, J. Meditaciones del Quijote. Connecticut: Martino Fine Books, 2012.

POPPER, K R. The open society and its enemies. Princeton, N. J: Princeton University Press, 2020.

RAMOS, H C. Por uma vida melhor [Coleção Viver, aprender]. São Paulo:

Ação Educativa/Global, 2009.

RANCIÈRE, J. O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

RYMES, B. How we talk about language: exploring citizen sociolinguistics. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2020.

ROUSMANIERE, K; SOBE, N W. Education and the body: introduction, Paedagogica Historica, v. 54:n. 1-2, p. 1-3, 2018. doi: 10.1080/00309230.2017.1409774

RUFINO, L. Pedagogia das Encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2019.

SANDLIN, A.; SCHULTZ, B.D.; BURDICK, J. Handbook of public pedagogy: education and learning beyond schooling. New York: Routledge, 2010.

SANTOS, C X. Estudo sobre o ensino da análise linguística na última década: panorama do impacto da virada pragmática no livro didático de português. 2015. 159 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos) - Faculdade de Letras da UFMG, Belo Horizonte, 2015.

VIEIRA, S R. Gramática, variação e ensino diagnose e propostas pedagógicas. São Paulo: Blucher, 2018.

WIEDEMER, M L Da sociolinguística variacionista à sociolinguística cognitiva: panorama e perspectivas. Revista Philologus, Ano 20, n. 58. Rio de Janeiro: CIFEFIL, 2014.

Downloads

Publicado

2021-12-14

Como Citar

Barros, S. R., & Brighente, M. F. (2021). Dialogando com Freire e Foucault : a interdição do corpo na educação e os limites do ensino da linguagem. Ensino, Saude E Ambiente, 14(esp.), 49-78. https://doi.org/10.22409/resa2021.v14iesp.a51040